Por que Stálin executou tantos comandantes do Exército Vermelho durante a Segunda Guerra Mundial?

Russia Beyond (Foto: Domínio público)
Muitos generais foram acusados infundadamente de “covardia” e “alarmismo” e foram imediatamente enviados para o cadafalso. No total, o ditador soviético executou quase 500 altos comandantes militares, decapitando, assim, o enorme Exército Vermelho de quase 5 milhões de pessoas. Absolutamente todos os generais reprimidos foram reabilitados postumamente após a morte de Stálin.

O início catastrófico da guerra contra a Alemanha nazista chocou a sociedade soviética. Supunha-se que o Exército Vermelho iria facilmente deter e empurrar o inimigo de volta ao seu território. Em vez disso, os russos sofreram derrotas pesadas e tiveram que deixar enormes territórios ao inimigo.

Alguém teve que responder pelos fracassos, e o secretário-geral da URSS Ióssif Stálin imediatamente começou uma “caça às bruxas” nas Forças Armadas do país. Centenas de comandantes militares soviéticos foram presos e executados por fuzilamento sob a acusação de “covardia”, “alarmismo” e “abandono de pontos estratégicos sem permissão do comando”.

O maior golpe foi desferido no comando da Frente Ocidental, que foi derrotado durante a batalha de Bialystok-Minsk em junho e julho de 1941. O comandante da frente, o chefe do Estado-Maior, o chefe das comunicações, o chefe da artilharia, o comandante da força aérea da frente e vários outros líderes militares foram executados.

No entanto, as repressões contra os generais tinham começado ainda antes da guerra; muitos foram acusados infundadamente da “conspiração antissoviética” durante o Grande Expurgo de Stálin, quando o líder soviético tentou se livrar de todos os potenciais oponentes políticos no país.

A esmagadora maioria das execuções do alto comando ocorreu durante o período mais difícil para a URSS, em 1941 e 1942. Após a morte de Stálin, todos os líderes executados, sem exceção, foram reabilitados postumamente.

Russia Beyond relembra os altos comandantes soviéticos que se tornaram vítimas das repressões em massa:

1. O chefe do Estado-Maior da Frente Noroeste, tenente-general Piotr Klenov, foi preso após a tentativa fracassada das tropas soviéticas de conter o avanço da Wehrmacht nos Estados Bálticos no início da guerra. Klenov foi acusado de participar de uma “organização trotskista de direita” e de “mostrar inatividade na liderança das tropas distritais”. Em 23 de fevereiro de 1942, o líder militar foi executado por fuzilamento.

Piotr Klenov

2. Após a derrota das principais forças da Frente Ocidental na batalha de Bialystok-Minsk em junho e julho de 1941, o comandante da frente, general do exército Dmítri Pavlov, e vários líderes militares subordinados foram presos sob a acusação de “covardia, abandono não autorizado de pontos estratégicos sem autorização do alto comando, queda do comando e controle e inércia”.

Dmítri Pavlov (esq.)

Em 22 de julho de 1941, Pavlov foi fuzilado junto com o chefe de gabinete, major-general Vladímir Klimovskikh, com o chefe das comunicações da frente, major-general do corpo de sinalização Andrei Grigoriev, e com o comandante do 4º Exército, Aleksandr Korobkov.

3. O chefe da artilharia da Frente Ocidental, tenente-general Nikolai Klitch, foi acusado de “inatividade criminosa e negligência, em consequência da qual a artilharia do distrito não estava preparada para operações de combate nos primeiros dias da guerra, que levou ao fato de que a maior parte da artilharia da Frente Ocidental e munições caíram nas mãos do inimigo”. Em 16 de outubro de 1941, Nikolai Klitch foi executado por fuzilamento.

Nikolai Klitch

4. Após o suicídio no primeiro dia da guerra do comandante da Força Aérea da Frente Ocidental, major-general Ivan Kopts, o cargo foi assumido por seu vice, major-general de aviação Andrei Taiúrski. Porém, já em 2 de julho, ele foi afastado e acusado da inatividade que levou às pesadas perdas das tropas. Em 23 de fevereiro de 1942, Taiúrski foi executado.

Andrei Taiúrski

5. O comandante da 118ª divisão do Exército Vermalho, major-general Nikolai Glovátski, foi acusado de retirar tropas para o outro lado do rio Velíkaia durante as batalhas por Pskov em julho de 1941 sem ordem escrita do comandante do 41º corpo de fuzileiros, major-general Ivan Kosobutski. Glovátski afirmou ter uma ordem verbal para fazer isso, mas Kosobutski não confirmou o fato. Em 3 de agosto do mesmo ano, o líder militar foi fuzilado.

Nikolai Glovátski

6. No início de 1941, o major-general da aviação Aleksandr Fílin criticou duramente os funcionários responsáveis pela indústria de aviação soviética. Em 23 de maio Fílin foi preso e acusado de “sabotagem” e “agitação e propaganda antissoviética”. Em 23 de fevereiro de 1942, Fílin foi executado.

Aleksandr Fílin com sua família.

7. Nos primeiros dias da guerra, o 14º corpo mecanizado lutou na área das cidades de Brest e Kobrin e sofreu pesadas perdas de pessoal e equipamentos. Em 8 de julho, o comandante do corpo, major-general Stepan Obôrin, foi preso. “Por atitude criminosamente negligente em relação aos deveres oficiais, resultando na destruição de pessoal e bens”, o líder militar foi condenado à pena capital e fuzilado em 16 de outubro de 1941.

Stepan Obôrin

8. O professor da Academia de Artilharia, major-general Makári Petrov, foi preso em 30 de junho de 1941 como “antissoviético” e “participante de uma conspiração militar antissoviética”. Em 13 de fevereiro de 1942, foi condenado à morte. Dez dias depois, a sentença foi executada.

Makári Petrov

9. O vice-chefe do Estado-Maior da Força Aérea do Exército Vermelho, major-general de aviação Pável Iussupov, foi preso em 17 de junho de 1941, apenas cinco dias antes do início da guerra contra a Alemanha nazista. Ele foi acusado de participar de uma conspiração antissoviética e foi executado em 23 de fevereiro de 1942.

Pável Iussupov

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