Stálin aprovaria o conhecido Plano Geral para a Reconstrução de Moscou, implantado a partir de 1935, mas as mudanças na capital russa já haviam começado. As vias começaram a ser alargadas, enquanto edifícios antigos e “perturbadores” foram impiedosamente derrubados.
Em particular, quase toda muralha da fortaleza de Kitai-gorod foi demolida. A fortificação havia sido construída em torno do centro de Moscou no século 16.
A foto abaixo mostra as ruas de Moscou sendo pavimentadas após a demolição do muro.
As linhas de trólebus foram lançadas em Moscou no ano anterior.
No entanto, a capital russa ainda não era uma grande metrópole. Os lugares do atual centro expandido eram, naquela época, somente subúrbios. Eis aqui a pitoresca área verde onde fica hoje o estádio Lujniki.
O metrô de Moscou só abriria no ano seguinte, mas, em 1934, ocorreu um evento que marcou época — o teste do primeiro trem do metrô.
Lazar Kaganovitch (ao centro) foi o colega de Stálin responsável pela construção do metrô. Do início até 1955, o metrô da capital levava seu nome.
A primeira metade dos anos 1930 foi marcada pelo início de uma industrialização intensa na URSS. Com isso, também veio a romantização do trabalho e das grandes conquistas, embora o movimento stakhanovista só aparecesse no ano seguinte. Na foto abaixo, um mineiro posando na fábrica.
A eletrificação do país também progredia a passos largos; linhas elétricas e postes se tornaram novos detalhes paisagísticos que inspiravam fotógrafos.
Embora hoje seja conhecida como a fábrica do ‘Moskvich’, lá nos anos 1930 era chamada de Fábrica de Montagem de Automóveis de Moscou ‘KIM’ (Internacional Comunista Juvenil). Em suas instalações, eram montados carros GAZ com peças soviéticas.
O Dia do Trabalho, em 1º de maio, foi comemorado com pompa na Praça Vermelha de Moscou.
O 17º Congresso do Partido Comunista da União Soviética (bolcheviques), no início de 1934, foi oficialmente chamado de “Congresso dos Vencedores” e proclamou os resultados bem-sucedidos dos primeiros cinco anos de industrialização. Mais tarde, porém, mais da metade dos delegados seriam presos ou executados. A foto abaixo mostra a presidência do congresso.
No ano de 1934, o Gulag (sistema de campos de trabalho forçado) já estava em funcionamento; no ano anterior, o Canal Mar Branco-Báltico tinha sido construído por prisioneiros em tempo recorde e outros grandes projetos de construção estavam em curso. Mas ainda não havia repressões em massa. A foto abaixo mostra prisioneiros em uma colônia penal perto de Tcheliabinsk.
Em 1º de dezembro de 1934, Serguêi Kirov, chefe do partido em Leningrado e figura do círculo de Stálin, foi assassinado. Acredita-se que o seu assassinato foi a razão para o início do chamado “Grande Expurgo” de Stálin ou, simplesmente, da repressão em massa na URSS. Na foto abaixo, vê-se Ióssif Stálin e Andrei Jdanov no funeral de Kirov.
Outro importante evento em 1934 foi o Primeiro Congresso da União dos Escritores Soviéticos. Seu presidente honorário foi Maksim Górki, o principal escritor proletário do país e uma figura cult na época. Em vida, ruas e parques foram nomeados em sua homenagem – até mesmo a sua cidade natal, Níjni Nôvgorod, inteira acabou sendo renomeada como Górki.
Outra estrela do mundo literário em 1934 foi o escritor Mikhail Chôlokhov. Naquela época, três volumes de seu famoso romance sobre a Guerra Civil, ‘O Don Silencioso’, já haviam sido publicados e o país aguardava ansiosamente o final (que viria a ser lançado apenas em 1940). Diz-se que o livro foi lido e aprovado pessoalmente por Stálin, apesar de o protagonista nunca ter aderido totalmente aos bolcheviques.
Em 1934, o escritor britânico George Wells visitou a URSS pela terceira vez e foi recebido como um convidado de honra.
Muitos estrangeiros simpatizantes do socialismo e de Stálin visitaram a Moscou soviética. Na foto abaixo, atores do estúdio Mosfilm (a estrela Liubov Orlova, ao centro) posam com o escritor comunista francês Henri Barbusse.
Na década de 1930, a União Soviética explorava ativamente o Ártico. No verão de 1933, o navio a vapor Tcheliuskin partiu em uma expedição ao longo da Rota do Mar do Norte, porém ficou preso no gelo e permaneceu à deriva com toda a tripulação durante quase cinco meses.
Em 13 de fevereiro de 1934, o navio afundou, mas os passageiros conseguiram evacuar. Eles sobreviveram no bloco de gelo durante dois meses, enquanto uma operação de resgate era colocada em prática. Os pilotos realizaram 23 voos, levando mais de cem tripulantes do Tcheliuskin de volta ao continente.
Em Moscou, os tripulantes resgatados foram solenemente recebidos com flores já na estação e uma recepção cerimonial também aconteceu na Praça Vermelha. Os pilotos que resgataram a tripulação tornaram-se as primeiras pessoas na história a receber os prêmios de “Herói da União Soviética”.
Muitas crianças soviéticas sonhavam em se tornar pilotos, e clubes de modelagem de aeronaves começaram a brotar por todos os cantos.
A propósito, em 1934, a URSS ainda não se tinha transformado em um país puritano. Ver uma jovem tomando banho de sol com maiô transparente, como na foto abaixo, era comum.
Na verdade, as mulheres na URSS estavam assumindo uma posição mais igualitária na sociedade, além de muitos empregos que antes eram considerados “masculinos”. Surgiram várias jornalistas e fotógrafas, cobrindo tanto canteiros de obras quanto grandes eventos esportivos. O famoso fotógrafo Aleksandr Ródtchenko é o autor do clique abaixo: ‘Três repórteres: Krasniávskaia, Elizaveta Ignatôvitch e Evguênia Lemberg’.
A saúde física do povo também recebia atenção especial. Afinal, o construtor do comunismo tinha de ser forte e resistente. A foto abaixo mostra o treinamento físico em um acampamento de verão do Exército Vermelho.
Esta famosa foto de Aleksandr Ródtchenko, intitulada “Pule na água”, foi tirada em 1934 no estádio do Dínamo, em Moscou.
As crianças na URSS tinham educação física desde cedo.
No verão faziam exercícios, nadavam e praticavam jogos diversos, enquanto no inverno esquiavam e patinavam no gelo.
Vejamos mais algumas fotos do cotidiano soviético comum. Abaixo estão estudantes em uma aula na Universidade Estatal de Moscou.
O treinamento de cães de serviço no Exército Vermelho.
A década de 1930 foi também o período de coletivização ativa da agricultura. Os termos ‘kolkhoz’ (fazenda coletiva) e ‘kolkhoznik’ (seus membros) entraram na língua. Eis abaixo agricultores coletivos em um campo de feno.
Muitos fotógrafos soviéticos começaram a tirar fotos da vida em fazendas coletivas. A foto abaixo mostra camponeses voltando para casa após trabalho em terras públicas.
Hora do chá em uma casa rural. Apesar de todas as campanhas contra a religião, ícones ainda podem ser vistos pendurados no casebre abaixo.
Harmonista se apresentando no Cáucaso.
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