O ano começou com notícias tristes para o país recém-formado – Vladímir Lênin, o líder da revolução, faleceu em 21 de janeiro.
O corpo de Lênin foi transportado de sua propriedade em Górki, perto de Moscou, a bordo de um trem funerário para capital.
Muitas pessoas se reuniram em Górki para o último adeus.
Assim como multidões inundaram Moscou para a cerimônia de despedida.
No dia do funeral, em 27 de janeiro, a cidade registrou temperaturas brutais abaixo de zero. Basta olhar para o “gélido” Féliks Dzerjinski, chefe da polícia secreta.
No início, foi construído um mausoléu temporário para o corpo embalsamado de Lênin.
Em maio de 1924, outro mausoléu de madeira foi erguido no lugar do temporário.
Imediatamente após a morte de Lênin, São Petersburgo — que na época, era Petrogrado, como foi renomeada após a eclosão da Primeira Guerra Mundial — acabou sendo novamente rebatizada: Leningrado, em memória do líder revolucionário. Em setembro, houve uma grande enchente na cidade, e os moradores tiveram até que usar barcos.
Abaixo se vê Moscou em 1924. Carruagens, chão de pedra, e muitos pedestres. À direita está o hotel Metropol, construído no início do século 20 em estilo Art Nouveau e que existe ainda hoje. A rua (Teatralny Proezd), que ficou mais larga, é atualmente tomada por constantes engarrafamentos.
O mercado Sukharevski virou uma relíquia da Moscou pré-revolucionária. Em pouco tempo, surgiu uma estrada pavimentada, e a Torre Sukharevskaia (vista no canto superior esquerdo) acabou sendo demolida dez anos depois.
Com a chegada do poder soviético, a Praça Vermelha tornou-se palco de grandes manifestações e desfiles. As autoridades costumavam estimular hábitos saudáveis, uma vez que os construtores do comunismo deveriam ser fortes e fisicamente resistentes. Não é à toa que a foto abaixo mostra um dos tantos desfiles exaltando a educação física.
Também veio uma noção diferente de liberdade. Surgiu a sociedade ‘Abaixo a Vergonha’, que lutava contra os “preconceitos burgueses”, pela liberdade sexual e corporal, promovia praias de nudismo e até desfiles nus pela Praça Vermelha de Moscou. Eis abaixo uma ativista do movimento.
Jovens apresentam uma nova forma de arte, a chamada “dança sintética”.
Enquanto isso, foi introduzido o costume de pequenos intervalos para exercícios físicos em fábricas, escolas, escritórios, hospitais, balneários e até em navios a vapor, como na foto abaixo.
A propaganda soviética também se concentrou mais na educação das crianças, em seus cuidados e nutrição adequados.
Em 1922, fundou-se a organização “Pioneiros” (escoteiros). Depois da morte de Lênin, ela foi nomeada em sua homenagem. E, em maio de 1924, a Praça Vermelha sediou o primeiro desfile de pioneiros.
O número de órfãos e crianças sem-abrigo era alarmante após a Guerra Civil. Com isso, muitos orfanatos e escolas educacionais para órfãos foram criados pelo governo soviético nessa época.
As autoridades também iniciaram a tarefa de eliminar o analfabetismo. Escolas gratuitas para crianças e adultos foram abertas em massa, e os trabalhadores eram ensinados a ler e escrever. Havia até mesmo “cabanas” de leitura e bibliotecas em aldeias menores.
A foto abaixo, por exemplo, foi tirada em uma biblioteca municipal na cidade de Tcheliábinsk, nos Urais.
A liderança bolchevique percebeu cedo a importância da cinematografia. Em 1924, foi lançado o filme ‘Red Partisans’, mostrando as atrocidades dos monarquistas “brancos” durante a Guerra Civil e o valor dos colaboradores “vermelhos” – os partidários, ou partisans.
A década de 1920 foi a época da vanguarda e da nova política econômica. A foto abaixo traz o principal fotógrafo de vanguarda, Aleksandr Rôdtchenko, em uma roupa desenhada por sua esposa, a artista Varvara Stepánova.
Esta foto do poeta Serguêi Iessênin foi tirada um ano antes de sua trágica morte.
E abaixo vê-se Vladímir Maiakóvski, outro poeta muito popular, aqui retratado no auge de sua fama (compare com a foto dele de dez anos atrás; nela, ele parece mais estiloso e descolado).
Lília Brik (abaixo) foi a lendária musa de Maiakóvski e também símbolo sexual da arte de vanguarda.
Inclusive, foi uma foto famosa de Brik que Aleksandr Rôdtchenko usou para criar o pôster de propaganda abaixo.
Muitos estrangeiros visitaram a Moscou soviética. Neste encontro com o escritor japonês Tamizi Naito, estão o diretor de cinema Serguêi Eisenstein (segundo à direita), Boris Pasternak (extrema esquerda) e Maiakóvski.
Anna Akhmátova, a estrela da Era de Prata da poesia russa.
Mas não houve conquistas somente nas artes e nas esferas sociais. Em 1924, foi produzido o primeiro caminhão soviético.
Nessa época, a fábrica Krásni Putílovets produziu o primeiro trator soviético.
Vejamos também algumas fotos aleatórias de cidades e pessoas comuns. Abaixo vê-se um pavilhão comercial em Níjni Nôvgorod.
Antes da Revolução Bolchevique de 1917, Níjni Nôvgorod era famosa pelas feiras comerciais em grande escala. A tradição continuou na URSS. Em 1924 aconteceu a 3ª Feira Soviética de Níjni Nôvgorod.
Soldado do Exército Vermelho fazendo manobras em um balão de ar quente.
Trabalhadores consertando um avião em uma oficina.
Família de Moscou curtindo piquenique com chá quente.
Camponesa semeando.
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