São Petersburgo não foi construída em um pântano!

O tsar russo Pedro, o Grande, escolheu o delta do rio Neva para a construção de São Petersburgo. Este rio conecta o Lago Ladoga – o segundo maior lago da Rússia – com o Mar Báltico. Entre os séculos 8 e 13, o rio Neva hospedou a rota comercial “dos varegues aos gregos”, ou seja, da Escandinávia ao Império Bizantino.

Na língua finlandesa, “Neva” significa “pântano”. Talvez tenha vindo daí a ideia de que a cidade às margens do Neva seria “uma cidade sobre um pântano”.

Plano do cerco da Fortaleza de Nyenschantz em 1703 pelas tropas russas. Gravura de 1861.

Domínio público

No entanto, este território foi habitado desde os tempos antigos – e é improvável que as pessoas se instalassem no meio de um pântano. Primeiro, o povo fino-úgrico viveu aqui; depois, os eslavos orientais.

Mais tarde, a ocupação dessas terras se alternou repetidamente entre russos e suecos. O território parou de mudar de mãos durante a Grande Guerra do Norte (1700-1721), quando Pedro, o Grande, finalmente ocupou o local, em 1703. Antes de São Petersburgo, a cidade sueca de Nyen e sua principal fortaleza, Nyenschantz, ficavam onde o rio Okhta deságua no rio Neva.

Depois de conquistar Nyenschantz, Pedro deu as terras de Okhta aos construtores para que se estabelecessem ali. Ele fundou sua própria fortaleza – a Fortaleza de Pedro e Paulo – em um lugar estrategicamente importante, na Ilha Záiatchi, no local mais largo da foz do rio Neva. Desta fortaleza, pode-se controlar as águas navegáveis de duas de suas maiores vias fluviais.

Mapa de São Petersburgo em 1705. Reconstrução histórica da década de 1850.

Domínio público

Assim, as margens dos braços do Neva eram realmente pantanosas e cobertas de juncos. Durante a construção, os cais foram erguidos, reforçados com estacas e escoras e revestidos de granito. O curso do rio Neva também foi limpo e aparado.

Vista da Fortaleza de Pedro e Paulo e do passeio Dvortsovi. Fiódor Alekseiev.

Museu Russo

Também havia áreas pantanosas nas ilhas de São Petersburgo: na Ilha Vassilievski, na Ilha Krestovski, bem como na área que hoje é ocupada pelo Jardim de Verão e perto da Avenida Nevsky.

Para drenar esse território, foram cavados canais, e os pequenos rios e riachos ficaram cheios de terra. Aliás, a moderna Praça Vosstaniya era um dos lugares mais secos e havia uma densa floresta perto dela.

As inundações causaram muito mais problemas para a capital do que os pântanos. A cidade fica na planície de Prinevskaia. Os distritos centrais de São Petersburgo estão apenas entre 1 e 5 metros acima do nível do mar. Um vento oeste do Golfo da Finlândia sempre leva ao aumento do nível da água no rio Neva.

7 de novembro de 1824 na praça do Teatro Bolshoi de São Petersburgo.

Museu Russo

As inundações mais destrutivas ocorreram ali em 1824, quando a água subiu a 421 centímetros, e em 1924, quando subiu a 380 centímetros. O problema foi resolvido apenas no século 21, quando foi colocado em funcionamento um complexo de 11 barragens, com extensão total de 23,4 quilômetros. Sua construção se estendeu por mais de 30 anos, até 2011.

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