Que armamentos estrangeiros a URSS usava durante a Segunda Guerra Mundial?

História
BORIS EGOROV
Os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e o Canadá transferiram dezenas de milhares de unidades de diversos equipamentos militares e civis para a URSS como assistência militar: tanques, veículos blindados de transporte de pessoal, caças e bombardeiros, navios, caminhões e veículos do exército. Esses equipamentos não se tornaram a principal força de ataque do Exército Vermelho, mas deram uma contribuição significativa para alcançar a vitória sobre a Alemanha nazista na Frente Oriental.

Tanques

No âmbito do programa Lend-Lease, os Aliados Ocidentais forneceram à União Soviética mais de 10 mil tanques durante a guerra: os britânicos Matilda, Cromwell, Tetrarch, Churchill e Valentine; e os americanos Sherman, Stuart e Lee. Esses veículos blindados participaram dos combates contra os alemães perto de Moscou, em Stalingrado, na região de Kursk e em Berlim.

Os tanquistas soviéticos valorizavam os veículos blindados ocidentais pelo seu nível de conforto, muito maior do que o dos tanques soviéticos. A confiabilidade e as qualidades de combate dos tanques estrangeiros, porém, na maioria das vezes, eram inferiores.

Acima de tudo, os soviéticos gostavam dos tanques britânicos Valentine e dos altos tanques Sherman americanos, que combinavam alta eficácia de combate com condições confortáveis para as tripulações. Esses veículos de combate representaram a maior parte de todas as entregas de veículos blindados à URSS.

Caças

Durante a guerra, a URSS recebeu cerca de 14 mil caças americanos e britânicos. Nem todos eles, porém, foram aquisições valiosas. Muitas aeronaves ocidentais estavam desatualizadas e não podiam lutar em pé de igualdade contra os novos caças Messerschmitts alemães.

As oito metralhadoras do Hawker Hurricane britânico se revelaram tão inúteis que os nazistas chegaram a enviar uma mensagem maliciosa ao lado soviético lhes pedindo que “não riscassem a pintura das asas alemãs”. As armas nesses aviões tiveram que ser trocadas por soviéticas.

O Aircobra americano, ao contrário, agradou aos pilotos soviéticos. Os melhores pilotos da Força Aérea do Exército Vermelho, Grigóri Retchkalov e Aleksandr Pokríchkin conquistaram a maior parte de suas vitórias nesses caças.

Bombardeiros

Os aliados forneceram à União Soviética cerca de 3.700 aviões bombardeiros. A maior parte deles eram aeronaves fabricadas nos EUA, mas havia também duas dúzias de aeronaves britânicas.

Os pilotos soviéticos adoraram os A-20 e B-25 americanos, eficientes, confortáveis e fáceis de pilotar. Eles tiveram um bom desempenho na linha de frente soviética e na aviação naval, bem como na aviação de longo alcance.

Os Hampden britânicos, porém, quase não eram usados. “São caixões, é assustador abordar esses aviões, sem falar sobre voos", escreveu o piloto soviético Aleksandr Gussev.

Veículos blindados de transporte de pessoal

O Exército Vermelho não possuía veículos blindados de transporte próprios, já que eles não foram desenvolvidos na URSS.

Os EUA e a Grã-Bretanha forneceram mais de 6 mil veículos blindados de transporte de pessoal. As semilagartas M2, M5 e M9 eram usadas principalmente para rebocar peças de artilharia, enquanto os britânicos “Universal” e os americanos M3A1 “Scout” foram ativamente usados em ataques de reconhecimento, para capturar cruzamentos importantes e perseguir as tropas alemãs em retirada.

Os veículos blindados "Scout" também eram usados para proteger os carros dos mais altos líderes militares soviéticos.

Navios

A União Soviética também recebeu mais de 500 grandes e pequenos caçadores de submarinos, caça-minas, navios de desembarque, torpedeiros, rebocadores, navios-tanque e navios de carga. Esse navios foram usados em batalhas no Mar Báltico, no Mar do Norte, no Mar Negro e contra os japoneses no Pacífico.

Devido à perda das maiores estaleiras na Ucrânia, os fornecimentos ocidentais se tornaram a fonte mais importante de reabastecimento das forças de superfície da Marinha da URSS. Os navios americanos e britânicos estavam equipados com armamentos que não tinham similares na União Soviética.

Carros

No início da invasão da URSS pela Wehrmacht, as Forças Armadas tinham muitos problemas relacionados à baixa qualidade e à escassez de carros e caminhões.

No âmbito do Lend-Lease, cerca de 400 mil caminhões, tratores, veículos de reparo e recuperação, veículos militares e veículos anfíbios chegaram à União Soviética. 

O papel mais importante foi desempenhado pelos caminhões americanos Studebaker. O Exército Vermelho recebeu cerca de 200 mil desses veículos: “Os [caminhões soviéticos] ZIS eram de dois eixos, não podiam percorrer estradas ruins. Os Studebakers eram veículos realmente todo-o-terreno, tinham tração nas quatro rodas, eram mais manobráveis”, escreveu o tenente do batalhão de morteiros, Pável Gurêvitch.

Outro favorito dos soldados soviéticos era o carro militar Willys. Graças à sua alta velocidade (até 105 km/h), manobrabilidade e pequenas dimensões, era muito popular entre comandantes e oficiais de inteligência.

Motocicletas

Após o início da guerra, devido à evacuação de quase toda a indústria automobilística para a Sibéria, o governo não conseguiu estabelecer rapidamente a produção de motocicletas soviéticas. Com isso, houve uma escassez catastrófica de motocicletas na frente de batalha.

A URSS foi resgatada pelos seus aliados ocidentais. Dentre todos os modelos enviados pelos EUA e Grã-Bretanha, o de maior sucesso foi a Harley-Davidson WLA-42. O Exército Vermelho recebeu 21 mil dessas motocicletas.

O “cavalo de ferro” militar americano se destacou por sua confiabilidade, durabilidade, peças de alta qualidade, grande capacidade de carga, conforto, motor potente e tolerância a gasolina de baixa qualidade.

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