Por que havia poucos sagitarianos e escorpianos na Rússia?

“A alegria de ser pais”, de Kirill Lemokh, 1910 ou antes

“A alegria de ser pais”, de Kirill Lemokh, 1910 ou antes

Kirill Lemokh
Há uma razão específica pela qual tão poucos russos da era tsarista nasciam nos meses de novembro e dezembro.

Os camponeses russos mal conheciam os calendários antes da revolução; simplesmente viviam de acordo com os feriados religiosos e os jejuns. Eles também tinham muito medo de que o padre da aldeia lhes impusesse penitência por não observarem o jejum ou, pior, que os excomungasse da Igreja, por isso tentavam respeitar jejuns e outras regras eclesiásticas.

Em um ano ortodoxo, há quatro grandes Quaresmas: a Grande Quaresma, 48 dias antes da Páscoa (um mês e meio, em março-abril); a Quaresma de Pedro, do 57º dia após a Páscoa a 12 de julho; a Quaresma da Dormição, de 14 de agosto a 27; e a última, Quaresma de Natal, de 28 de novembro a 7 de janeiro.

Nas aldeias russas, a observância dos jejuns era monitorada não só pela Igreja, mas também pela própria comunidade de camponeses. Os forasteiros que visitavam a Rússia ficavam surpresos com o fato de os camponeses não venderem ovos ou leite durante os jejuns. Além disso, segundo a historiadora Elena Senískaia, os viajantes ficavam perplexos com o fato de os russos preferirem morrer de doença a tomar remédios que violassem as regras do jejum. Os médicos russos faziam juramento de não administrar medicamentos que contivessem carne, ovos, leite ou manteiga nos dias de Quaresma.

Porém, acima de tudo, a atividade sexual era estritamente proibida durante todos os jejuns importantes. Portanto, nas vilas russas, o pico de natalidade ocorria em dois meses: junho (crianças concebidas em setembro-outubro, após o jejum da Dormição) e janeiro-fevereiro (crianças concebidas em maio-junho, após a Grande Quaresma). Em meados do verão, período de trabalho intenso no campo, os casos de gravidez eram raros.

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