Quando um piloto soviético abateu um moderno caça a jato alemão com sua hélice

Domínio público
O caça-bombardeiro alemão Me-262 era uma arma inovadora para a época. Foi só no final da Segunda Guerra Mundial que Estados Unidos, Grã-Bretanha e URSS conseguiram criar uma máquina que fosse páreo. Mas os pilotos soviéticos abateram alguns desses modelos.

Os turbojatos da Luftwaffe foram usados ​​com sucesso para interceptar as Fortalezas Voadoras, mas, em manobras de combate, os Me-262 às vezes apresentavam dificuldades. Em 1945, isso foi demonstrado claramente pelos pilotos soviéticos do 176º Regimento de Aviação de Caça da Guarda.

Bombardeiro americano B-24 Liberator abatido por foguetes RM4 de um Me-262

Em 24 de fevereiro, de acordo com a Rossiyskaya Gazeta, durante uma missão de caça livre com o comandante da Guarda Dmítri Titorenko, Ivan Nikítievitch Kojedub foi um dos primeiros da aviação soviética a abater um caça alemão Me-262.

Ivan Kojedub.

Ivan foi um piloto lendário e três vezes Herói da União Soviética, que, durante a Grande Guerra Patriótica, realizou 330 voos militares e abateu 64 aviões inimigos, dos quais um foi o já mencionado jato Me-262. Mas, enquanto a maioria de suas vitórias é confirmada por dados fotográficos e serviços terrestres, no caso do jato Me-262, é preciso confiar apenas nos relatórios dos pilotos. Isso, porém, não é incomum: em meio ao caos do combate, nem sempre acaba sendo possível registrar uma vitória aérea conforme as regras.

Me-262 fotografado em 1945.

De acordo com as lembranças de Ivan, a batalha que marcou época não ocorreu em 24 de fevereiro, mas em 19 de fevereiro. Naquele dia, foi voar livremente em dupla com Titarenko.

Na travessia do Oder, os pilotos avistaram um avião se aproximando rapidamente da direção de Frankfurt am Oder. O caça estava se movendo pelo leito do rio a 3.500 metros acima do nível do mar em uma velocidade bem maior do que La-7s movidos a pistão poderiam atingir.

Aparentemente, o piloto do Me-262 não estava controlando o espaço aéreo em seu hemisfério posterior e abaixo. Kojedub e Titarenko atacaram na direção oposta. Os caças ficaram a 500 metros um do outro. O copiloto de Ivan abriu fogo primeiro no Schwalbe, mas os disparos de seus canhões SWAC falharam.

“Inesperadamente, seus rastros me ajudaram: o avião alemão começou a virar à esquerda, em minha direção. A distância foi drasticamente reduzida e me aproximei do inimigo. Com excitação involuntária, abro fogo. E o avião a jato se desfaz e cai”, escreveu Ivan Kojedub em seu livro “Lealdade à Pátria”.

Momento do abate de um Me-262.

Após a guerra, os historiadores tentaram identificar o piloto do caça abatido. Acreditava-se que Kojedub e Titarenko tivessem atacado o subtenente Kurt Lange do esquadrão nº 54, mas descobriu-se que o piloto alemão caiu ao se aproximar de seu campo de aviação em Giebelstadt, perto de Würzburg, em 15 de fevereiro. Além disso, o ataque do La-7 contra o Me-262 havia ocorrido fora do alcance do esquadrão alemão.

Os historiadores modernos sugerem que Kojedub derrubou um Me-262 de um esquadrão JG7 baseado no campo de aviação Brandemburgo-Brist. Em fevereiro de 1945, esta unidade estava engajada na caça de bombardeiros norte-americanos e britânicos, mas voava frequentemente sobre o espaço aéreo soviético. Sabe-se que a camuflagem do caça abatido apresentava o número “9” pintado em vermelho. Mas a identidade do piloto é uma incógnita.

Emblema do esquadrão JG7

Após o ocorrido, o coronel general Rudenko, comandante da 16ª Força Aérea, realizou uma conferência dedicada a táticas de combate contra aeronaves a jato. Na ocasião, foi apresentado o relatório de Titarenko e Kojedub. Os ases soviéticos chegaram à conclusão de que ataques durante curvas, subidas e descidas eram especialmente bem-sucedidos. Ao final da guerra, cinco pilotos do Exército Vermelho foram creditados com aeronaves a jato Me-262.

Me-262 em chamas, 1945.

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