Catarina 1° foi a segunda esposa de Pedro, o Grande, e foi coroada no Kremlin em maio de 1723. Os preparativos foram feitos com bastante antecedência, e a antiga cerimônia foi totalmente reinventada para combinar as tradições russa e europeia (já que ela tinha uma acedência polonês-lituano-alemã).
Ao som dos tambores, do repicar dos sinos e da música dos regimentos de guardas, Pedro e sua esposa seguiram do Palácio para a Catedral da Dormição. O imperador usava um gibão de seda, culotes azuis bordados com prata e um chapéu com pena. O vestido de coroação de Catarina 1° tinha coloração de carmesim, era densamente bordado com prata e foi feito por artesãos berlinenses, seguindo a moda espanhola.
Curiosamente, o vestido foi levado a Moscou ainda em pedaços e depois ajustado para caber em seu corpo e costurado já ali. Além disso, ele foi feito às pressas: três dias antes da coroação, a roupa da imperatriz ainda não estava pronta. Cinco damas de companhia carregaram o suntuoso vestido.
Durante a cerimônia, Pedro, o Grande, cobriu pessoalmente os ombros de Catarina com um manto de brocado bordado a ouro dos brasões imperiais e forrado com arminho, e depois colocou a coroa em sua cabeça.
Após a morte de Pedro, Catarina tornou-se oficialmente a primeira imperatriz do Império Russo.
A coroa de um jovem tsar
Pedro 2°, sucessor de Catarina 1°, subiu ao trono aos 11 anos de idade. Artesãos franceses fizeram para ele um cafetã, gibão e culotes de brocado de seda prateado brilhante bordados com ouro.
O traje cerimonial, iluminado à luz de velas na Catedral da Dormição, deve ter impressionado a todos na ocasião. Decidiu-se usar uma toga que pertencera à esposa de Pedro, o Grande, mas uma nova coroa, cravejada de diamantes, pérolas, safiras e esmeraldas, e um novo orbe dourado, feitos especialmente para o jovem tsar.
Brocado para a imperatriz
Os preparativos para a coroação da imperatriz Anna foram feitos às pressas. Após a morte repentina de Pedro 2°, Anna, que era sobrinha de Pedro, o Grande, foi convocada a partir da Curlândia, onde se encontrava, para Moscou. Em fevereiro de 1730, a herdeira chegou à Rússia e, no final de abril, o arcebispo Feofan Prokopovitch colocou na cabeça de Anna uma preciosa coroa adornada com inúmeros diamantes, rubis e turmalinas.
Em três meses, o alfaiate que ela trouxe consigo lhe fez um vestido de brocado de Lyon, estampado com uma cauda triangular. Ela gostou tanto do tecido que também o encomendou para seus vestidos subsequentes. A imperatriz acrescentou a corrente da Ordem de Santo André ao traje.
Marcas russas
A imperatriz Isabel da Rússia poderia ser descrita como um "ícone de estilo". O historiador Vassíli Kliutcheski escreveu que ela morreu deixando para trás 15.000 vestidos, dois cofres de meias de seda, uma pilha de contas não pagas e um Palácio de Inverno inacabado. Sua paixão pelas roupas que estavam em tendência era tanta que todas as últimas modas de Paris eram sempre apressadas para que ela pudesse usá-las primeiro.
Mas, no período que antecedeu sua coroação, ela ordenou que todos os tecidos para a cerimônia fossem exclusivamente russos. Isso incluía seu próprio vestido: ela recebeu a insígnia imperial em um vestido de brocado de seda prateado, bordado com renda dourada. Foi a imperatriz Isabel quem cravou o que era e o que não era moda por muitos anos. Após seu reinado, todos os vestidos de coroação passaram a ser feitos de tecido semelhante.
Adornado com águias
A cerimônia mais suntuosa e magnífica da história foi, provavelmente, a de Catarina, a Grande. A monarca surgiu em um vestido de brocado bordado com águias de duas cabeças (o símbolo da Rússia Imperial) e ornamentado com a mais fina renda flamenga.
Ninguém antes ou depois teve um vestido de coroação com simbolismo que enfatizasse tão fortemente a magnitude do trono russo.
Os símbolos imperiais que os joalheiros da corte fizeram especialmente para Catarina combinavam com o traje: a coroa, o orbe e o cetro foram usados em todas as coroações subsequentes.
Em honra ao regimento
Não apenas as imperatrizes, mas os tsares também estabeleceram sua própria moda de coroação. Por exemplo, Paulo 1° decidiu tornar a cerimônia ainda mais simbólica e escolheu o uniforme do Regimento da Guarda Preobrajenski.
O austero uniforme de lã verde com gola forrada de veludo carmesim era decorado com duas estrelas - a Ordem de Santo André e a Ordem de Santo Aleksandr Nevski. Durante a cerimônia, uma túnica de veludo de mangas compridas foi vestida sobreo cafetã militar de Paulo 1°, à moda dos imperadores bizantinos.
Durante a Páscoa de 1797, não apenas o imperador foi coroado, mas também sua consorte. Esta foi a primeira dupla coroação da Rússia. Todos os sucessores do trono a partir de então escolheram um uniforme militar para a cerimônia.
Estilo Sarafan
No governo de Nicolau 2°, decidiu-se reformar a vestimenta da corte: as mulheres deviam se vestir seguindo estilo russo e os homens, com uniformes de desfile. Os mesmos princípios se aplicavam à cerimônia de coroação.
Assim, quando se iniciaram os preparativos para a coroação de Nicolau 2°, um vestido em estilo russo, de brocado de prata pesado, fabricado pelos irmãos Sapojnikov foi feito para a imperatriz Alexandra.
O tecido foi inicialmente enviado para ser cortado na oficina de Olga Bulbenkova em São Petersburgo e, depois, enviado para o Convento Ivanovski de Moscou para ser bordado com fios de prata e pérolas usando desenhos baseados nos afrescos do Mosteiro Novospasski. Só depois disso as peças, já acabadas, eram devolvidas para montagem.
O resultado final foi impressionante em todos os sentidos. Apesar de toda sua incrível beleza, o vestido de coroação era muito pesado (tinha 10 kg!) e, além disso, era combinado com um manto de brocado dourado forrado de arminho nada fácil de carregar também.
Seguindo a tradição, o próprio Nicolau 2° participou da cerimônia com o uniforme de um coronel do Regimento Preobrajenski, que foi feito na oficina de Nikolai Nordenstrom, o principal fornecedor de uniformes militares para várias gerações da família imperial russa.
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