Os 3 melhores comandantes russos da Primeira Guerra Mundial

Russia Beyond; Domínio público
Apesar de ter muitos comandantes militares talentosos e um exército bem preparado, Rússia não conseguiu evitar a dura derrota.
  1. Mikhail Alekseev

“Sempre valorizei muito a personalidade do general Alekseev e o considerava o mais destacado de nossos generais, o mais educado, o mais inteligente, o mais preparado para tarefas militares”, escreveu Alexander Koltchak, almirante da Frota do Mar Negro do Império Russo durante a Primeira Guerra Mundial.

No início do conflito mundial, Mikhail Vasilievich Alekseev estava no cargo de chefe de gabinete da Frente Sudoeste. No início da guerra, entre agosto e setembro de 1914, durante a Batalha da Galícia, as tropas da frente infligiram uma severa derrota à Áustria-Hungria, ocupando quase toda a Galiza e parte da Polônia austríaca. Os austríacos não conseguiram se recuperar desse golpe até o final da guerra.

Embora o comandante-em-chefe da Frente Sudoeste, general Nikolai Ivanov, recebesse todas as honras, foi Alekseev o verdadeiro responsável pela vitória. Ivanov, segundo o general Anton Deníkin, “não tinha grande conhecimento estratégico, mas o chefe do Estado-Maior Alekseev é um grande profissional em estratégia [...] Na verdade, Alekseev é o responsável pela vitória".

No verão de 1915, as Potências Centrais, depois de decidirem retirar o Império Russo da guerra, lançaram uma ampla ofensiva. Como resultado, após uma série de duras derrotas, os exércitos russos iniciaram a “Grande Retirada” para o interior. Apesar da extrema escassez de munição e da fadiga de soldados e oficiais, o general Alekseev, que comandava a Frente Noroeste na época, conseguiu organizar a retirada sem permitir que o inimigo os cortasse ou cercasse as tropas. 

Em 18 de agosto de 1915, Alekseev foi nomeado pelo imperador Nicolau 2º o chefe de gabinete do Comandante Supremo e se tornou responsável pela restauração e reabastecimento das tropas. Foi ele quem organizou uma das últimas operações ofensivas bem-sucedidas do exército russo na Primeira Guerra Mundial, conhecida como "Avanço de Brusilov", no território da Volínia, Galícia e Bucovina. No verão de 1916, a operação terminou em uma pesada derrota para as tropas alemãs e austríacas.

Após a Revolução de 1917 e o colapso da autocracia, Alekseev foi nomeado Comandante-em-Chefe Supremo, mas logo entrou em conflito com o novo governo do país. O general foi categoricamente contra a “democratização” do exército, que aboliu o comando de um homem só. Até sua renúncia, em 21 de maio de 1917, Alekseev fez de tudo para restaurar a velha ordem e a disciplina nas tropas, mas sem sucesso.

  1. Aleksêi Brusilov

No verão de 1914, durante a Batalha da Galiza, o 8º Exército da Frente Sudoeste derrotou as tropas austro-húngaras, fez 20 mil prisioneiros, avançou 150 km para dentro da Galiza e ocupou a cidade de Galich. Foi dessa forma brilhante que a Primeira Guerra Mundial começou para o general Aleksêi Brusilov.

Brusilov sempre disse que sua responsabilidade principal era o bem-estar dos soldados, sua comida e equipamentos. No entanto, ele nunca hesitou em recorrer a medidas punitivas cruéis se a situação assim exigisse.

Durante a “Grande Retirada” do verão de 1915, foi publicada a seguinte ordem de Brusilov: “Para os fracos, que abandonam a linha ou se rendem, não deve haver misericórdia; tiros de fuzil, de metralhadoras e canhões devem ser dirigidos aos que se renderem, mesmo se for necessário parar o fogo contra o inimigo [...] Não há lugar entre nós para os fracos, e eles devem ser exterminados."

O "Avanço de Brusilov" coroou a carreira do comandante, que na primavera de 1916 era responsável pela Frente Sudoeste. Ele decidiu romper a defesa das tropas austro-húngaras com golpes poderosos de todos os exércitos à sua disposição em vários setores ao mesmo tempo. O inimigo estava perdido, sem saber em que direção fortalecer a defesa e para onde lançar suas reservas.

Os alemães e austríacos perderam cerca de 1,5 milhão de pessoas, entre mortos e feridos, enquanto as perdas russas totalizaram cerca de 500 mil . Após a bem-sucedida operação, a Romênia entrou na guerra, ao lado da Entente, inspirada pelos sucessos de Brusilov.

“A Frente Sudoeste era sem dúvida a mais fraca e não havia razão para esperar dela uma revolução de toda a guerra. É bom termos concluído a tarefa, [...] mas a Frente Sudoeste, sozinha, não poderia alterar o destino da guerra", escreveu Brusilov.

Em 22 de maio de 1917, Aleksêi Brusilov substituiu Mikhail Alekseev no posto de Comandante-em-Chefe Supremo. No entanto, como seu antecessor, não conseguiu salvar o decadente exército.

  1. Nikolai Iudénitch

Em 29 de dezembro de 1914, o 3º Exército do Império Otomano, com 90.000 soldados, sitiou a cidade de Sarykamysh na região de Kars (hoje pertencente à Turquia), atrás da qual havia um caminho direto para o coração do Cáucaso russo. As tropas russas, com 60 mil soldados ficaram sem liderança - o comandante do exército caucasiano, general Aleksandr Michlaevski, entrou em pânico e fugiu da cidade, deixando seus soldados para trás.

Neste momento crítico, a iniciativa foi tomada pelo chefe do Estado-Maior do Exército, general Nikolai Iudénitch, que também era comandante do 2º Corpo do Turquestão. Aproveitando que os turcos começaram a sofrer pesadas perdas devido ao clima frio, ele reorganizou as forças e lançou uma contra-ofensiva que levou à derrota completa do inimigo. 

Após o fracasso da operação de Dardanelos e a evacuação das Forças Aliadas da Península de Gallipoli, no final de 1915, os turcos conseguiram se concentrar na frente russa. Sob essas circunstâncias, Iudénitch, que já havia se tornado o comandante do exército caucasiano, decidiu atacar primeiro.

No início de janeiro, as tropas russas lançaram uma ofensiva e derrubaram novamente o inimigo, que não esperava por hostilidades naquela área em pleno inverno.

Após a Revolução de 1917, o exército caucasiano foi considerado um dos mais bem preparados e profissionais. Iudénitch continuou a comandar tropas no Cáucaso por algum tempo, mas, discordando do novo governo em questões de tática e estratégia, foi logo demitido por "resistência às instruções do Governo Provisório".

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