Tropas soviéticas defendendo Smolensk
Global Look PressEm 22 de junho de 1941, às 4 horas da manhã, as tropas da Alemanha nazista começaram a Operação Barbarossa e invadiram o território da União Soviética, desenvolvendo uma ofensiva em direção às três principais cidades do país: Moscou, Leningrado e Kiev. Apesar da resistência e constantes contra-ataques do Exército Vermelho, o inimigo estava penetrando rapidamente dentro das regiões internas da URSS. Tendo infligido um poderoso golpe sobre os aeródromos soviéticos, a Luftwaffe garantiu a supremacia aérea desde os primeiros dias do conflito.
“A surpresa total de nossa ofensiva para o inimigo é evidenciada pelo fato de que as unidades foram pegas de sobressalto no quartel, os aviões estavam cobertos com lonas nos aeródromos, e as unidades na frente, atacadas por nossas tropas, perguntavam ao comando o que fazer”, escreveu o chefe do Estado-Maior das Forças Terrestres Alemãs, Franz Halder.
Tropas alemãs na URSS em junho de 1941
Domínio públicoJá em 24 de junho, as tropas alemãs tomaram Vilnius; em 28 de junho, Minsk; e, em 1º de julho, Riga. Após o cerco e a derrota das principais forças da Frente Ocidental na Batalha de Belostok-Minsk, quando mais de 420 mil dos 625 mil soldados soviéticos foram mortos, feridos ou feitos prisioneiros, seu comandante, o general do exército Dmítri Pavlov, e o chefe do Estado-Maior, Vladímir Klimôvskikh, foram detidos e condenados à morte.
Prisioneiros de guerra soviéticos em Riga em julho de 1941
ullstein bild/Getty ImagesNa Ucrânia, as forças de cinco corpos mecanizados da Frente Sudoeste Soviética na região de Brody-Lutsk-Rivne enfrentaram o 1º Grupo Panzer alemão em batalhas ferozes. A esmagadora vantagem numérica do Exército Vermelho em tanques (2.500 contra 800) foi nivelada pela falta de sistemas de comunicação por rádio, inteligência, má coordenação entre as formações e erros táticos do comando.
Como resultado, em uma das maiores batalhas de tanques da história, as tropas soviéticas perderam de 70 a 90% de todos os veículos, dos quais muitos poderiam ser consertados, mas acabaram sendo abandonados devido ao recuo geral. Para os alemães, a batalha também não passou despercebida, a velocidade da ofensiva diminuiu, e eles não conseguiram cercar e derrotar as forças da Frente Sudoeste.
T-34 em chamas durante a Batalha de Brody-Lutsk-Rovno
BundesarchivA Wehrmacht, porém, não foi capaz de realizar a blitzkrieg em todas as direções. No Ártico, por exemplo, o inimigo avançou apenas dezenas de quilômetros no território da URSS, não conseguindo capturar o grande porto soviético de Murmansk. “Queríamos tomar Kandalaksha em 12 dias e chegar ao Mar Branco, mas até agora, após seis meses, não conseguimos nada. O humor dos soldados está deprimido, eles não esperavam uma resistência tão teimosa dos russos”, escreveu um gefreiter capturado em janeiro de 1942.
Tropas soviéticas no Ártico
Evguêni Khaldei/МАММ/МDF/russiainphoto.ruDurante dois meses, de 10 de julho a 10 de setembro, uma batalha sangrenta ocorreu na região de Smolensk, na qual o Exército Vermelho perdeu mais de 750 mil soldados, entre mortos, feridos e prisioneiros. A capacidade de combate das tropas soviéticas que cobriam a direção de Moscou foi severamente prejudicada.
A Wehrmacht, por sua vez, perdeu 100 mil soldados e ficou presa perto de Smolensk por dois meses. O comando alemão percebeu que eles estavam perdendo a oportunidade de tomar a capital da URSS antes do início do tempo frio.
“A situação geral mostra cada vez mais claramente que a colossal Rússia, que se preparava deliberadamente para a guerra, apesar de todas as dificuldades inerentes aos países com regime totalitário, foi subestimada”, escreveu no seu diário o general alemão e comandante do Alto Comando do Exército Alemão, Franz Halder.
Tropas soviéticas defendendo Smolensk
Global Look PressAs tropas do Grupo de Exércitos Sul avançaram constantemente em direção à capital da Ucrânia soviética, Kiev, cuja perda era impensável para Stálin. Em 11 de julho, o quartel-general e o Conselho Militar da Frente Sudoeste receberam um telegrama do Kremlin: “Advirto-vos que, se derem um passo para a retirada das tropas para a margem esquerda do Dnieper, não defendendo o áreas de Urov na margem direita do Dnieper até a última chance, todos vocês sofrerão um castigo cruel, como covardes e desertores”. O comandante Gueôrgui Jukov, que alertou sobre a possibilidade de tropas soviéticas na região de Kiev acabarem na “caldeira”, foi removido do cargo de Chefe do Estado-Maior General em 29 de julho.
A defesa da cidade continuou até o final de agosto, quando, por decisão de Hitler, o 2º Grupo Panzer de Heinz Guderian foi retirado da direção de Moscou e enviado para o sul. Tendo rompido as defesas soviéticas, em 15 de setembro, a leste de Kiev, ele se juntou ao 1º Grupo Panzer de Ewald von Kleist, fechando assim o cerco em torno de quatro exércitos soviéticos.
Cerca de 50 mil soldados do Exército Vermelho acabaram no cativeiro alemão. O comandante da Frente Sudoeste, Mikhail Kirponos, e o chefe do Estado-Maior, Vassíli Túpikov, foram mortos durante a tentativa de romper o cerco.
Kiev ocupada
BundesarchivO rápido avanço das tropas do Grupo de Exércitos Norte através do território dos Estados Bálticos soviéticos permitiu atingir a costa do Golfo da Finlândia no início de agosto e cortar o acesso das tropas soviéticos a Tallinn, base principal do Frota do Báltico.
Durante três dias, a frota soviética tentou abrir o caminho para Tallinn, sob bombardeios de aviões finlandeses e alemães. Como resultado da “Travessia de Tallinn”, os soviéticos perderam 60 navios e até 15 mil pessoas.
Destruidor da Frota do Báltico soviética
Aleksêi Mejuev/SputnikParalelamente, o governo soviético decidiu proteger suas fronteiras ao sul. Em 25 de agosto, começou a operação britânico-soviética Consentimento no Irã, que estava na esfera de influência do Terceiro Reich.
Os aliados derrubaram o xá pró-alemão Reza Pahlavi e assumiram o controle do norte e do sul do país. Em breve, o Irã se tornou a principal rota para o fornecimento de suprimentos militares para a URSS das potências ocidentais.
Tropas britânicas e soviéticas no Irã
Domínio públicoEm 8 de setembro, as tropas alemãs tomaram a cidade de Shlisselburg, às margens do Lago Ladoga, fechando assim o cerco em torno de Leningrado por terra. Ao norte, a segunda cidade mais importante da URSS foi bloqueada pelo Exército finlandês. Cerca de 50 mil soldados soviéticos, quase toda a Frota do Báltico e até três milhões de civis ficaram presos na cidade sitiada.
A única rota que ligava Leningrado com o resto do país era pelo lago Ladoga, no entanto, a aviação e a frota não podiam abastecer a cidade com a quantidade necessária de alimentos. No inverno, começou uma fome terrível.
Cerco a Leningrado
Anatóli Garánin/SputnikA derrota da Frente Sudoeste perto de Uman e Kiev permitiu que os alemães realizassem uma ofensiva contra o Donbass, rico em carvão, e contra a estrategicamente importante Crimeia, que Hitler chamou de “porta-aviões soviético inafundável que ameaça o petróleo romeno”.
Em 26 de setembro, as unidades do 11º Exército do general Erich von Manstein romperam as defesas soviéticas no istmo de Perekop e entraram na península. No entanto, a feroz resistência das tropas soviéticas e as perdas pesadas não permitiram que os alemães tomassem Sevastopol rapidamente. O cerco da base principal da Frota do Mar Negro, que começou em 30 de outubro, durou mais de 250 dias.
Soldados do Exército alemão na cidade de Ialta
Heinrich Hoffmann/Mondadori via Getty ImagesNo início de outubro de 1941, começou a batalha por Moscou, considerada a mais importante do ano. Já em seu início, o Exército Vermelho sofreu uma terrível catástrofe. Devido aos erros do comando soviético, que não conseguiu determinar a direção dos ataques inimigos, as principais forças das frentes Ocidental e de Reserva foram cercadas e derrotadas na região de Viazma. As tropas soviéticas perderam mais de 900 mil pessoas, entre mortos, feridos e desaparecidos.
A estrada para Moscou ficou aberta. Antes que as reservas chegassem às linhas de defesa, o comando militar enviou todas as forças disponíveis para salvar Moscou, inclusive cadetes de escolas militares. O pânico se instalou na capital russa, e a população começou a fugir.
T-34 capturado perto de Viazma
BundesarchivNo entanto, o caminho para o coração da União Soviética não foi fácil para os alemães. Como resultado de muitos meses de resistência obstinada e constantes contra-ataques do Exército Vermelho, as tropas alemãs estavam exauridas. Em batalhas sangrentas, os nazistas perderam muitos oficiais experientes. Todos os acessos à cidade foram minados pelos soviéticos, o que dificultou a circulação de veículos blindados, e o frio levou à morte de cavalos e interrupções no abastecimento.
Os alemães contavam com um ataque decisivo em direção a Moscou, sem saber que grandes reservas frescas do Exército Vermelho estavam na capital naquele momento. Em 5 e 6 de dezembro, as tropas de várias frentes soviéticas lançaram uma contra-ofensiva em grande escala. A Wehrmacht foi repelida a uma posição de 100 a 250 km da capital.
Hitler demitiu o comandante-chefe das forças terrestres alemãs, Walter von Brauchitsch, e o comandante do Grupo de Exércitos Centro, Fedor von Bock. O general alemão Heinz Guderian, que também perdeu o cargo, escreveu mais tarde em suas “Memórias de um Soldado”: “O ataque a Moscou fracassou. Todos os sacrifícios e esforços de nossas valentes tropas foram em vão”.
Soldados soviéticos passando por nazistas mortos pelas ruas libertadas de Kalinin
Samaryi Guraryi/SputnikO triunfo perto de Moscou foi de tremenda importância tanto para a URSS quanto para os países participantes da coalizão anti-Hitler. O governo soviético estava confiante de que o inimigo estava derrotado, e os militares se preparavam para lançar uma ofensiva em larga escala ao longo de toda a frente soviético-alemã. Os eventos subsequentes mostraram, porém, que o colapso da estratégia da blitzkrieg não levou à derrota rápida dos nazistas.
Mulher abraçando um soldado soviético em uma aldeia libertada
Ivan Cháguin/SputnikLEIA TAMBÉM: Os tesouros culturais que os nazistas levaram da URSS
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