O S-75 (conhecido na OTAN como SA-2 'Guideline') é um sistema de defesa aérea de grande altitude projetado pelos soviéticos, construído em torno de um míssil superfície-ar guiado por comando. Depois de ser implantado em 1957, tornou-se (para a infelicidade dos pilotos inimigos) um dos sistemas de defesa aérea de maior sucesso da história.
Vista da lateral esquerda de um míssil superfície-ar (SAM) SA-2 Guideline montado em um caminhão de transporte Zil-131 do Exército da Alemanha Oriental
Domínio públicoO primeiro abate por um míssil superfície-ar
O Sa-75 foi o primeiro míssil superfície-ar a destruir uma aeronave inimiga, abatendo um taiwanês Martin RB-57D Canberra sobre a China em 7 de outubro de 1959. Essa aeronave operava, conforme explicado pelo blog especializado The Aviation Geek Club, para o programa da CIA Diamond Lil. Mas, segundo o livro Red SAM: The SA-2 Guideline Anti-Aircraft Missile, de Steven J. Zaloga (2007), não seria o único. A Força Aérea da República da China perdeu mais RB-57s devido à ação deste míssil. Alguns deles, abatidos a distância de 20.000 metros acima do nível do mar.
Martin RB-57E. Vista frontal fotografada em 14 de agosto de 1967
Domínio públicoO U-2 Gary Powers (e alguns mais)
Em 1º de maio de 1960, o U-2 de Gary Powers foi abatido enquanto sobrevoava um centro de testes perto de Sverdlovsk. Esta ação levou à crise do U-2 em 1960.
Motor do avião norte-americano Lockheed U-2 derrubado, que era pilotado pela espiã Francis Gary Powers, em exibição no Parque Górki
Domínio públicoPor sinal, como documenta Thornton D. Barnes em sua obra U-2 Black Cat Squadron em Taiwan ROCAF U-2 Operations over China, os S-75 chineses derrubaram nada menos que cinco U-2 pilotados com base em Taiwan.
Tripulação de U-2 da Força Aérea da República da China
烏龍鄉Oolxiang/YouTubeOutro U-2 famoso abatido por um S-75 foi o pilotado pelo major da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF, do inglês United States Air Force) Rudolf Anderson, durante a Crise dos Mísseis em Cuba, em outubro de 1962, quando sobrevoava Banes, na província cubana de Holguín.
Hilo va👇 de cómo la muerte de un piloto ayudó a evitar la guerra nuclear. pic.twitter.com/dt21p4XK4U
— jpartej (@jpartej) November 14, 2017
Vietnã
Os primeiros empregos do sistema soviético no Vietnã do Norte foram detectados em abril de 1965. Como lembra WaybackMachine, os comandantes militares dos EUA quiseram destruí-los imediatamente, mas o secretário de Defesa Robert S. McNamara recusou a permissão, temendo matar técnicos soviéticos e a consequente intensificação do conflito.
Foto tirada na primavera de 1965 em um centro de treinamento antiaéreo no Vietnã
Domínio públicoJohn T. McNaughton, subsecretário de Defesa para assuntos de segurança internacional, ridicularizou a necessidade de atacar os sistemas soviéticos.
“Você não acha que os norte-vietnamitas vão usá-los!”, zombou. “Distribuí-los é apenas uma manobra política dos russos para apaziguar Hanói.”
Operadores norte-vietnamitas diante de um lançador S-75
Domínio públicoA suposição de McNaughton logo foi desmentida.
Em 24 de julho de 1965, um S-75 abateu um F-4C da Força Aérea dos EUA, tornando-se a primeira das 110 aeronaves da USAF perdidas para o sistema no Sudeste Asiático.
F-105D Thunderchief da Força Aérea dos EUA, deixando um rastro de fogo e fumaça logo após ser interceptado por um míssil S-75 em 14 de fevereiro de 1968
Domínio públicoOriente Médio
O sistema de mísseis foi amplamente utilizado em todo o mundo, especialmente no Oriente Médio, onde Egito e Síria o empregaram para se defender da Força Aérea Israelense. A rede de defesa aérea foi responsável pela maioria dos aviões israelenses abatidos.
Mísseis egípcios em transporte no Sinai durante a Guerra Árabe-Israelense (1973)
Domínio públicoRestos de um A-4 Skyhawk da Força Aérea israelense abatido na guerra de outubro entre Israel e o Egito.. Não se sabe, porém, se esta aeronave foi abatida pelo míssil soviético ou por caças da Força Aérea egípcia
Domínio públicoE o que aconteceu a seguir?
Na década de 1980, a União Soviética começou a substituir o SA-2 da linha de frente pelo sistema da série S-300, que tinha alcance e capacidades muito superiores. No entanto, o S-75 permanece em uso em muitos países que realizam modificações no míssil em um esforço para garantir que ele continue sendo um sistema de defesa viável. De acordo com Vestnik PVO, durante a Guerra da Abecásia (1992-1993), os S-75 georgianos abateram um Su-27 perto de Gudauta, indicando que, se bem usado, ainda pode ser uma arma temível.
Curiosamente, também foi adaptado como um míssil balístico superfície-superfície na guerra da Bósnia e na atual guerra civil do Iêmen, embora sua eficácia nesse âmbito seja questionável.
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