Como estão hoje os locais antes ocupados por campos do gulag? (FOTOS)

Solovki, Vorkutá, Kolimá – todos esses nomes evocam acontecimentos trágicos dos anos 1930 e 40. Mas como estão atualmente os antigos campos de trabalho forçado?

1/ Campo de trabalho forçado de Solovetski (Solovki)

Os bolcheviques transformaram o mosteiro de Solovetski em um verdadeiro inferno. Beliches de madeira foram construídas para os presos dentro das igrejas; altares e ícones foram destruídos, e mercadorias preciosas, confiscadas. As células monásticas e lugares remotos para os eremitas tornaram-se quartéis e células de isolamento.

Hoje, o mosteiro está aberto, mas não foi completamente reformado. Há muitos resquícios daquela época sombria. O edifício abandonado ao lado do mosteiro, por exemplo, abrigava a administração do campo de trabalho forçado.

2/ Campo de trabalho forçado do mar Branco-Báltico (Belbaltlag)

Os prisioneiros do campo de trabalho forçado do mar Branco-Báltico tinham uma missão: construir o canal homônimo. Em diferentes momentos, entre 60 e 100.000 pessoas trabalharam nas obras. O canal de 227 quilômetros, que vai do mar Branco ao lago Onega, com 19 eclusas no percurso, foi construído em tempo recorde, em pouco mais de dois anos. Em 1933, 10% dos trabalhadores da construção haviam morrido.

O canal do mar Branco foi reconstruído várias vezes e continua em operação. Ao longo dele, existem vários monumentos em homenagem aos trabalhadores mortos. Além disso, foi criado o complexo histórico e cultural do mar Branco-Báltico, que inclui edifícios preservados e memoriais aos prisioneiros.

3/ Norilsk

O campo de Norilsk existiu entre 1935 e 1956 e concentrava 72.000 presos. A lista de tarefas era ampla: trabalhavam em condições de frio extremo em uma usina de cobre e níquel, bem como em minas; construíam e reparavam ferrovias; e descarregavam barcaças. Norilsk atual é uma cidade essencialmente construída com trabalho forçado.

Hoje em dia, trata-se de um grande centro industrial com população de cerca de 180.000 habitantes. Nos anos 1990, o monumento ao Gólgota de Norilsk foi erguido no local onde havia uma cova comum. É dedicado aos diferentes grupos étnicos daqueles que morreram, incluindo russos, poloneses, lituanos, estonianos e judeus. O complexo de galerias e exposições do Museu Norilsk conta com uma exposição permanente do Gulag, com objetos pessoais dos prisioneiros e trechos de memórias.

Monumento ao Gólgota de Norilsk

4/ Perm-36

Este campo existiu em Perm de 1946 a 1988. Os prisioneiros desse local se dedicavam sobretudo à poda de árvores. A grande maioria deles era composta por intelectuais, escritores e líderes de organizações religiosas e de direitos humanos, além de dissidentes processados ​​por propaganda antissoviética.

Nos anos 1990, logo após o fechamento, foi aberto em seu lugar o Museu das Repressões Políticas Perm-36. Parte da exposição está situada dentro da antiga sede. Não é à toa que este é um dos poucos lugares na Rússia que oferece uma visão genuína de como era a vida nas prisões e campos de trabalho forçado.

5/ Vorkutá

Na década de 1930, brigadas de prisioneiros foram enviadas para extrair carvão dos depósitos recém-descobertos. Foi assim que surgiu um dos maiores e mais proeminentes campos da URSS. Os prisioneiros construíram ferrovias e minas, além de extrair carvão em condições desumanas, no extremo norte da Rússia.

Em 1989, o museu e centro de exposições Vorkutá foi uma das primeiras mostras sobre a história do gulag a surgir na União Soviética. Hoje, há um roteiro chamado Círculo de Minas de Vorkutá, que segue os passos dos prisioneiros e para o qual foi desenvolvida um aplicativo móvel com realidade aumentada.

A cidade de Vorkutá, uma das maiores do Círculo Polar Ártico, foi basicamente construída por prisioneiros do gulag. Até hoje, a região se dedica a uma única indústria: a mineração de carvão. Não muito longe dali encontra-se a cidade fantasma de Iur-Chor, palco do maior levante de um campo na história soviética, além de um cemitério em memória aos mineiros que morreram em Vorkutá.

6/ Kolimá

A região se estende ao longo do rio Kolimá, no Extremo Oriente russo. É conhecida por suas minas de ouro e pelos horrores descritos por Varlam Chalámov em “Contos de Kolimá”.

Campo de Butugichag (traduzido da língua evenki como “Vale da Morte”), em Kolimá, 1997

Minerais valiosos, bem como urânio radioativo, eram extraídos na Iakútia, em Kamtchatka e na região de Magadan. Os prisioneiros praticamente trabalhavam com as mãos no gelado permafrost. Eles também construíram Magadan que se conhece hoje. 

Campo de Dnieper e uma mina na região de Magadan, 2014

Vários quartéis e torres de vigilância estão abandonados pelo território atual de Kolimá, enquanto Magadan se tornou uma cidade de pesca e construção de máquinas.

7/ Campos de Tchukotka

A descoberta de uma extensa veia de estanho se deve ao campos de trabalhos forçados abertos nesse lugar remoto. Com o estabelecimento de uma indústria de mineração de metal, surgiram ao redor cidades e infraestrutura.

Campo de urânio Severni (Norte), 2015

Em 2015, funcionários do Museu Histórico do Gulag viajaram a Tchukotka para explorar o que restava dos campos onde os prisioneiros trabalharam como escravos para extrair, entre outras coisas, urânio radioativo (sem roupas de proteção, obviamente). Muitos dos antigos quartéis estão abandonados.

Campo de urânio Severni (Norte), 2015
Campo de urânio Vostótchni (Oriental)

No site do museu, há mais fotos e vídeos das expedições. O estabelecimento oferece um passeio em 3D com óculos de realidade virtual.

8/ Campo de trabalho corretivo de Baikal-Amur(Bamlag)

O campo de Bamlag foi o maior da história soviética em termos de número de prisioneiros – em 1938, chegou a 200 mil internos.

Locomotiva 3TE25K2M com trem de carga na BAM

Encarregados ​de desenvolver o território de Transbaikal, no Extremo Oriente russo, os prisioneiros se dedicaram principalmente à construção da ferrovia Baikal-Amur (BAM). No entanto, o projeto ficou paralisado durante a Segunda Guerra Mundial e só foi concluído na década de 1980. Hoje, a única memória dos campos é a própria BAM, uma das ferrovias mais longas do mundo. Na cidade de Svobodni, na região de Amur, os locais instalaram uma pedra memorial em homenagem aos mortos.

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