As pessoas na União Soviética podiam não sair de férias para as Maldivas ou para Bali, mas também sabiam se divertir. Como é o caso hoje, nos dias quentes de verão, os cidadãos de todas as repúblicas tentavam curtir uma praia.
Um feriado de praia poderia ser mais roots – digamos, mais independente (e econômico) – ou organizado, em um sanatório ou hotel, graças a um voucher de uma empresa ou sindicato. Os turistas que se hospedavam nesses locais recebiam três refeições ao dia e tratamento médico – um sonho, sobretudo para a época.
O mais cobiçado de todos era o voucher para a costa do Báltico – resorts de férias como Jūrmala (Letônia), Pärnu (Estônia) e Palanga (Lituânia) eram considerados os mais prestigiados, e era quase como “ir para o exterior”.
Pärnu, na Estônia
Aleksandr Cheprunov/SputnikPassar férias à beira do mar Negro também era uma boa alternativa. Os resorts na Crimeia, Sochi e Abecásia eram considerados os melhores da URSS.
Restaurante na costa da Letônia
Iakov Berliner/SputnikA regra principal entre os turistas soviéticos era chegar à praia bem cedo; caso contrário, era difícil encontrar um lugar. Em Ialta, Aluchta e Ievpatoria (as cidades turísticas mais populares da Crimeia), as praias nunca estavam vazias.
Ialta
Ettinger/SputnikNos resorts, além de curtir o mar e o sol, os turistas também encontravam várias outras atividades – entre elas o jogo de xadrez de rua, muito popular na URSS.
Os jovens preferiam fazer uma atividade física mais intensa – como, por exemplo, vôlei de praia ou (variação de) pioneerball.
Para matar a fome, muitos turistas recorriam aos cafés ao ar livre. Mas vários outros também faziam piquenique com petiscos caseiros.
E mesmo que não conseguisse escapar para longe, poderia curtir mais perto de casa. Os moscovitas, por exemplo, ainda adoram relaxar na represa de Istra.
A propósito, as pessoas em Moscou já praticavam esqui aquático nos anos 60.
Represa Klyazminskoye, na região de Moscou
David Sholomovich/SputnikE em Leningrado (atual São Petersburgo), os moradores ainda preferem relaxar ao lado das muralhas da Fortaleza de São Pedro e São Paulo, à beira do rio Neva.
A praia mais antiga da cidade também é conhecida como o local favorito das “morsas”: pessoas que nadam mesmo em temperaturas muito baixas no inverno.
Praia no Neva ao lado da Fortaleza de São Pedro e São Paulo
B.Manuchin/SputnikOs estudantes passavam o verão com parentes no campo, ou em acampamentos de jovens pioneiros (análogo soviético dos escoteiros). Na época, o Artek, na Crimeia – inaugurado em 1925 – era considerado o melhor desses acampamentos.
Aliás, o estabelecimento funciona até hoje.
Crianças no acampamento de férias Artek
Lev Nosov/SputnikOs alunos não tinham internet nem celulares, mas os pais não se preocupavam em deixá-los por várias semanas na companhia de guias (geralmente estudantes de faculdades de formação de professores), que os mantinham ocupados o dia inteiro.
Por exemplo, você sabe o que é Dia do Netuno? É semelhante a uma cerimônia de iniciação para marinheiros, porém em uma versão “infantil”. Jovens pioneiros preparavam um espetáculo aquático para outras crianças, mas, na verdade, quase todos podiam participar: alguns interpretavam sereias e monstros marinhos, outros produziam fantasias ou escreviam o roteiro da apresentação. Em geral, era uma oportunidade para realizar trabalho em equipe e estimular novas amizades.
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