Os 5 piores russos de todos os tempos

Alexander Kislov
Da nobre que torturava seus servos ao capanga-mor de Stálin.

Sviatopolk, o Maldito (980 – 1019)

Geralmente, é difícil julgar se os príncipes medievais da Rus Kievana eram bons ou maus, pois sabe-se pouco sobre eles – e apenas a partir de crônicas escritas séculos depois. Mas Sviatopolk, filho de Vladímir, o Grande, que introduziu o cristianismo na antiga Rus, teve a pior publicidade possível: afinal, o apelido “o Maldito” fala por si.

De acordo com as crônicas, Sviatopolk ficou famoso por matar três de seus irmãos – Boris, Gleb e Sviatoslav – em seus esforços para tomar o poder. O tirano foi bem-sucedido por um tempo, tomando o trono em Kiev (na época, a mais importante cidade eslava) entre os anos de 1015 e 1019. Mais tarde, porém, outro irmão, Iaroslav, o Sábio o obrigou a ir embora e Sviatopolk morreu em exílio.

Maliuta Skuratov (1541 – 1573)

O capanga (opritchnik) mais famoso de Ivan, o Terrível, era ainda mais implacável que o tsar. Certa vez, sufocou com um travesseiro um padre que se recusou a abençoar a política repressiva de Ivan – mais tarde, o padre foi batizado, e Maliuta caiu em descrédito. No entanto, Skuratov teria feito coisas ainda mais assustadoras que isso, como organizar “viagens de estupro” para o tsar.

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“Em julho de 1568 (...) os homens mais dedicados de Ivan, chefiados por Maliuta, tomaram lindas esposas por toda Moscou e as levaram para a aldeia onde o tsar escolheu algumas para si e deu outras aos seus favoritos. (…) Diversas mulheres morreram depois de vergonha e pesar”, escreveu o historiador Nikolai Karamzin.

Juntamente com outros opritchniki, Skuratov matou milhares de pessoas.

Saltitchikha (1730 – 1801)

Você acha que uma mulher não pode ser cruel? Diga isso a essa nobre dama chamada Daria Saltikova (Saltitchikha é um apelido) que tinha uma queda por torturar e matar seus servos – apenas por diversão. Dona de uma grande propriedade, era conhecida por espancar e executar qualquer pessoa que não gostasse. Acredita-se que, ao menos, 38 de seus serviçais morreram depois de serem torturados; o resto viveu em horror.

Mesmo para os padrões do século 18 isso era demais: os proprietários de terra não podiam matar seus camponeses. Em 1762, Saltikova foi presa, depois de a imperatriz Catarina, a Grande saber de seus prazeres sádicos. A aristocrata, então com 32 anos, acabou passando o resto de sua vida atrás das grades.

Nikolai Iejov (1895 – 1940)

Muitos russos ainda idolatram Ioussef Stálin, apesar de seu regime ter matado pelo menos 700 mil pessoas (de acordo com estimativas modestas) durante o Grande Expurgo. Um de seus funcionários mais sinistros, Nikolai Iejov, que liderou o Comissariado do Povo para Assuntos Internos (NKVD, na sigla em russo) de 1936 a 1938, não teve a mesma sorte: seu nome é associado apenas a sangue.

Lembrando Skuratov, Iejov orquestrou, sob o comando de Stálin, o Grande Expurgo de 1937 – visto como o pico absoluto das repressões de Stálin. Foi um verdadeiro massacre: pessoas foram baleadas, presas e enviadas para campos de trabalho forçado onde precisavam trabalhar até a morte. A imprensa oficial o chamava de “Comissário de Ferro”, e, mais tarde, Iejov ficou conhecido como ‘o anão sanguinário’ (ele tinha apenas 1,5 metro de altura). Embora extremamente leal, foi demitido por Stálin em 1938; tempos depois, foi julgado e morto por aqueles que o sucederam no NKVD. 

Andrei Vlasov (1901 – 1946)

Quando um general soviético mudou de lado durante a Segunda Guerra Mundial para apoiar Hitler e “libertar a Rússia do comunismo”, o movimento não foi bem visto pela URSS. Segundo o diretor do Instituto Russo de Estudos Estratégicos, Leonid Rechetnikov, “para o povo soviético, Vlasov tornou-se um símbolo de traição, o Judas moderno”. E essa imagem não mudou muito desde então.

Vlasov teve uma grande carreira no regime soviético: ele começou a servir o país durante a Guerra Civil, foi promovido a conselheiro militar na China e, mais tarde, lutou bravamente na Grande Guerra Patriótica, sobretudo na Batalha de Moscou (1941). No entanto, em 1942, foi capturado pelos alemães.

Ele aceitou a oferta dos nazistas para liderar um exército de soldados soviéticos capturados que concordaram em lutar contra seus companheiros. Em carta aberta, Vlasov explicou que “o bolchevismo se disfarça como pátria”, e os russos deveriam combatê-lo ao lado dos alemães. O Exército Russo de Libertação lutou em batalhas contra os soviéticos, mas as potências acabaram enforcando Vlasov por traição.

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