Como era a cultura das motocicletas na União Soviética (Galeria de fotos)

História
ALEKSÊI TIMOFEITCHEV
O fenômeno dos motociclistas soviéticos foi um tanto quanto efêmero e ocorreu na época da Perestroika. Se denominavam de roqueiros em vez de motoqueiros e não lhes faltava estilo.

Na metade do Século 20, as motocicletas começavam a ficar muito populares na União Soviética, já que comprar um carro não era nada fácil naquela época. Nos anos 1970, os carros ficaram mais acessíveis e se tornaram um símbolo de maturidade, enquanto as motos eram coisa de gente jovem.

No início dos anos 1980, era fácil encontrar jovens em suas motocicletas pelas ruas. As notícias sobre os motoqueiros do ocidente começavam a chegar ao país, mas no caso soviético não se formavam gangues e nem havia o envolvimento com o crime. O ponto em comum é que ambos gostavam de rock e, por isso, acabavam sendo chamados de roqueiros.

Os soviéticos não tinham acesso a marcas da moda e acessórios modernos e tinham que se contentar com a oferta locais. Eles recorriam às marcas IZH-Planeta, Minsk e Voskhod. Os preços das motocicletas variavam de 450 rublos a 750 rublos (R$3 mil a R$5 mil), o que, na época, equivalia a muitos salários de um trabalhador de ganhos médios.

As motos mais desejadas eram as fabricadas em países do leste europeu, principalmente na Tchecoslováquia, como os modelos Jawa e ČZ (conhecida por Chezet na União Soviética).

Os roqueiros soviéticos se encontravam nas noites dos finais de semana perto de parques e outros espaços públicos. Os pontos de encontro mais populares em Moscou eram o parque cujo nome homenageia o escritor Maksim Górki, o estádio Luzhniki e "a Montanha" - um mirante perto da Universidade Estadual de Moscou em Vorobievi Gori. Os motoqueiros que ainda existem continuam se encontrando na "Montanha" até hoje.

Como os roqueiros gostavam de passear pelas ruas das cidades durante a madrugada, a polícia os tinha sempre na mira. Só que as motos dos policiais eram ultrapassadas e dificilmente alcançavam os motoqueiros da noite.

Os motoqueiros soviéticos não respeitavam as regras de trânsito. Não a toa as estatísticas de acidentes envolvendo motos disparou na época. No fim dos anos 1980 os números eram de 70 mil acidentes envolvendo motos ao ano com cerca de 10 mil vítimas fatais.

O movimento dos roqueiros foi muito popular e se espalhou por toda a União Soviética, tendo até alguns filmes dedicados ao tema. Um deles foi "Avaria, a filha do policial". A personagem principal, Avaria (significa acidente em russo) se envolvia com os roqueiros e acabava em uma enrascada.

Com a chegada dos anos 1990, Moscou tinha em diversos clubes e grupos, como os Cachorros do Inferno, os Lobos da Noite e os Cossacos Russos. Os primeiros que se autodenominaram motoqueiros foram os Lobos da Noite. Seu líder, Aleksandr Zaldostano, tinha o apelido de "Cirurgião". O grupo segue na ativa e o Cirurgião tem ligações com o presidente Vladímir Putín 

Com o colapso da União Soviética os roqueiros das motocicletas foram ficando ultrapassados. Seus sucessores hoje têm motos estrangeiras e estão cada vez mais parecidos com os originais do ocidente.

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