A história do código maia que chegou à Rússia em 1945: lenda ou realidade?

Cientista russo Iúri Knórozov

Cientista russo Iúri Knórozov

Wikipedia
A vida do cientista russo Iúri Knórozov, que decifrou a escrita maia, é cercada de mistérios. O mais importante deles se refere ao achado de documentos históricos.

Knórozov sempre afirmou ter encontrado os livros “Relação das Coisas de Iucatã”, de Diego de Landa, e a edição de 1933 de “Os códigos maias”, dos irmãos Villacorta, em Berlim, em 1945, quando fez parte das tropas soviéticas que invadiram a Alemanha. Mas alguns pesquisadores afirmam que as coisas não foram bem assim.

Nascido na Ucrânia em 1922, Iúri Knórozov era fascinado por ciência desde a infância. Em 1943, entrou na Universidade Estatal de Moscou Lomonossov, onde estudou a história do Oriente Antigo e egiptologia. Mas a guerra interrompeu os seus estudos, e, em março de 1944, foi convocado para se juntar ao Exército Vermelho.

O último ano da Segunda Guerra Mundial foi crucial na vida de Knórozov. Segundo contou o próprio cientista em uma entrevista ao canal mexicano 11, aos 22 anos, se viu obrigado a integrar as tropas soviéticas que chegaram a Berlim. Foi ali onde supostamente encontrou dois livros que marcaram o resto de sua vida: “Relação das Coisas de Iucatã”, de Diego de Landa, e “Os códigos maias”, dos irmãos Villacorta.

Manuscritos de Diego de Landa

Verdade ou lenda?

Algumas fontes garantem que Knórozov conseguiu salvar os livros de um incêndio, mas o próprio linguista negou essa fato na mesma entrevista. “O que os jornais escreveram sobre essa biblioteca é pura lenda. Não vi nenhuma biblioteca em chamas. Segundo contam meus amigos oficiais, essa biblioteca nunca pegou fogo. Aconteceu outra coisa. As autoridades alemãs prepararam a biblioteca [atual Biblioteca de Berlim – nota da redação] para evacuação e tinham que transferi-la supostamente para os Alpes, na Áustria. Os livros dessa biblioteca, prontos para a transferência, estavam dentro de caixas abertas no meio da rua...”, disse o cientista aos repórteres.

“Então, ele escolheu esses dois livros: “Relação das Coisas de Iucatã”, de Diego de Landa, e “Os códigos maias”, dos irmãos Villacorta (edição de 1933)”, afirma a colaboradora e discípula de Knórozov, Galina Ierchova, que é atualmente diretora do Centro de Pesquisa Mesoamericana da Universidade Estatal Russa de Humanidades.

No entanto, alguns pesquisadores alegam que há evidências comprovando que Knórozov estava em Moscou em 1945 e não participou da Batalha de Berlim, o que significa que ele não salvou os livros de um incêndio nem os obteve como um “troféu” de guerra. Para esses historiadores, a lenda foi inventada para dar um toque mais romântico à vida do cientista ou para dar suporte à ideologia soviética. Neste caso, porém, não se sabe como esses livros valiosos caíram nas mãos de Knórozov.

Glifos maia no Museu Arqueológico de Palenque, no México

Seja mera lenda ou não, a vida de Knórozov assumiu um novo significado depois de ele obter tais documentos. Quando a guerra terminou, Iúri retornou ao academicismo com um novo objetivo: dedicar-se completamente ao estudo da escrita maia. Após encontrar erros na metodologia de Diego de Landa, um missionário espanhol de Iucatã que conduziu as primeiras pesquisas das escritas maias no final do século 16, Knórozov criou um método próprio para decifrar os códigos da antiga civilização.


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