Estudante russo que discursou no Bundestag é acusado de justificar crimes de guerra nazistas

Da esq. à dir.: Raphael Weiss, Irina Kokorina, Valéria Agueieva, Jonas Vaupel e Nikolai Desiatnichenko

Da esq. à dir.: Raphael Weiss, Irina Kokorina, Valéria Agueieva, Jonas Vaupel e Nikolai Desiatnichenko

Bundestag
Diversos russos recorreram às redes sociais para criticou um estudante siberiano que discursou perante o Parlamento alemão por “justificar crimes de guerra nazistas”. Em sua fala, Nikolai Desiatnichenko descreveu os túmulos de prisioneiros de guerra alemães como pertencentes a “vítimas inocentes da guerra que não queriam lutar”.

Como parte de um projeto de história conjunto, três estudantes da cidade siberiana de Novyi Urengoi – Nikolai Desiatnichenko, Valéria Agueieva e Irina Kokorina – fizeram discursos perante membros do Parlamento alemão (Bundestag). Do lado da Alemanha, havia outros três alunos – Jonas Vaupel, Laetitia Grunewald e Raphael Weiss – e, juntos, os seis participaram de um projeto organizado por suas escolas, o colégio de Novyi Urengoy e o Friedrichsgymnasium, em Kassel.

O projeto é dedicado ao Dia de Luto do Povo Alemão e celebra as vidas de soldados alemães e russos que morreram durante a Segunda Guerra Mundial. Cada uma das crianças falou sobre um combatente específico no conflito: as russas estudaram o destino dos soldados alemães Georg Johann Rau, Julius Dietrich e Julius Fogt, e seus colegas alemães falaram sobre os russos Ivan Gusev e Nadja Truvanova.

No entanto, o que chamou a atenção no evento foram as palavras de Desiatnichenko sobre “vítimas de guerra inocentes” que “não queriam lutar” ao se referir sobre nazistas, causando indignação em vários usuários do Facebook e rodas de conversa.

Elena Kukuchkina, membro do Partido Comunista da Federação Russa e membro da Assembleia Legislativa da região de Iamalo-Nenetsk, disse ter ficado ofendida com o uso das palavras “vítimas” e “luta” ao falar sobre soldados alemães. “Essas coisas devem ser cortadas pela própria raiz”, disse Kukuchkina.

Já o blogueiro Serguêi Koliasnikov chamou o discurso de Desiatnichenko “um arrependimento” e o acusou de chamar soldados nazistas de “vítimas de guerra”.

Por isso, Koliasnikov contou ter pedido ao Ministério Público e ao governo federal que investiguem a fala de Desiatnichenko para verificar se trata-se de uma justificativa dos crimes nazistas (considerada uma ofensa criminal na Rússia).

O porta-voz da presidência, Dmítri Peskov, já declarou, entretanto, que o discurso em questão não requer qualquer reação do Kremlin. “Não ficou claro porque ele está sendo perseguido de modo tão exaltado. É óbvio que o aluno não quis dizer nada de ruim e que ele estava muito nervoso ao fazer o discurso no Bundestag. Acho que é errado acusá-lo de intenções maliciosas, ou, pior ainda, de propaganda nazista”, disse.

O prefeito de Novyi Urengoi, Ivan Kostogriz, também afirmou que o discurso do estudante que não pode ser percebido como uma justificativa do fascismo. Segundo ele, essa interpretação das palavras de Desiatnichenko seria “uma provocação contra o povo russo e nossa atitude em relação aos eventos na Grande Guerra Patriótica”.

Nadejda Noskova, porta-voz do governador da região de Iamalo-Nenetsk, disse apenas que o “foco da atenção foi alterado” durante a discussão do discurso do aluno.

A iniciativa do colégio de Novyi Urengoy e do Friedrichsgymnasium em Kassel não é a única para celebrar as vítimas de guerra tanto do lado russo como alemão.

Em 16 de dezembro de 1992, ambos os governos assinaram um acordo para manter os túmulos de soldados alemães na Rússia e soldados russos na Alemanha.

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