A esposa do reformista Pedro, o Grande era tão peculiar quanto o reinado do marido – ele vivia no ritmo frenético da modernização, visando desarraigar o estilo de vida tradicional da Rússia e substituí-lo por hábitos europeus.
Não se sabe ao certo onde nasceu a primeira imperatriz russa Catarina 1ª.
Alguns especialistas afirmam que era sueca, mas a maioria dos pesquisadores acredita que a imperatriz tenha nascido no território de um dos atuais países bálticos – Estônia ou, mais provavelmente, Letônia. Ficou órfã durante a peste e foi criada por um pastor local. Era então conhecida como Marta Skavronskaia e trabalhava como lavadeira.
Caminho ao trono
Quando tinha 17 anos, a futura imperatriz casou-se com um cavaleiro sueco (que poderia ter sido um trompetista militar). Por volta dessa época, em 1702, a vida de Marta foi drasticamente afetada pela Grande Guerra do Norte, travada entre a Rússia e a Suécia, já que o lugar onde morava fora tomado pelas tropas russas.
A jovem tornou-se prisioneira e mudou de mãos várias vezes, dos patamares mais baixos até o marechal de campo Boris Sheremetiev. Na casa deste, conheceu o homem de confiança do tsar, Aleksandr Menchikov, que se interessou pela jovem. Marta mudou-se como criada para o lugar favorito do tsar Pedro, o Grande – que também se encantou com a mulher.
Marta manteve amizade com Menchikov durante a vida toda. A proximidade entre eles se devia ao fato de terem origens semelhantes – ambos plebeus.
Metida com magia?
A relação de Marta com Pedro durou até a morte dele, em 1725 – quando assumiu o trono, tornando-se a primeira mulher na história a governar a Rússia.
O tsar havia coroado Marta como cogovernante do Império Russo no ano anterior. A essa altura, ela já havia sido batizada como cristã ortodoxa e tinha tido o nome trocado para Catarina.
Há opiniões contraditórias sobre a aparência de Catarina.
De acordo com um de seus contemporâneos, “ela se destacava por sua beleza e estatura”. Paralelemente, o historiador Evguêni Anisimov alega que a imperatriz “não tinha a beleza angelical de sua filha Isabel 1ª e a refinada graça de Catarina 2ª. Ela tinha ossos largos, era gordinha e queimada de sol como uma camponesa”.
A polêmica sobre seu visual e a forma como havia atingido o nível mais alto da sociedade russa fez com que algumas pessoas pensassem que a imperatriz tinha algum envolvimento com magia. O cabo de um dos regimentos do Exército russo Vassíli Kobilin chegou a afirmar com seriedade que Catarina usara algum tipo de feitiçaria para “amarrar” o tsar. Segundo o cabo, a magia teria participação de Menchikov – o que também explicava sua longa presença perto do trono.
“Katerinuchka” é amor
Ao ler as cartas que Pedro e Catarina trocavam, é evidente que a relação era forte e sincera. “Katerinuchka [pequena Catarina], minha amiga”, inicia ele.
Ela era uma das poucas pessoas que não temia os famosos ataques de raiva de Pedro, conhecido por seu temperamento severo. O tsar decapitou pessoalmente vários soldados que participaram de um motim e participou da tortura do próprio filho Aleksêi, condenado por traição. Dizem que Catarina o “acalmava”.
Pedro até perdoou a infidelidade da mulher divulgada pouco antes de sua morte. O amante, no entanto, perdeu a cabeça como resultado da ira do imperador.
Após a morte de Pedro, Catarina 1ª tornou-se imperatriz com a ajuda da guarda de elite e de Menchikov. Foi ele quem atuou como governante de facto durante seu breve reinado de dois anos, que terminou com a morte da imperatriz em 1727.