A região mais isolada da Rússia pelas lentes do fotógrafo Boris Register

Vila de Misovka, na região de Kaliningrado, 2018.

Vila de Misovka, na região de Kaliningrado, 2018.

Boris Register
Em seu projeto ‘Elipse do tempo’, Boris Register captura o espírito evasivo de Kaliningrado, exclave russo banhado pelas águas do Mar Báltico.

A província russa de Kaliningrado fica entre a Polônia e a Lituânia ao longo da costa do Báltico. Antes conhecida como Königsberg, esta região costumava ser centro cultural e administrativo da Prússia e, mais tarde, do Império Alemão.

Uma metáfora de Kafka. Tcherniakhovsk (Insterburg), região de Kaliningrado, 2013.

No final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, a cidade foi incorporada à União Soviética e mudou de nome para Kaliningrado.

Boris Register se mudou da República Soviética do Uzbequistão para Kaliningrado, junto com outros russos étnicos, que se reuniram em seu país de origem após o colapso da URSS em 1991.

Znamensk, região de Kaliningrado, 2011.

Naquele mesmo ano, em 1991, o fotógrafo começou a documentar a transformação de Kaliningrado e seus arredores, seu povo e a forma como absorveram e mantiveram o legado prussiano e alemão da região. Foi um momento de virada na vida criativa do fotógrafo — e de onde nasceu a ideia que está no cerne do projeto em curso chamado ‘Elipse do tempo’.

Znamensk, região de Kaliningrado, 2011.

No âmbito do projeto, Register reflete sobre como esta área histórica, isolada da Rússia continental, mudou sob a influência da língua, cultura e povo russos — ganhando uma nova identidade que eclipsou a antiga.

Ícaro, região de Kaliningrado. Gvardeisk, 1991.

“[O tempo passado] lembra o barulho dos cascos dos cavalos na calçada e o badalar do primeiro sino da antiga igreja. Uma nova era chegou, uma nova pessoa, que ofuscou este passado, substituiu-o por seus próprios slogans, linguagem, cultura e tradições”, explicou Register.

Segundo o fotógrafo, o objetivo é analisar como os novos moradores convivem com resquícios da cultura passada.

Assentamento de Iásnoe, na região de Kaliningrado, 2019.

“Todo dia, inclusive hoje, é passado. Simplesmente não olhamos para trás e não vemos que outro dia passou para a história”, disse o fotógrafo.

Pessoas comuns que vivem em Kaliningrado e seus arredores são os principais temas de suas fotos. Algumas das imagens evocam uma tristeza inexplicável, enquanto outras exalam esperança e felicidade.

Em 2016, Boris Register tornou-se um dos vencedores do concurso Alfred Fried Photography Award. Foi assim que o júri descreveu sua obra:

Futebol. Assentamento de Tchekhovo, região de Kaliningrado, 2017.

“Boris Register, nascido em 1963 em Tachkent, República Soviética do Uzbequistão, é um dos fotógrafos documentais russos que trabalha com o silêncio. Com a poesia crua do cotidiano. A vida que não carrega nada de sensacional. E nada pomposa. Ele está com as pessoas que geralmente são chamadas de pessoas comuns. Respeita a discrição das pessoas que vivem na periferia. O Extremo Ocidente Russo: Kaliningrado. Outrora um território disputado, uma zona de guerra, de desastre, um lugar de onde pessoas foram expulsas e que foi conquistado. Agora uma periferia, porém ainda carregada de história. E agora: uma pequena aldeia, campo de jogos, santuário para idosos. A paz da província. A paz na trilha pelos campos que levam à floresta.”

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