Nos rincões da Rússia, como as crianças nômades conseguem chegar à escola?

Arne Hodalic/Corbis/Getty Images
Com a proximidade do novo ano letivo na Rússia, alunos de áreas remotas do país encontram alternativas para não perder os estudos.

A zona ártica da Rússia é uma vasta área com poucas estradas e tundra sem fim. Os povos nômades do norte criam renas, movendo-se de um lugar para outro com suas famílias. Atualmente, existem mais de 20.000 nômades no país vivendo em todo o Ártico. São nenets, dolgans, evens e outros povos étnicos. Eis que surge a questão: e as crianças?

Na Rússia, todas as crianças são obrigadas a ir à escola, e as nômades não são exceção. Nos primeiros anos soviéticos, cerca de um século atrás, havia dois sistemas de educação desenvolvidos exclusivamente para elas. O primeiro, e mais comum, eram os internatos; neste caso, as crianças voltavam aos pais e para casa apenas nas férias de verão e inverno.

Para buscar os alunos, as autoridades regionais organizam “helicópteros escolares” especiais. No final de agosto, o helicóptero sobrevoa a tundra em busca de filhos de pastores de renas, e os leva para a escola.

Os internatos estão localizados em vilarejos ou cidades próximas e não diferem de outras escolas russas, exceto que as crianças não apenas estudem, mas também residem ali.

Atualmente, os internatos se tornaram parte do ciclo de vida habitual dos nenets,  e os pais apoiam as oportunidades que a educação oferece, como a capacidade de escolher entre viver na tundra ou permanecer em uma cidade. Foto tirada em Iar-Sale

Se a família tiver um apartamento ou parentes no assentamento, as crianças podem morar com os familiares, em vez de permanecerem no alojamento. Às vezes, somente os homens ficam na tundra, enquanto as mulheres seguem para o vilarejo com as crianças.

Escolas itinerantes

Crianças nenets em escola na Península de Iamal

Em algumas áreas russas, há outro conceito educacional na tundra – escolas nômades. Isso significa que a escola “anda” junto com o grupo de pastoreio de renas. Nesse caso, as crianças ficam mais tempo com suas famílias e não mudam drasticamente seu ambiente. Além de matemática, física e língua russa, os alunos aprendem artesanato tradicional, a sabedoria do pastoreio de renas e a língua local. Essas escolas são classificadas como filiais dos institutos de ensino rurais e são estabelecidas a pedido oficial de brigadas ou comunidades nômades. Para crianças em idade pré-escolar, também podem ser organizados jardins de infância nômades.

Atualmente, existem apenas cerca de 40 escolas nômades na Rússia, onde estudam cerca de 500 crianças: em Taimir, Iamal, Iakútia e outras áreas. Se o aluno tiver a intenção de continuar os estudos, ele geralmente faz Ensino Médio em um internato. Às vezes, é oferecido um modelo misto de educação, em tempo integral e meio período. Nos últimos anos, surgiu também a possibilidade de educação a distância.

As escolas nômades modernas, por sua vez, parecem unidades móveis, com mesas, quadros-negros e salas técnicas em seu interior. 

Há também pequenas escolas na forma de tchums (cabanas) tradicionais, que podem ser facilmente desmontadas e transportadas em trenós e renas para o próximo local.

Escolas na taiga

Os moradores da cidade muitas vezes sonham em morar na taiga, mas isso só soa romântico. Existem muitos vilarejos na Sibéria onde não há escolas, simplesmente porque poucas pessoas moram, de fato, na região. Ainda assim, as crianças precisam continuar estudando, e, às vezes, o caminho para a escola é uma verdadeira saga.

Gulnara Koldacheva, da vila de Sibiliakovo, na região de Omsk, costuma transportar o seu filho Aidar de barco pelo rio Irtich até a vila de Kurmanovo, onde o ônibus escolar o levará ao colégio na vila de Butakovo – fazendo o mesmo trajeto na volta.

Em muitas classes há apenas uma ou duas crianças.

Nas áreas remotas da Sibéria e dos Urais, onde há estradas, ônibus escolares e minivans GAZ levam as crianças para o colégio.

Os alunos às vezes chegam de bicicleta ou a pé (se estiver quente o suficiente).

Seus filhos reclamam de ir para a escola? 

Se a resposta for afirmativa, basta contar a eles algumas das histórias acima.

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