Inimigos em vida, Stálin e Trótski são “vizinhos” na Cidade do México

Mikhail Sinitsin
O Russia Beyond descobriu várias ruas com nomes russos na capital mexicana e foi atrás dos moradores locais para ver se eles sabem de quem se tratam.

O distrito de Venustiano Carranza está localizado na zona leste da cidade, não muito longe do aeroporto. Há duas ruas ali com nomes que evocam dois personagens decisivos na história não apenas da Rússia, mas do mundo: ruas Stálin e Trótski. Nosso taxista, assim como vários mexicanos com quem conversamos, não se lembra quem são exatamente, embora tenha ouvido falar de Hitler e da Segunda Guerra Mundial.

A Rua Stálin, a primeira que encontramos depois de dar várias voltas de táxi, está quase toda decorada com elementos que evocam a recente celebração do Dia dos Mortos.

Um pai e seu filho pintam simbolicamente a fachada da casa de vermelho.

“Sei que Stálin teve problemas com Trótski, o da rua ao lado. Ele [Trótski] viveu no México até sua morte.”

Encontramos Trótski na rua paralela à de Stálin. Por ironia do destino, esses dois inimigos mortais vivem lado a lado no México.

Como em vários bairros mais humildes do México, há muitos vira-latas, algum lixo, sucata e roupas penduradas para secar no meio da rua.

Um vizinho vem nos dizer que Lev Trótski fugiu da Rússia e quando chegou ao México fez amizade com importantes artistas mexicanos, como Frida Kahlo e Diego Rivera.

Já quase no centro da cidade, no belo bairro de Roma Norte, seguimos para o Jardim Púchkin.

Há um parque para cães onde estão reunidos mais de 35 deles, quadras de basquete, campos de futebol e playground para crianças.

Tudo isso fica atrás do monumento ao poeta russo Aleksandr Púchkin e ao lado de uma estação de metrô de mesmo nome. “Por que se chama Púchkin? – Não sei”, é a resposta mais comum.

“É um lugar muito bonito na cidade. Recentemente, eles o reformaram. Púchkin, acho que era poeta ou escritor, mas não sei de onde veio”, diz, enfim, um transeunte.

Bem no centro e perto do Anjo da Independência, há um conjunto de ruas com nomes de rios do mundo inteiro. E o Volga não poderia faltar.

Há barraquinhas de tacos e tamales, trânsito intenso e gente correndo de um lugar para outro com pressa. “Não, senhorita, não sei onde fica esse rio”, “Ao lado da rua do rio Nilo”, são algumas das respostas que ouvimos das pessoas que passam.

Entramos em uma garagem para perguntar se alguém sabe onde fica o Volga. Alguns dizem que não, mas apontam para um homem que sabe muito, um mecânico. Nós então o abordamos: “Na Rússia. Sei que os russos são felizes, gostam de festa, como nós latinos”.

Como podemos ver em uma placa na rua, este não é um dos mais limpos da cidade.

Finalmente seguimos para o distrito de Miguel Hidalgo, no noroeste da capital mexicana. Ao longo do famoso Paseo de la Reforma, perto do Museu de Antropologia e do Jardim das Nações Unidas, encontramos um grande número de ruas com nomes que relembram poetas, escritores e filósofos de todo o mundo.

Encontramos a Tolstói graças às indicações que nos são dadas por uma jovem mãe russa que caminhava com sua babá mexicana e os dois filhos pequenos. “Um escritor russo, mas nunca o li, não lembro como se chamam seus romances”, diz a babá.

Uma placa de ponto de ônibus de cabeça para baixo, alguns prédios muito modernos, uma casa de câmbio que vemos de um pequeno café de comida indiana onde decidimos almoçar.

Aqui a cidade se apresenta de forma mais opulenta, com arranha-céus e outros edifícios modernos de escritórios e apartamentos residenciais.

Nos Montes Urais, falamos com um garoto: “Acho que eles estão localizados na Europa, na Alemanha, se não me engano”.

Altai tem casas com belos jardins e orgulhosos donos de cães a tiracolo ou praticando esportes.

Perto da delegacia, um policial nos pergunta de onde somos.

Ele apenas sorri em resposta às nossas perguntas e nos diz que neste bairro se pode caminhar tranquilamente, mas que devemos ter cuidado em outras áreas da cidade.

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