Séculos atrás, os camponeses russos comiam os frutos de suas fazendas ao longo do ano. No verão e no outono eles estocavam comida para o inverno, cogumelos e ervas secas. Aqui estão algumas plantas inesperadas com as quais eles aprenderam a preparar alimentos.
No século 19, muitas pessoas no território russo preparavam pão com grãos brancos de erva sal na primavera para acompanhar a nova colheita de grãos.
O escritor Lev Tolstói escreveu: “Pão com erva sal que quase todos consomem – com 1⁄3 e em alguns com 1⁄2 de erva sal –, o pão é preto, preto como tinta, pesado e amargo; este pão, todos comem – tanto crianças, como grávidas, lactantes e doentes... Este pão não pode ser comido por si só. Se você comer este pão com o estômago vazio, você vomitará”.
Embora fazer farinha de grãos de erva sal (aliás, um parente da quinoa) seja um processo de moagem complicado, comer a sua parte verde não é difícil. As hastes poderiam ser adicionadas a saladas e sopas. Também podia ser consumida sem tratamento térmico adicional, colhendo o caule no campo durante o trabalho.
Embora a reação do corpo nem sempre seja inequívoca, a erva sal é usada na medicina popular, porque contém muitos aminoácidos benéficos, vitaminas e óleos essenciais. Melhora a digestão, favorece o funcionamento dos rins e é boa para o sistema cardiovascular.
As raízes de vicia também eram usadas como alimento de primavera. Nos arquivos da Academia de Ciências de São Petersburgo há evidências de como na Carélia, durante a primavera, preparava-se um pão achatado de sabor amargo feito com farinha de centeio ou trigo e farinha de raiz de vicia. Esta erva costuma nascer nas margens de grandes riachos e cresce a uma altura de três quartos de arco (cerca de 54 cm). Quando a primavera chega, os aldeões desenterram a raiz, secam e moem, convertendo-a em farinha.
Esta planta, semelhante a uma leguminosa, não requer calor e pode ser cultivada em campos antes do plantio de grãos ou batatas. Hoje em dia é usada sobretudo na agricultura para alimentação animal. A matéria verde contém mais de 20% de proteína, bem como diversos aminoácidos.
O nome popular desta flor na Rússia é kachka – e é especialmente adorada por crianças: no verão, são atraídas por inflorescências cheias de néctar doce. Os apicultores fazem um mel de trevo de coloração âmbar clara. As flores de trevo também são secas e transformadas em chá. No Cáucaso, as flores de trevo são usadas ainda como chucrute e adicionadas às saladas no inverno. Em tempos de escassez e fome, plantas e folhas secas de trevo eram adicionadas à farinha para assar pão, além de usadas para conferir sabor à sopa de repolho.
Na medicina, seus benefícios para a saúde foram comparados aos do ginseng. Auxilia no tratamento de diabetes, asma brônquica, anemia e é usada como antisséptico.
A primeira menção à bebida medicinal à base de flor de erva de salgueiro aparece em manuscritos do século 12. O então governante russo, Aleksandr Nevski, após uma batalha com os cruzados, provou pela primeira vez a bebida curativa dos monges locais em Koporie (não muito distante de São Petersburgo). No dia seguinte, ele sentiu uma explosão de energia sem precedentes e instruiu a população local a coletar a erva (flor silvestre) para este chá a fim de aliviar o sofrimento de seus soldados em batalha. A produção em massa de chá de casca de bétula começou sob a imperatriz Catarina, a Grande, no século 18. Nessa época, a flor de erva de salgueiro começou a ser fornecida para as capitais russas e algumas europeias. Era um substituto local e barato para o chá chinês.
Antes, a erva podia ser encontrada em muitas casas, onde as plantas eram colhidas. Além disso, a parte verde do salgueiro era adicionada a sopas e saladas de repolho verde. As raízes secas também eram utilizadas para fazer um substituto do café. Atualmente, é usada sobretudo para fazer chá e um doce semelhante ao mel.
Recomenda-se beber como infusão em caso de falta de vitaminas e resfriados, para prevenção de derrames e ataques cardíacos e no caso de doenças do sistema urogenital.
Nos tempos antigos, acreditava-se que as urtigas afastavam os maus espíritos e as maldições. A erva era tecida em bolsinhos como talismã, em pulseiras trançadas ou em uma guirlanda pendurada na cerca.
A receita da sopa de urtiga pode ser encontrada nas notas culinárias de Serguêi Drukovtsov, datadas de 1779: as urtigas são escaldadas e então adiciona-se um ovo, carne de vaca e banha de porco. Às vezes, acrescenta-se azedinha à sopa de urtiga para dar um toque extra. As urtigas também podem ser usadas em saladas e omeletes, ou secas para o inverno.
Elas melhoram a digestão, aliviam a tosse e são usadas em xampus e outros cosméticos.
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