1. Edifícios soviéticos de cinco andares vieram da França
A construção de prédios de cinco andares na URSS começou no final da década de 1950. Passaram a ser chamados de “khruschovkas”, pois a maioria foi construída sob o mandato do secretário-geral Nikita Khruschov, entre 1953 e 1964.
Os líderes soviéticos pretendiam criar moradia para o maior número possível de pessoas, oferecendo suporte na mudança das aldeias para as grandes cidades e dispersando as áreas comunais. Paralelamente, essas habitações eram baratas e espaçosas: não havia elevadores ou depósito de lixo nos prédios de cinco andares nem havia porões ou sótãos. Uma equipe de pedreiros era capaz de erguer essas casas em 12 dias trabalhando em três turnos ininterruptos. Durante os anos do governo Khruschov, mais de 13.000 espaços residenciais foram construídos na URSS e quase todos eram edifícios de cinco andares.
A tecnologia de construção de prédios pré-fabricados foi originalmente adotada na França pelo arquiteto Raymond Camus. Ele patenteou sua tecnologia em 1949. Uma década depois, a URSS comprou na França a primeira linha tecnológica para a produção de painéis de concreto, e depois adquiriu de Camus uma licença para o esquema de produção em massa dos painéis, que foi posteriormente reformulado pelo engenheiro soviético Vitáli Lagutenko. Seu trabalho deu origem à série K-7 de prédios soviéticos de cinco andares.
2. Nove andares para economizar
Pode parecer estranho que na URSS, após o boom dos prédios de cinco andares, começaram a ser construídos no início dos anos 1960 edifícios de nove andares. Mas por que não dez? A resposta para isso é austeridade. Os de cinco andares eram construídos sem elevadores, mas, segundo os padrões soviéticos, os de nove andares exigiam elevador, e com dez ou mais pressupunham que um segundo elevador, de serviço, fosse instalado.
Outro fator era a segurança contra incêndio. A altura de uma escada motorizada padrão, usada por bombeiros, é de 28 metros. Essa é exatamente a altura necessária para os bombeiros chegarem ao nono andar. Se o edifício fosse mais alto, os requisitos de segurança contra incêndio exigiriam a construção de um sistema de fumaça, encarecendo o projeto.
3. As entradas eram pintadas de verde ou azul
A tinta verde era muito usada para camuflagem em veículos militares e a azul para caminhões e máquinas agrícolas, razão pela qual sempre foram abundantes na URSS.
As entradas dos prédios de cinco e nove andares costumavam ser pintadas da seguinte maneira: a metade inferior era pintada com tinta, e a superior, com cal. A pintura era mais prática, mas a caiação permitia às paredes “respirarem”, protegendo-as contra o mofo.
A parte pintada era fácil de limpar pelos próprios moradores. O contraste entre a pintura e a cal na altura dos olhos formava uma linha brilhante e tinha como objetivo ajudar os moradores a fugir em caso de incêndio. Além disso, verde e azul são cores altamente saturadas, por isso escondiam bem as falhas e imperfeições na pintura.
4. Os apartamentos tinham duas portas cada
Na construção das khruschovkas, foram instaladas portas de madeira que não retinham bem o calor nem forneciam isolamento acústico confiável. Os inquilinos tentavam incrementar o isolamento colocando espuma de borracha e estofando com dermantina. Com o tempo, uma segunda porta foi inventada pelo mesmo motivo. Um bônus adicional disso era a possibilidade de colocar mais fechaduras nas duas portas e, assim, reforçar a segurança.
5. Janela do banheiro
Por incrível que pareça, durante os tempos soviéticos, os construtores começaram a instalar janelas nos banheiros desses prédios para fins práticos – mais luz, melhor ventilação e menos bactérias. Também não seria necessário acender as luzes durante o dia. Os moradores costumavam ser criativos com as decorações das janelas, fosse pendurando cortinas, instalando vitrais ou pintando com spray mesmo. Além disso, se uma pessoa passasse mal dentro do banheiro, os parentes tinham acesso rápido ao apartamento.
LEIA TAMBÉM: Por que os russos vivem em ‘formigueiros’ se o país é tão grande?