Principal especialista russo em Napoleão é detido após matar e esquartejar aluna

Sokolov durante reconstrução histórica

Sokolov durante reconstrução histórica

Kirill KallInikov/Sputnik
Acadêmico, que confessou o crime, mantinha relação amorosa com jovem de 24 anos. Enquanto as investigações prosseguem, apresentamos aqui as últimas informações sobre essa trama macabra.

Na noite de 8 a 9 de novembro, um motorista de táxi avisou a polícia que havia um indivíduo nas águas do rio Moika, em São Petersburgo. O homem foi resgatado. Descobriu-se que era Oleg Sokolov, de 63 anos, historiador e um dos maiores especialistas russos em Napoleão. Ele estava carregando uma mochila na qual havia dois antebraços de mulher que tinham sido cortados e uma arma.

A identidade da vítima foi determinada dentro de pouco tempo. Era sua jovem companheira, Anastassia Iéschenko, de 24 anos, ex-aluna de Oleg no Instituto de História da Universidade Estatal de São Petersburgo. A jovem, que foi coautora de diversas publicações sobre a história da França, mantinha um relacionamento amoroso com Sokolov havia cinco anos, confessou o próprio historiador.

No dia anterior, de manhã, o professor matou a jovem, com quem morava, com quatro tiros disparados de um rifle de pequeno calibre, conforme relatou no interrogatório. Na noite do dia 8, enquanto o corpo de Anastassia ainda estava em casa, Sokolov recebeu vários convidados, que não perceberam o que havia acontecido. Logo após, o assassino começar a desmembrar o corpo com uma serra e uma faca de cozinha.

Na madrugada, em estado de embriaguez, o pesquisador foi em direção ao rio próximo para se livrar das sacolas que continham as pernas e os antebraços da vítima. No entanto, ao fazê-lo, acabou caindo na água.

Quem é Oleg Sokolov?

Autor de uma tese sobre os oficiais franceses da era napoleônica e de inúmeros livros dedicados a Bonaparte, Sokolov é um especialista renomada em seu campo, tanto na Rússia quanto na França. Foi três vezes convidado pela École Pratique des Hautes Études de Sorbonne, é membro principal da Sociedade Militar e Histórica da Rússia e, desde 2000, leciona história moderna da Universidade Estatal de São Petersburgo. Sokolov também foi professor e membro do conselho científico do Instituto de Ciências Sociais, Econômicas e Políticas, fundado em 2018 em Lion e do qual foi excluído quando as notícias vieram à tona.

Jacques Chirac fez dele um Cavaleiro da Legião de Honra em 2003, e Sokolov também participou de diversas reconstruções históricas. Era frequentemente consultado para filmagens relacionadas a Napoleão, que lhe renderam o apelido de “Senhor” ou “Sua Majestade”, tal como no TF1 em 1988.

No entanto, foi protagonista de vários escândalos, como as acusações feitas contra ele em 2008 por outra ex-aluna, com quem supostamente teve um relacionamento amorosa e que foi vítima de violência depois de anunciar seu desejo de se separar.

Muitas pessoas que participam de seu círculo falam de sua personalidade problemática, e ele era conhecido por seus romances com alunas. “É um grande especialista da era napoleônica. Durante as aulas, passava às vezes para o francês e parodiava Napoleão e seus generais. (...) Todo mundo o via como alguém completamente absorto no assunto”, comenta Fiódor Danílov, um de seus alunos.

Investigação prossegue

Após dois dias de busca, foram encontradas nas águas do rio Moika as pernas da mulher assassinada. O corpo e a cabeça estavam na casa de Sokolov, junto com vários objetos pontiagudos, o rifle e a munição.

Depois de uma breve hospitalização, o professor foi preso e confessou os fatos, alegando querer cooperar com as autoridades e ter se arrependido do ato.

“A versão de defesa se baseia, por enquanto, no fato de Oleg ter agido sob a influência de um fator poderoso, de que algo o teria influenciado fortemente. Pode ser um estado de intoxicação patológica ou uma ‘paixão’ explosiva”, declarou seu advogado, Aleksandr Puchúiev, citado pelo jornal RBC. Ainda segundo a defesa, Sokolov deverá realizar uma avaliação psiquiátrica “em breve”.

Na última segunda (11), o pesquisador declarou em tribunal que o crime havia sido motivado pela aversão de sua parceira por suas duas filhas, nascidas de um relacionamento anterior. A inimizade teria atingido seu pico na noite de sexta-feira, quando o historiador anunciou à namorada que pretendia passar o fim de semana com as filhas; teriam então iniciado a discutir.

No entanto, permanece a segunda teoria, de ciúme. O irmão de Anastassia disse ao canal de televisão Piati Kanalque que recebeu, poucas horas antes da tragédia, um telefonema da irmã. Ela lhe disse, chorando, que havia brigado com Sokolov: “Queria ir ao aniversário de um amigo, mas isso não agradou o historiador, que a estuprou.”

“Pedi para ela deixá-lo, mas ela disse que tinha que voltar para casa [ao apartamento], porque tinha todas as suas coisas lá. Depois do ocorrido, ela planejava voltar ao abrigo estudantil da universidade para se recuperar”, afirmou Serguêi Iéschenko.

À espera do julgamento, Sokolov é acusado de assassinato, e o pedido de prisão domiciliar feito por seu advogado foi rejeitado pela justiça. A princípio, Sokolov permanecerá preso até 8 de janeiro de 2020.

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