Aos 5 anos, russa bate recorde de snowboard ao dar salto de 540º

Estilo de vida
ALEKSANDRA GÚZEVA
No inverno, Vassilíssa viaja para as montanhas nevadas e, no verão, não sai de cima de seu skate. Amante de aventuras e velocidade, ela não tem medo de cair.

“Preparada, pronto, vai!”, grita o pai. Vassilíssa parte e desliza rapidamente sobre o snowboard até chegar ao trampolim. Cambalhota dupla e aterrissagem suave. Há leveza em todos os movimentos. “Aí, Vassia”, continua. Não seria algo inusitado se não fosse pelo fato de Vassilíssa ter apenas cinco anos de idade.

Natália e Anton Iermákov são adeptos do snowboard há muito tempo, mas não planejavam incutir o mesmo apreço pela prancha na filha – aconteceu por acaso: “Estávamos descarregando o carro, ela viu minha prancha de snowboard, colocou-se sobre ela e saiu descendo pela montanha”, conta Natália. Os dois continuaram imóveis, boquiabertos. Na época, Vassilíssa tinha nada mais que três anos de idade.

Os pais decidiram que a garota deveria primeiro tentar o esqui alpino. Vassilíssa praticou a modalidade durante todo o inverno, mas ao passear com o pai perto de casa, viu algumas crianças andando de skate – foi paixão à primeira vista.

Foi então que eles compraram skates para a família e começaram a andar juntos, preparando-se para a temporada de inverno.

Vassilíssa ficou de pé em uma prancha de snowboard quando tinha quatro anos e meio. Três meses depois, já havia entrado no Livro do Recordes da Rússia como a pessoa mais jovem a fazer um salto de 540º sobre a prancha.

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Os pais nunca obrigaram a menina a praticar; no começo eles sequer queriam comprar um snowboard para ela. Mas Vassilíssa pediu a prancha de presente de aniversário.

“Ela é fanática, quer andar de skate o tempo todo”, diz Natália. Às vezes, os pais perguntam à menina se quer descansar um pouco, mas ela se recusa.

Vassia pede para andar na prancha todo fim de semana – no inverno, eles seguem para a montanha, e no verão, com seu skate sobre o asfalto.

O pai, Anton, é praticante profissional de snowboard e treina a filha no complexo esportivo Kant, a cinco minutos de carro da casa. Há também um centro com trampolins, onde a garota treina semanalmente, e pratica saltos e cambalhotas que em pouco tempo arrisca nas encostas de montanhas nevadas.  

A garota não tem medo de velocidade ou altura – e muito menos de cair. No verão pratica descidas com o skate. Caiu algumas vezes e rasgou a pele da bochecha. Mas só chorou por cinco minutos e depois voltou para a montanha.

Sua mãe também adora esportes radicais e não tem medo quando a filha tenta fazer truques e saltos difíceis.

“Também gosto e confio nela. Nos preparamos muito bem. Fico maravilhada e digo a mim mesma: uau, há coisas que nem eu consigo fazer”, diz Natália.

Vassilíssa adora sobretudo competições e não fica nem um pouco nervosa. Gosta muito quando há outras crianças com snowboards por perto. Há pouco tempo, Vassia venceu uma competição de slalom na escola de esqui Krilovikh.

“Na Rússia ainda não há um grande movimento de snowboard para crianças”, diz Natália, mas, segundo ela, percebe-se uma tendência positiva. No ano passado, na competição de Krilovikh, havia sete crianças e, neste ano, 50. Todos os pais colocaram suas crianças sobre a prancha desde os primeiros anos de idade. 

“Mãe, eu também quero”, diz Vassilíssa enquanto assista no tablet a um vídeo de esportes radicais internacionais, no qual um dos praticantes dá um salto triplo. Ela ainda não sabe fazer uma pirueta dessas, mas já domina o salto de 720º de costas.