Atleta se mudou para a América Latina em 2008
Arquivo pessoalA jovem russa Valentina Shevchenko ganhou fama em meados deste ano ao vencer inesperadamente uma das melhores lutadoras do UFC, Holly Holm. Para Valentina, este era o seu terceiro combate no campeonato de MMA mais prestigiado do mundo, mas nem sua condição de novata, nem as medalhas de sua rival lhe causaram medo.
Entretanto, Shevchenko, que acumula 17 títulos mundiais de boxe tailandês, adaptou-se rapidamente ao novo esporte e sequer dá especial importância à recente vitória.
“Na verdade, Holm é uma adversária cômoda para mim. Minha irmã Antonina tem a mesma altura que ela e também trabalha na academia comigo. Por isso, quando estava me preparando, imitamos a forma de combate de Holly Holm. Ela não fez nenhuma mudança em particular em sua técnica, e a minha acabou sendo melhor”, diz a atleta.
Vitória de Shevchenko (dir) sobre Holm, em julho, alçou lutadora à fama Foto: AP
Casa (não tão) nova no Peru
Ao contrário de sua irmã, que prefere boxe tailandês (e venceu o último campeonato do mundo na Suécia), Valentina decidiu mudar drasticamente de carreira ao passar para as artes marciais mistas. Mas mudanças radicais não são novidade para ela.
Shevchenko começou a se dedicar ao boxe tailandês em sua terra natal, o Quirguistão. NA UFC, a jovem vem atuando por seu país, embora também tenha nacionalidade russa e peruana. Alguns dos títulos de boxe foram até conquistados sob a bandeira russa, quando morava em Sôtchi, mas segunda ela, sua casa está mesmo no Peru.
Fonte: YouTube/Medal TV
A atleta se mudou para a América Latina em 2008, por iniciativa do treinador Pável Fedotov, e desde então não se imagina em outro lugar.
“É uma linha ininterrupta de praias, montanhas e, claro, o rio Amazonas. Este é um daqueles lugares que ainda conservam seu aspecto mais selvagem. Na maioria dos locais na Amazônia é impossível viajar de carro, não há estradas. Esses lugares só podem ser alcançados de barco ou avião. Lá, em uma dessas aldeias, comprei um pequeno lote com uma casa, que se tornou o nosso campo de treinamento”, conta.
Em geral, os lutadores de MMA aperfeiçoam sua técnica no Brasil e na Tailândia, países com forte tradição de artes marciais, mas, para Shevchenko, o Peru provou ser o país perfeito para treinar. Durante o primeiro ano, a jovem enfrentou lutadoras locais e organizou seminários em diferentes espaços de lutas marciais na região.
No Peru, Shevchenko costuma treinar em espaços abertos Foto: Arquivo pessoal
No Peru, também encontrou tempo para se dedicar a outra paixão: a dança. “Comecei a praticar dança e artes marciais quase que ao mesmo tempo. Perto de casa havia um clube de jovens e comecei a frequentar bailes. Minha mãe ia comigo”, diz a lutadora, que já participou de um reality show para dançarinos no país latino-americano.
“Foi um concurso com cinco dançarinos. Cada um tinha dois dias para ensaiar. O júri era muito rigoroso, mas o meu parceiro e eu vencemos as cinco etapas e dividimos o primeiro lugar com um casal de brasileiros.”
Outro hobby de Valentina também combinou com seu apelido, “Bala”, embora o nome carinhoso tenha surgido muito antes da atleta começar a se interessar por tiro.
Shevchenko chegou até a ficar em segundo lugar em uma das etapas do campeonato de tiro no Peru. Por ironia do destino, nesse mesmo dia a atleta foi obrigada a colocar suas habilidades em prática durante um tiroteio com bandidos em um restaurante.
Tiro e dança são outros passatempos da lutadora Foto: Arquivo pessoal
Descanso e trabalho, tudo junto
Apesar do isolamento, Shevchenko garante que não tem dificuldade em conciliar sua vida e trabalho – pode treinar em uma praia, na cabana, ou até no meio da selva.
“Não fazemos distinção entre hora de trabalho e tempo para descansar. Viajamos muito, treinamos em diferentes ginásios e na natureza... Surfamos nas ondas do oceano; já na Amazônia, temos um barco a motor e percorremos seus rios intermináveis e florestas por vários dias”, conta.
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