Reeleito para presidência da Fifa na última sexta-feira, Blatter renunciou ao cargo quatro dias depois Foto: EPA
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, surpreendeu os dirigentes esportivos russos ao entregar seu cargo na terça-feira passada (2). Apesar de relacionarem a renúncia do suíço, que havia sido reeleito quatro dias antes, à pressão nascida do escândalo de corrupção, os russos garantem que não há razão para rever a decisão de realizar a Copa do Mundo na Rússia em 2018.
“Não foi a decisão de uma pessoa isolada, mas a decisão do comitê executivo. Não existe nenhuma ameaça [à realização do campeonato na Rússia]”, declarou o ministro russo dos Esportes, Vitáli Mutko, em entrevista ao canal de TV Rússia 24.
A mesma opinião foi expressa pelo presidente honorário da Federação Russa de Futebol e ex-membro do comitê executivo da Fifa e da Uefa, Viatcheslav Koloskov. Entrevistado pelo jornal “Sport-Express”, Koloskov defendeu que “mesmo agora não existe nenhuma razão para transferir a Copa do Mundo de 2018 para outro país ou para retirá-la da Rússia".
Após o anúncio do atual presidente da Fifa, o presidente da Associação de Futebol da Inglaterra Greg Dyke afirmou que a questão relativa aos locais onde serão realizadas as próximas duas Copas do Mundo, de 2018 e 2022, poderia ser revista. O FBI e o Departamento de Justiça dos Estados Unidos estariam realizando uma investigação que abrange também Blatter.
Joseph Blatter, que ocupa a presidência da Fifa desde 1998 e foi reeleito pela quinta vez para o cargo na sexta-feira passada (29), anunciou a decisão de renunciar ao cargo durante coletiva na noite do último dia 2. Segundo ele, a iniciativa se deve ao fato de a sua reeleição “não ter sido apoiada por todas as entidades do futebol”. As novas eleições serão realizadas entre dezembro de 2015 e março de 2016, anunciou Domenico Scala, do Comitê de Auditoria da Fifa.
Caixa de Pandora
Os observadores entrevistados pela Gazeta Russa concordam com as avaliações dos dirigentes esportivos do país e não veem qualquer ameaça imediata para a realização do torneio na Rússia.
“Isso foi de fato uma decisão coletiva, tomada não apenas por Blatter, mas pelo comitê executivo da Fifa”, disse o ex-diretor do escritório da Fifa em Moscou, Valéri Tchukhri, que, por enquanto, não vê motivo para privar a Rússia do campeonato.
Porém, acredita-se que a situação pode se complicar caso qualquer informação comprometedora para o país seja encontrada durante o inquérito. “A caixa de Pandora já foi aberta, e vão surgir mais notícias sobre casos de corrupção na Fifa”, disse à Gazeta Russa o diretor-geral do portal sports.ru Dmítri Navocha.
O surgimento de provas graves de corrupção entre mais dirigentes da Fifa não significaria, contudo, o cancelamento automático das decisões tomadas anteriormente pela organização, sobretudo porque a Rússia não figura nas declarações feitas por agências norte-americanas que estão conduzindo as investigações.
Além disso, como Blatter ainda permanecerá no cargo por quase um ano, “no caso de surgir a decisão de tirar a Copa do Mundo da Rússia, a Fifa ficará com muito pouco tempo para organizá-la em outro lugar”, diz Tchukhri.
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