Como a carne, futebol brasileiro é aposta em tempos de crise

Primeiro brasileiro no futebol russo, Robson Luis, chegou ao país em 1997 para defender o Spartak Foto: Vladímir Fedorenko/RIA Nóvosti

Primeiro brasileiro no futebol russo, Robson Luis, chegou ao país em 1997 para defender o Spartak Foto: Vladímir Fedorenko/RIA Nóvosti

Com dificuldades financeiras geradas pela crise do rublo, orçamento de times do país deve cair em 30%. Ex-jogadores brasileiros e especialistas russos falam à Gazeta Russa sobre as perspectivas brasileiras.

Nem só a carne brasileira deve se beneficiar com os efeitos das sanções ocidentais contra a Rússia. A opinião de um especialista no ramo: o ex-jogador Robson Luis.

Primeiro brasileiro no futebol russo, Robson Luis, chegou ao país em 1997 para defender o Spartak. Hoje, aos 40 anos, depois de aprender a língua e vencer o campeonato nacional cinco vezes com o mesmo time, além de receber o título de melhor artilheiro no ano 2000 e pendurar as chuteiras para agenciar outros jogadores, abriu suas próprias casas de carne no país.

"A difícil situação financeira na Rússia certamente diz respeito ao esporte e, claro, ao futebol. Nos últimos tempos, os empresários russos não economizaram em transferências, até dando algum prejuízo, mas isso não influenciou em seus gastos. Agora, porém, a situação mudou completamente. É preciso economizar cada dólar", diz ele.

"Acho que os clubes russos vão apostar nos seus pupilos e se reforçar com com lendas dos países da ex-Iugoslávia e do Brasil. Acho que nosso mercado tem muita perspectiva. Sim, alguns dos nossos clubes mais endinheirados podem se dar ao luxo de pagar dois milhões de dólares por estrelas de primeira categoria, como Robinho, Kaká, Ronaldinho, Adriano - apesar de outros jogadores nosso receberem não mais que 200 ou 300 mil dólares por ano. Assim, logo haverá muito mais brasileiros no campeonato da Rússia", completa.

A opinião é compartilhada pelo também ex-jogador Leandro Samarone, que atuou nos russos CSKA, Spartak, Torpedo e Krília Sovetov. Hoje, aos 43 anos, ele é empresário no ramo, trabalhando com times da Rússia, Bielorrúsia, Moldávia e Ucrânia.

Leandro Samarone Foto: Said Tsarnaev/RIA Nóvosti

"O Celsinho continua a ser meu único jogador atuando na Rússia", diz, referindo-se ao meia que agenciou para o Lokomotiv. "Mas acredito que não pare por aí. Por serem mais baratos que os jogadores da Europa Central e Oriental, os clubes russos estão de olho no nosso mercado".

"Tem jogador de sobra que poderia trazer benefícios aos clubes russos. Mas nem todos se acostumariam com o país. É importante encontrar alguém com o gênio ideal, como o Alex. Dois jogadores meus atuam na Ucrânia, no Carpatakh. Um deles até derrotou o Shakhtior", completa.

Jogadores de nível mediano

Para o campeão olímpico e ex-treinador da seleção russa Anatóli Bíshovets, com o orçamento atual os clubes russos poderiam se beneficiar até mesmo com jogadores que não são alvo de disputa nos estádios brasileiros.

"Não acredito que em um futuro próximo jogadores do nível de um Vagner Love, Hulk ou Alex, que têm experiência em defender a seleção, virão à Rússia. Mas os brasileiros de um grau mediano são muito úteis aos times russos na realidade econômica atual. Wellinton, Ari, Guilherme, Jô, Vanderson, Joaozinho, Maikon, Daniel Carvalho e Ailton não eram os jogadores mais disputados na sua terra natal, mas se tornaram figuras notáveis na primeira liga do futebol russo. O dinheiro investido neles foi totalmente justificado, e por vezes até superou as expectativas", diz.

 

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