Kachírina quebrou a hegemonia das asiáticas na categoria dos pesos-pesados Foto: RIA Nóvosti
Desde 2003, as medalhas de ouro do campeonato mundial na categoria “acima de 75 kg” eram conquistadas exclusivamente por chinesas e sul-coreanas. Mas tudo mudou em 2009, quando a Tatiana Kachírina chegou à competição. Hoje, aos 23 anos, a halterofilista russa já estabeleceu 16 recordes mundiais, dos quais cinco foram no último campeonato.
O que poucos sabem é que Kachírina ingressou no esporte por acaso. Aos 11 anos, foi se inscrever em um grupo de dança, mas acabou indo parar na sala de levantamento de peso. “Imediatamente agarrei a barra para alteres e comecei a levantá-la. E ela pesava vinte quilos. Eu era uma garota forte, vigorosa. O treinador compreendeu na hora: ela tem futuro”, relembra a halterofilista.
Em sua estreia no campeonato mundial, Kachírina enfrentou de cara a experiente campeã olímpica de Pequim, a coreana Jang Mi-Ran, levando a melhor no arranco. A coreana se recuperou no arremesso, e Kachírina voltou para casa com a medalha de prata – em função do total combinado das duas provas. No ano seguinte, em Antália, Jang Mi-Ran perdeu o seu espaço de vez: Kachírina a ultrapassou, e a chinesa Meng Suping subiu ao pódio ao bater um novo recorde mundial no arranco, levantando 145 kg.
“Não separo os exercícios entre aqueles que eu gosto e aqueles que eu não gosto, entre agradáveis e desagradáveis. Quando você realmente ama o trabalho que faz, você gosta dele como um todo. Gosto tanto de arranco, quanto de arremesso, sem qualquer ressalva”, diz Kachírina.
Coleção de recordes
Desde 2010, ela perdeu o campeonato mundial apenas uma vez – em 2011, em Paris. Na ocasião, foi superada pela chinesa Zhou Lulu. A mesma Lulu que não permitiu que Kachírina vencesse as Olimpíadas de Londres, em 2012. Mesmo assim, Kachírina bateu dois recordes no arranco, um após o outro, levantando primeiro 149 kg e depois 151 kg.
A atleta chinesa ficou com uma desvantagem de cinco quilos na modalidade. Mas essa diferença não foi suficiente para dar a vitória à russa. No arremesso, Kachírina registrou um resultado de 181 kg, enquanto a adversária chinesa lançou uma barra de 187 kg e venceu as Olimpíadas com um novo recorde no total combinado das duas modalidades – 333 kg.
Kachírina teve a sua revanche já no ano seguinte, durante o campeonato mundial na cidade polonesa de Breslávia, com um novo recorde mundial no arremesso (190 kg) e o quase mesmo “total olímpico” de 332 kg. Nesta prova, a atleta chinesa obteve 4 kg a menos.
Neste ano, a russa registrou toda uma série de recordes no campeonato mundial em Almaty. Dois recordes no arranco, um no arremesso e dois no total combinado dos dois exercícios. Os recordes poderiam ter sido seis, mas os treinadores brecaram Kachírina antes de uma terceira prova de arremesso.
“Uma habilidade importante é aprender a se ajustar corretamente à competição, dominar a própria cabeça. Aparentemente, ainda estou aprendendo”, comenta Kachírina.
Luta contra estereótipos
Defensora da modalidade esportiva, Kachírina é conhecida por combater estereótipos. “Estava participando da filmagem de um show, e um rapaz me disse com seriedade: ‘O halterofilismo não é uma modalidade de esporte adequada para mulheres’. Eu ri e respondi calmamente: ‘Meu jovem, se você fosse educado, jamais teria dito tal coisa, mas, se você possui um complexo e tem medo de mulheres fortes, então me desculpe’”, conta.
A firmeza de Kachírina é também apontada por seu treinador, Vladímir Krasnov. “Ninguém é capaz de treinar como ela. É preciso ter muita fibra para aguentar. A sua singularidade consiste no fato de ser muito disciplinada. E ela se entrega completamente a essa modalidade esportiva. Definiu um objetivo e quer alcançá-lo, sem se distrair com qualquer outra coisa.”
Confira outros destaques da Gazeta Russa na nossa página no Facebook
Todos os direitos reservados por Rossiyskaya Gazeta.
Assine
a nossa newsletter!
Receba em seu e-mail as principais notícias da Rússia na newsletter: