Wanderson e Joãozinho não são os primeiros jogadores que quiseram se naturalizar para jogar na seleção da Rússia Foto: ITAR-TASS
Depois do fracasso da seleção russa na Copa do Mundo no Brasil, o ministro dos esportes, Vitali Mutko, disse que as mudanças na equipe são inevitáveis. Segundo Mutko, a solução seria a naturalização de jogadores estrangeiros que nunca foram convocados para jogar nas seleções de seus países. Assim, a Rússia estaria pronta para seguir o caminho da França, Suíça e Ucrânia, que nos últimos anos têm contado com jogadores de outras nacionalidades em suas seleções.
De acordo com uma fonte da União de Futebol da Rússia (UFR), o técnico da seleção, o italiano Fabio Capello, estaria interessado em dois jogadores brasileiros que atuam no clube FC Krasnodar: o atacante Wanderson, 28, e o meio-campista Joãozinho, 25.
Nas entrevistas que deu, Wanderson, que foi o melhor artilheiro da Rússia em 2013, sempre manifestou interesse em atuar em competições internacionais. “Se surgir a oportunidade e me convidarem para jogar na seleção russa, eu aceitarei com prazer. Nós todos sabemos que é muito difícil jogar na seleção do Brasil e eu sempre sonhei em jogar por uma grande equipe. A Rússia é essa equipe. Tanto que estou vivendo aqui já faz dois anos. Além disso, eu não pretendo me mudar para outro país ou regressar para o Brasil. Até 2018 ficarei aqui com certeza”, disse o jogador.
A Rússia tem um grande problema não só com atacantes finalizadores. Nos três jogos da Copa do Mundo, os russos marcaram apenas dois gols, e um indicador tão fraco está relacionado com a falta de meio-campistas criativos, capazes de fazer um último cruzamento decisivo. O único jogador russo com essa função é Roman Chirokov, 33, que não pôde participar da Copa do Mundo devido a uma lesão.
Um substituto à altura de Chirokov é, segundo o técnico Capello, o meia Joãozinho. Especialmente por causa de sua idade, o meio-campista de pequena estatura (1,62 m de altura e 56 kg de peso) poderá jogar na Copa do Mundo de 2018, que será realizada na Rússia. Na temporada 2012/2013, o jogador brasileiro foi reconhecido como o melhor em assistências na primeira divisão russa, com 14 assistências finalizadas, e foi também o melhor jogador em trocas de passes, tendo obtido 18 pontos.
Joãozinho por enquanto se abstém de comentar uma possível inclusão na seleção da Rússia, mas seu agente, Mirtcho Dimitrov, disse que o jogador está disposto a aceitar uma proposta.
“Se o meu cliente receber um convite para jogar pela Rússia, ele o aceitará de bom grado. Em três temporadas no Krasnodar, Joãozinho provou ser um dos melhores meio-campistas da primeira divisão. Agora ele quer se realizar na arena internacional. A possibilidade de jogar num campeonato da Europa ou na Copa do Mundo é o sonho de qualquer jogador, e João não é exceção. Ele nunca recebeu nenhuma convocação para atuar pela seleção brasileira, por isso está aberto a propostas da Rússia. Ele está aprendendo a língua e a história do país”, disse Dimitrov.
O treinador do Krasnodar, Oleg Kononov, fez a sua avaliação da situação: “Tudo depende da UFR e do técnico da seleção. Wanderson e Joãozinho seriam úteis na Copa do Mundo até mesmo para a seleção brasileira! Eu os vejo trabalhar todo dia, conheço bem as suas qualidades profissionais e humanas. Ambos são jogadores de alto nível”, disse o técnico.
Joãozinho atuou em 99 jogos do campeonato russo, com 19 gols marcados e 32 assistências realizadas. Já Wanderson jogou 51 partidas, marcou 22 gols e fez dez assistências no campeonato da série A russa.
Os jogadores poderão se naturalizar já em janeiro de 2015, ano em que a Rússia enfrenta jogos decisivos de classificação para as etapas finais da Eurocopa de 2016, que será realizada na França.
Wanderson e Joãozinho não são os primeiros jogadores que quiseram se naturalizar para jogar na seleção da Rússia. Em 2000, o treinador Oleg Romantsev insistiu na naturalização do zagueiro camaronês do Spartak de Moscou, Jerry-Christian Tchuissé. Mas o jogador, que recebeu dois convites ao mesmo tempo – da seleção de Camarões e da Rússia –, optou por atuar em seu país.
Uma história mais complicada aconteceu com outro jogador do Spartak, Welliton. Durante vários anos foi discutida a possibilidade de conceder a cidadania russa ao jogador brasileiro, e o próprio jogador e a comissão técnica do Spartak manifestaram a opinião de que isso iria beneficiar a seleção. No entanto, a situação mudou drasticamente após o jogo entre CSKA e Spartak do dia 28 de agosto de 2009. Welliton marcou um gol e, na realização de uma das jogadas, se chocou contra o goleiro da seleção da Rússia, Igor Akinfeiev, que teve uma ruptura dos ligamentos cruzados do joelho e ficou fora dos gramados por seis meses.
Os jogadores e a administração do CSKA entenderam que o atacante brasileiro havia causado a lesão no goleiro de propósito, e depois do episódio o jogador começou a ser vaiado em todos os estádios do país. Mais tarde, ele próprio anunciou que já não estava em condições de entrar em campo com a camisa da seleção russa.
Confira outros destaques da Gazeta Russa na nossa página no Facebook
Todos os direitos reservados por Rossiyskaya Gazeta.
Assine
a nossa newsletter!
Receba em seu e-mail as principais notícias da Rússia na newsletter: