A controvérsia sobre o papel de Fabio Capello na derrota da seleção tomou conta das redes sociais Foto: RIA Nóvosti
De acordo com o contrato assinado até 2018, o salário de Fabio Capello é de 9 milhões de euros por ano. A multa a pagar em caso de rescisão antecipada do contrato por iniciativa da parte russa é, segundo a agência Itar-Tass, de US$ 25 milhões – comparável ao valor que Capello deve receber caso continue a trabalhar sob o contrato assinado até a próxima Copa do Mundo em 2018, que será realizada na Rússia.
O diretor da União Russa de Futebol, Nikolai Tolstikh, disse, em entrevista à agência de notícias R-Sport, que, apesar do fracasso da equipe nacional, Capello deve continuar no comando da equipe. Já o ministro dos Esportes, Vitáli Mutko, em entrevista concedida à RIA Nóvosti no último dia 30, foi menos categórico. “Se tivermos certeza de que o problema está no treinador, podem apostar que ele não ficará nesse posto”, declarou.
A controvérsia sobre o papel de Fabio Capello na derrota da seleção também tomou conta das redes sociais. “Foi uma vergonha o que fizeram em torno do contrato de Capello, eles próprios o escolheram e agora choram para ele devolver o dinheiro. Para quê envergonhar o país?”, escreveu em seu Twitter o dono do clube de futebol Krasnodar, Serguêi Galitski.
“Eu não quero mais ver Capello como técnico do meu país. Go home [Vá para casa]!”, escreveu o apresentador de TV Iona Andronov, em meio a outras mensagens de protesto nas principais redes sociais. Durante a participação na Copa, o treinador da seleção chegou a proibir os jogadores russos de acessarem o Twitter.
Capello bolado
O comentarista de futebol Váleri Vinokurov acredita que o próprio Capello fez muito para virar a opinião pública contra ele. “Os treinadores estrangeiros rapidamente se tornam iguais aos russos nos piores defeitos”, diz o crítico. “Logo aprendem a botar a culpa por tudo nos árbitros. Tem muito dinheiro por trás disso e eles percebem que podem se comportar como quiserem com a imprensa.”
O holandês Guus Hiddink, que levou a seleção até à semifinal do campeonato da Europa em 2008, surge como uma feliz exceção nesse contexto, segundo o também comentarista Vladímir Gueskin. “Já com Capelo na seleção aquilo parece um quartel”, diz Gueskin. “Eu não entendo por que proibir o Twitter.”
No dia 3 de outubro, Capello irá provavelmente prestar contas perante a Duma (câmara dos deputados da Rússia). Antes disso, no dia 8 de setembro, a seleção terá a sua primeira partida das eliminatórias para o Campeonato Europeu contra Liechtenstein, de quem jamais perdeu.
“Como um homem decente, é claro que Capello deve pedir demissão, como fizeram antes dele treinadores que foram até mais bem-sucedidos mas que acabaram eliminados na Copa do Mundo”, continua Gueskin, confessando, contudo, que a probabilidade de se encontrar um técnico que consiga consertar a situação é mínima. “Entre os técnicos russos não há opção; quanto aos estrangeiros, a gente os escolhe pelos nomes.”
Os comentaristas concordam que problema não é apenas Capello, apesar de seu estilo de jogo não corresponder à tradição futebolística russa. “Para ele também é difícil porque, na verdade, não temos jogadores fortes. E o que vamos nós mostrar no torneio de qualificação para o Campeonato da Europa?”, questiona Gueskin.
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