Foto: Valeria Saccone
Desde que a Copa do Mundo começou, em 12 de junho, a praia de Copacabana é uma festa só. Em um dos principais bairros turísticos do Rio de Janeiro, mais de 400 mil pessoas já visitaram a Fifa Fun Fest, o espaço reservado pela organização junto à praia para que torcedores do mundo inteiro pudessem assistir aos jogos na telona e em grande companhia.
“O Rio está incrível nesta Copa do Mundo. Muitas pessoas na rua, dançando, gritando... Adoro essa loucura tropical. Na Rússia, faz muito frio para comemorar na rua”, diz Valeria Famina, de Togliatti, que, apesar de estar no Brasil há apenas quatro meses, já fala português com impressionante fluência.
Todos os dias, mais de 20.000 pessoas se reúnem nessa aldeia global, em que brasileiros, argentinos, colombianos, argelinos, alemães e franceses, entre outros, compartilham emoções e boas vibrações. A festa, por razões óbvias de proximidade, tem um forte quê latino-americano. Mesmo assim, Copacabana é um caldeirão de raças e línguas de países que sequer estão participando da competição, como Malásia e Índia.
Foto: Valeria Saccone
“Isso tudo é incrível e gosto muito. E olha que a Rússia nem jogou muito bem. Mas a festa superou todas as expectativas. A energia com que os sul-americanos apoiam as suas seleções é algo que nunca vi antes”, diz Aleksêi, de Kazan, que trabalha em uma escolinha de esportes para crianças.
Na quinta-feira passada (26), quando a equipe russa empatou com a Argélia e deixou o Mundial, havia muitos russos nesse espaço de celebração internacional. “A festa em Copacabana é inexplicável, há pessoas de todo o mundo. Fomos ao Maracanã no outro jogo, mas aquela região nos deu um pouco de medo. Aqui estamos mais relaxados e podemos desfrutar o momento com mais conforto”, contou a moscovita Marina Ispolkina. “É maravilhoso terem organizado uma festa desse porte na praia”, completou Anna Chilava, de Perm.
Mas os russos não eram os únicos que tinham o rosto pintado com as cores da bandeira nacional. Muitos brasileiros haviam decidido apoiar a seleção russa este ano, ainda que por motivos distintos. A carioca Dandara, por exemplo, torcia pela Rússia “porque a sua evolução no Mundial vinha sendo excelente”. Já Tatiana Silva, também carioca da gema, tinha razões mais pessoais. “Meu nome é russo e, desde pequena, sempre me lembravam disso. Com o tempo, fui alimentando uma grande curiosidade sobre esse país distante e frio. Depois, fui morar na Inglaterra e fiz vários amigos russos, e até comecei a estudar a língua”, conta.
O estudante Lucas também foi categórico ao derramar elogios pela Rússia. “Amo o que eles fizeram na União Soviética. Politicamente, foi um projeto muito interessante”, disse. Seu colega, Pedro, chegou, inclusive, a se declarar “comunista”. Porém, à parte de questões políticas, ambos disseram ter admirado o desempenho russo nos estádios. “A Rússia estava jogando muito bem. Palavra de carioca.”
Em meio à grande festa tropical, uma grande bandeira soviética chamava a atenção dos presentes. Três siberianos faziam barulho ao balançá-la para mostrar os rostos dos líderes soviéticos. “A URSS e a América Latina tem certa proximidade: Lênin, Stálin Che Guevara”, diz Oleg. “No Brasil, as pessoas são maravilhosas. E quer saber? Apesar dos atuais problemas com a Ucrânia, encontramos um grupo de ucranianos aqui e comemoramos juntos. O futebol está acima da política”, acrescentou.
Foto: Valeria Saccone
Os 11.000 turistas russos no Brasil, de acordo estatísticas oficiais da Fifa, se tornaram tão populares no Rio que muitos brasileiros e visitantes estrangeiros faziam fila para tirar foto com um grupo vestido com chapéus típicos do país. E nem mesmo o resultado do último jogo da seleção russa acabou com a animação dos torcedores.
A russa Elvira Kurganova reconhece que está um pouco triste, mas a festa continua. “A melhor coisa do Rio é essa atmosfera. A festa no país do futebol – calor, música, alegria”, disse a jovem, que veio de Kazan com três amigos. “Sempre torci pela seleção brasileira. Fico com pena de a Rússia estar fora, mas, se o Brasil vencer o Mundial, ficarei muito feliz.”
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