O COI negou publicamente que está considerando qualquer alteração, mas a organização não tem fama de ser muito aberta Foto: Reuters
Conquistar o direito de sediar a Copa do Mundo deste ano parecia promissor para o Brasil. Ganhar o direito de sediar os Jogos Olímpicos de 2016, ainda melhor. Mas os frutos daquele tempo de “vitórias” acabaram amadurecendo rápido demais.
Enquanto manifestantes tomam as ruas brasileiras, os veículos de informação divulgam a morte de oito trabalhadores na construção dos estádios da Copa, e muitos melhoramentos de infraestrutura sequer serão concluídos antes do torneio de futebol no mês que vem, transformando-se em verdadeiros elefantes brancos.
É tarde demais para salvar a Copa do Mundo – o Brasil terá que fazer o melhor que pode –, mas as Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro são um capítulo à parte.
Com dois anos pela frente, um dos vice-presidentes do Comitê Olímpico Internacional se referiu aos preparativos do Rio de Janeiro como “os piores” que já viu, e agora há uma série de reportagens citando fontes anônimas do COI e sugerindo que os Jogos poderiam ser transferidos para outros locais, desde Londres, anfitriã de 2012, até mesmo Moscou.
É difícil dizer quão realistas são essas alegações. O COI negou publicamente que está considerando qualquer alteração, mas a organização não tem fama de ser muito aberta. Essas informações anônimas anti-Rio poderiam também ser trabalho dos membros descontentes manifestando sua frustração, um aviso público não muito sutil para os brasileiros se apressarem, ou a verdade em si – enquanto o COI prepara o terreno para o anúncio que faria a terra tremer.
A última vez que os Jogos foram transferidos, foi preciso literalmente uma erupção vulcânica. O monte Vesúvio expeliu cinzas sobre a cidade italiana de Nápoles, fazendo com que as Olimpíadas de 1908, planejadas para Roma, se tornassem uma extravagância impossível.
Os responsáveis por Londres-2012, por sua vez, realizaram um milagre de engenharia, ao construir um estádio olímpico em apenas 10 meses. Desta vez seria um pouco mais fácil para Londres intervir, caso o Brasil não conseguisse superar os atuais problemas. Algumas obras seriam necessárias para reverter as alterações feitas nos locais do evento passado, mas todos os ingredientes já estão lá.
E o que dizer sobre Moscou? A Rússia acaba de sediar os Jogos Olímpicos de Inverno em Sôtchi, depois de muito dinheiro e tempo investidos. O país também será sede da Copa do Mundo em 2018. Mas será que estaria tão bem adaptado quanto qualquer outro para um evento esportivo do porte das Olimpíadas de Verão?
Uma fonte do COI citada pela agência russa R-Sport diz que certamente sim. “Realmente surgiu a questão sobre se Moscou poderia assumir esse papel”, disse a fonte. No entanto, é preciso conter as expectativas. Há um grande percalço – Moscou não possui nenhum estádio adequado.
A arena Lujniki foi o estádio olímpico para os Jogos de 1980, mas, atualmente, as únicas equipes que recebe são as de demolição, arrancando as entranhas do vasto edifício para o programa de remodelação da Copa do Mundo de 2018. Finalizar isso tudo em dois anos seria um milagre. Com os modernos pré-requisitos de segurança, os dias em que Londres poderiam construir um estádio em apenas 10 meses estão longe de ser realidade.
Quanto às outras instalações olímpicas que seriam necessárias, até mesmo a otimista fonte do R-Sport guarda dúvidas. “Em Moscou, é um pouco mais difícil em relação a várias estruturas do complexo – vela, esporte equestre, ciclismo de estrada. E também não há campo de tiro.”
Moscou fica tão longe da costa que, em 1980, as competições de vela olímpica tiveram que ser realizadas em Tallinn, que, antes de se tornar a capital da Estônia independente, era uma cidade soviética.
Para encontrar um local adequado para vela na Rússia, é preciso ir mais de 1.500 km ao sul rumo ao mar Negro. Várias outras arenas de 1980 foram demolidas ou caíram em desuso, com poucos substitutos modernos.
Mas nem tudo está perdido. A Rússia ainda pode sediar os Jogos Olímpicos de Verão no futuro, e não apenas em Moscou. As autoridades de São Petersburgo vêm farejando a possibilidade de entrar com um pedido para abrigar os Jogos de 2024, embora até agora o governo central tenha oferecido apoio tímido à iniciativa.
“São Petersburgo pode ser um sério candidato a sediar os Jogos Olímpicos de 2024”, declarou o chefe do Comitê Olímpico russo, Aleksandr Jukov, no ano passado. “Pelo menos, a gente vem pensando sobre isso”, continuou. Enquanto isso, Moscou-2016 permanece sendo apenas um sonho.
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