A história dos mascotes dos Jogos Olímpicos de Inverno

Do boneco de neve ao leopardo, símbolos da competição marcaram época Foto: Alamy / Legion Media

Do boneco de neve ao leopardo, símbolos da competição marcaram época Foto: Alamy / Legion Media

Os três mascotes dos Jogos de Sôtchi –o leopardo das neves, o urso polar e o coelho– também querem ocupar um lugar de prestígio entre os talismãs olímpicos.

Os ursinhos canadenses Heidi e Houdi, o gnomo francês Magique, os pequenos mochos japoneses Snowlets. A história dos Jogos Olímpicos de Inverno está recheada de exemplos originais de mascotes que ficam em nossas memórias. Os três mascotes dos Jogos de Sôtchi –o leopardo das neves, o urso polar e o coelho–também buscam ocupar um lugar de prestígio entre os talismãs preferidos dos Jogos de Inverno.

A escolha destas personagens não foi fácil para o país anfitrião. Realizada em 2008, a seleção decorreu paralelamente às eleições presidenciais russas, nas mesmas assembleias de voto. Os habitantes de Sôtchi votaram num golfinho esquiador, que foi rejeitada. O Comitê Organizador decidiu que os mascotes seriam designadas por todo o povo da Rússia através de votação. Um fato curioso: por razões ainda por explicar, o júri não incluiu entre os finalistas o sapo Zoitch e Luvas de Inverno, precisamente os vencedores na fase de apuração.

O Avô Frio (análogo russo do Papai Noel) foi excluído da lista dos pretendentes dias antes da votação. Isso porque, caso fosse ele o eleito, o símbolo nacional da Rússia ficaria “prisioneiro” durante muito tempo do Comitê Olímpico Internacional.

A votação final se realizou nos primeiros dias de 2011. Pela Televisão Central votaram cerca de 1,5 milhão de russos. Contados os votos, ficou em primeiro lugar o leopardo, apoiado por Vladímir Pútin, presidente da Rússia; em segundo veio o urso polar, que tinha como seu fã o primeiro-ministro, Dmítri Medvedev, e em terceiro, o coelho. Os mascotes dos Jogos Paraolímpicos são outras –o Raiozinho de Sol e a Cristalzinha de Neve.

Foi a primeira vez na história dos Jogos Olímpicos que os mascotes foram escolhidas através do voto popular. Antes, eram os Comitês Organizadores que determinavam os mascotes oficiais dos jogos.

Turim e Vancouver

Para conceberem os heróis olímpicos de Turim-2006, os organizadores se inspiraram em dois estados físicos da água necessários ao curso dos Jogos de Inverno: o gelo e a neve. Assim surgiram a menina Neve, ágil e graciosa, e o menino Glitz, forte, atlético e determinado.

Nos Jogos Olímpicos anteriores, realizados no Canadá, em Vancouver, os organizadores recorreram às antigas lendas dos índios para criar seus mascotes: Quatchi, que nos lembra o Pé Grande (Homem das Neves), no dizer das lendas índias habita as florestas da América do Norte; já a menina Miga, pequenina e veloz, nos traz à memória a lenda do híbrido de urso e orca, que, quando abandona as águas, se converte numa ursa e passeia por cidades e aldeias.

O boneco de neve pioneiro

O primeiro mascote dos Jogos Olímpicos de Inverno foi um boneco de neve batizado de Olimpiamandl, surgido nos Jogos com o orçamento mais reduzido da história. Foi em Insbruque, no ano de 1976. O torneio foi preparado apenas em um ano, pois Denver declinou o convite para sediar a competição.

Olimpiamandl alcançou tanta popularidade que a tradição de lançar um mascote olímpica se manteve sem interrupção desde então. Quatro anos depois, os EUA  decidiram se responsabilizar pela organização dos Jogos de Inverno, os quais tiveram como cenário Lake Placid, em 1980. Escolheram para mascote um guaxinim esquiador, que puseram o nome de Roni. A título de curiosidade: foi o primeiro mascote a ser explorada como produto publicitário.

Invenções de designers

Um pouco antes dos Jogos da cidade iugoslava de Sarajevo, em 1984, foi lançado um concurso entre designers para escolher o mascote mais atrativa. Um pequeno lobo, de nome Vucko, saiu vencedor entre os 30 mil projetos apresentados. Uma das mais encantadoras mascotes olímpicas, Vucko se fixou na memória de todos, tanto pelo seu sorriso simpático, como pelo seu cachecol laranja vivo com um cristal de neve estampado. As receitas suscitadas da venda deste adereço e de outros com o símbolo olímpico foram as maiores até hoje.

Dois ursos polares, Heidi e Houdi, foram apresentados como mascotes dos Jogos de Calgary, em 1988. Segundo a lenda, eram irmãos inseparáveis. Se vestiam como cowboys, já que nessa altura decorria na cidade um dos mais importantes festivais country anuais.

Passados quatros anos, em Albertville, se optou por um mascote único. Inicialmente, os franceses apresentaram ao mundo uma camurça de nome Chamoi. Mas, como não ganhou o coração dos franceses, foi destituída na véspera dos Jogos, caso até então nunca visto. Assim, o gnomo Magique teve a honra de ser o mascote dos Jogos de 1992. Ele se parecia com uma estrela, o que significava o desejo de resultados inconfundíveis alimentados pelos atletas.

Uma mascote não basta

Os Jogos de Lillehammer, de 1994, foram os primeiros a ser realizados em um ano diferente dos de verão. Os mascotes foram humanas, o que também foi inédito. Os louros irmãos Haakon e Kristin, personagens de contos populares, ganharam o estatuto de talismãs. Se venderam milhões de brinquedos alusivos, mas em todas as cerimônias protocolares os verdadeiros mascotes foram as crianças, que envergavam trajes tradicionais.

Em número, o recorde pertence aos japoneses. Em Nagano-98, foram quatro símbolos. A primeira variante pensada (Okoi, arminho) foi substituída por quatro pequenos mochos coloridos, todos com o mesmo nome: Snowlets. O mocho é símbolo de sabedoria: os organizadores queriam sublinhar a ciência que encerra a competência esportiva. O número simbolizou as estações do ano, bem como os elementos essenciais da natureza: vento, água, fogo e terra.

 

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