Disciplina soviética para exportação

Popov se tornou técnico da seleção britânica de ginástica olímpica em 2004 Foto: Getty Images / Fotobank

Popov se tornou técnico da seleção britânica de ginástica olímpica em 2004 Foto: Getty Images / Fotobank

As escolas de treinamento soviéticas gozavam de fama mundial. As metodologias soviéticas eram reproduzidas em outros lugares, e os esportistas da URSS eram encarados como adversários fortes. Mas tudo mudou após a perestroika, e os melhores treinadores acabaram imigrando no início dos anos 1990.

“Parti para o Reino Unido em 1991, mas na época já gostava de ir para o exterior”, narra Andrei Popov, treinador principal da seleção inglesa de Ginástica Esportiva. Tudo começou em Liverpool, quando o diretor da escola esportiva local lhe fez uma proposta de trabalho.

Nos primeiros cinco anos, Popov trabalhou em um clube de ginástica pequeno. “Claro que as minhas ambições eram mais altas do que ser um treinador comum”, frisa Popov. Em 2004, foi aberto um concurso para preencher a vaga de técnico da seleção masculina. “Nenhum dos atletas da equipe nacional masculina da Grã-Bretanha foi selecionado para os Jogos Olímpicos de Atenas. Decidi arriscar, enviei o currículo, fiz uma entrevista e a equipe me foi confiada”, conta.

Um ano depois, sua equipe conquistou o quarto lugar no Campeonato Europeu. “Foram os mesmos rapazes que, nos últimos Jogos Olímpicos de Londres, ganharam bronze em equipe, pela primeira vez nos últimos 100 anos”, continua o treinador. “Durante meu trabalho com a equipe britânica, além de ginastas talentosos, apareceram alguns treinadores que aprenderam trabalhando conosco.”

EUA X Brasil

“Nos Estados Unidos, é impensável dizer aos pais que seu filho não tem talento”, diz Aleksandr Aleksandrov sobre sua experiência estadunidense. Na URSS, Aleksandrov era técnico da seleção feminina, e após a desintegração do país ficou nos EUA.

“Ginástica nos Estados Unidos é, antes de tudo, um negócio. Quem abre uma sala esportiva, visa ganhar dinheiro. Pais e filhos veem vitórias na televisão e estão dispostos a pagar para aprender fazendo o mesmo”, conta.

Aleksandrov também conhece bem os problemas da ginástica russa, já que em 2008 voltou ao país para dirigir a equipe nacional feminina. Passados dois anos, sua equipe ganhou ouro em provas combinadas do Mundial.

“Foi ali que o mundo conheceu Aliá Mustáfina que, desde então, ganha todos os anos medalhas de ouro”, afirma. Nos Jogos Olímpicos de Londres, sua equipe obteve bons resultados: uma medalha de ouro, duas de prata, três de bronze.

Depois das últimas olimpíadas, ele passou a liderar a seleção brasileira. “No Brasil, como nos EUA, os atletas treinam em vários clubes. Mas a organização nos clubes brasileiros deixa muito mais a desejar do que nos estadunidenses”, expõe. “Há mais um problema pessoal: barreira linguística.”

 

Publicado originalmente pela revista Russki Reporter

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