Fotos: ska.ru
Por sua natureza, o basquete é o esporte preferido das animadoras de torcida, pois apresenta as características ideais para que brilhem: estádios fechados, vários intervalos e piso apropriado para se movimentar.
“Nosso estilo é diferente, não cantamos nem agitamos pompons como nos EUA. Aqui o que importa é a qualidade da dança”, explica Elena Solodovnikova, chefe de torcida da equipe Khímki de Moscou. O seu grupo é conhecido por um número espetacular no final do terceiro quarto, ao ritmo de “Personal Jesus”, do Depeche Mode, que termina com uma cheerleader pendurada no cesto.
“As 10 animadoras do nosso grupo têm formação em ginástica rítmica ou artística”, conta Maria Dozdova, do Tryumph Liberty, uma equipe de basquete da região de Moscou.
Dozdova combina torcida com o trabalho de instrutora em uma academia na capital. Esse é um caso comum, porque, embora as animadoras na Rússia costumem cobrar pelo trabalho, é uma ocupação eventual, não sendo suficiente para se sustentar. O único grupo da Rússia que cobra mais de mil euros por mês é o “Red Foxes” do CSKA, o mais famoso do país.
A maioria das cheerleaders russas são estudantes do último ano de faculdade, ex-ginastas que caíram no esquecimento ou, como Maria, instrutoras em academias ou escolas de dança.
Os grupos são normalmente reunidos dois meses antes do início da temporada. É organizado um casting para selecionar meninas novas, desenhar roupas e montar as coreografias. Se o time disputa algum campeonato internacional, não é de estranhar que as meninas preparem uma dança em homenagem ao adversário. As “Red Foxes”, por exemplo, têm em seu repertório um número inspirado em flamenco que usam quando o CSKA joga a Euroliga em casa contra os espanhóis – situação que se repetiu nada menos do que cinco vezes nesta temporada.
É proibido namorar
Alguns clubes russos, assim como todos os americanos, incluem cláusulas nos contratos que proíbem as animadoras de manter relacionamentos explícitos com os jogadores da equipe. As apresentações são programadas de tal modo que não é necessário atravessar o estádio.
Mesmo assim, o trabalho de líder de torcida não deixar de ser uma boa vitrine. Diniar Bilialetdinov, jogador de futebol do Spartak, se casou em 2011 com Maria Pozdniakova, ex-membro do “Red Foxes”.
Durante várias temporadas, também foi organizado um concurso de cheerleaders das equipes de basquete da Rússia, no qual cada grupo tinha que apresentar cinco coreografias diante de um júri. O vencedor foi o CSKA, apesar dos diversos rumores de fraude.
Para afastar suspeitas, a liga Báltica organizou este ano um concurso de beleza com júri popular, e os internautas puderam votar pelo site oficial e escolher a “Miss Cheerleader”. Após meses de eliminatórias, a vencedora foi Veronica Tepliakova, animadora do Tsmoki Minsk e estudante de ciências na Universidade Estatal da Bielorrússia.
Outras modalidades
As baixas temperaturas no interior do estádio são uma limitação, mas não impedem que os clubes de hóquei russos também tenham seus grupos de cheerleaders. Elas ficam posicionadas em um degrau na arquibancada e, por vezes, usam calças compridas para combater frio. Nesse caso, se limitam a animar com pompons, já que o espaço disponível não possibilita grandes movimentos.
Também há cheerleaders nas partidas de vôlei, embora o campeonato nacional seja menor e, portanto, menos atraente para as animadoras.
Nos últimos anos, o fenômeno chegou a um dos esportes mais populares do mundo, o futebol. Clubes como Zenit e Spartak contam com um grupo de cheerleaders, que saltam na grama antes e durante o intervalo dos jogos.
O trabalho acaba sendo complicado devido às condições climáticas desfavoráveis, como frio e chuva, mas principalmente pela distância das arquibancadas. De lá, mal se consegue ver o que acontece no meio do campo com binóculos, especialmente se o estádio tiver uma pista de atletismo, como é o caso do Petróvski e do Lujniki, ambos em Moscou.