Denis Nijegorodov é o atual detentor do recorde mundial de 3:34:14 na marcha atlética de 50km Foto: wikipedia.org
Andar complexo
O andar dos atletas da marcha não é natural. A perna tem que estar esticada, completamente desdobrada pelo joelho durante a passagem vertical e os dois pés nunca podem estar em suspensão ao mesmo tempo. Mas não usamos quaisquer dispositivos que impeçam a perna de dobrar.
Cantil personalizado
Durante a prova, bebemos substâncias com hidratos de carbono que nós próprios preparamos de antemão. Existem pós especiais, fabricados por várias empresas, que contêm 98% de hidratos de carbono. Esse pó é misturado com água mineral. A proporção vai do gosto de cada um. Essa solução é absorvida perfeitamente pelo organismo e impede a ocorrência de espasmos musculares.
Geralmente, cada um prepara três litros de solução de manhã, um pouco antes da partida. Depois, essa solução é entregue aos treinadores, que colocam os recipientes em caixas de gelo e os distribuem em vários pontos da corrida. Os atletas bebem dessa solução de dois em dois quilômetros, mais ou menos. O cantil é entregue pelo nosso treinador ou seu ajudante, e por mais ninguém. Todos os cantis têm marcado o nome de um atleta.
Banhos russos
O atleta deve entrar num período de repouso e de modo algum viajar de avião logo depois da prova. Precisamos consumir líquidos contendo hidratos de carbono. Às vezes são usados medicamentos para normalizar o funcionamento do músculo cardíaco e do fígado.
Uns três dias depois, são recomendados banhos russos, com as habituais massagens de ramos verdes para melhorar o efeito, e tanques de água fria para contrastar com o calor.
50 km
Normalmente, percorremos os 50 quilômetros a uma velocidade de 4 minutos e 15 segundos por km. Qualquer pessoa pode seguir o trajeto e experimentar por si. Porém, deve-se ter em conta que fazemos não um ou dois quilômetros, mas cinquenta. Acho que muita gente não consegue percorrer essa distância nem de bicicleta.
Correndo no escuro
Não podemos partir sem levarmos connosco um relógio, para não nos perdermos no tempo. Passei por isso no mundial de Berlim. Quando me estava refrescando com a esponja, perdi o relógio. Andei um bom bocado totalmente às escuras. Felizmente, um árbitro viu e, na volta seguinte, entregou-me outro relógio. Isso vai contra o regulamento, mas o árbitro era uma pessoa compreensível e percebeu que, sem isso, eu simplesmente desistiria da prova.
De salto alto
Dizemos que os nossos sapatos não são de corrida, mas de passeio. A sola dos sapatos de corrida é mais fina na parte dos dedos do que na região do calcanhar. Os “sapatos de passeio” têm a sola toda da mesma espessura. Não servem para correr, mas, quando andamos, podemos apoiar todo o pé no chão, coisa impossível de fazer nos sapatos de corrida, que dão a sensação de andarmos de saltos altos. Os atletas profissionais evitam utilizar sapatos de corrida durante os treinos, pois aumenta o risco de sofrer uma lesão grave.
Publicado originalmente pelo Moskóvskie Nóvosti
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