Filme relembra ícone do hóquei no gelo da URSS

Kharlamov se tornou mundialmente famoso durante torneio de 1972 Foto: ITAR-TASS

Kharlamov se tornou mundialmente famoso durante torneio de 1972 Foto: ITAR-TASS

Gazeta Russa reúne curiosidades sobre vida do grande jogador soviético, Váleri Kharlamov, cuja biografia “Lenda Nº 17” foi recentemente lançada nos cinemas russos.

Embora tenha sido um jogo inventado no Canadá, o hóquei se tornou o mais forte do mundo durante a USRR e conquistou milhões de torcedores por todo o território soviético. “Os homens de verdade jogam hóquei, um covarde não joga hóquei”, expressa uma famosa canção da época. Naquela época, os jogadores com tacos de hóquei nas mãos não eram apenas atletas, assim como as batalhas no gelo não representavam meros jogos. O hóquei paulatinamente se tornou um orgulho nacional e marca registrada do país, ao lado do balé e das “matriochkas” (bonecas russas). A imagem de um jogador de hóquei estava entre personalidades gloriosas, como astronautas e pilotos de testes de aviões.

Nos anos 1970, a União Soviética “respirava” hóquei. Quando a seleção soviética estava em jogo, sob a liderança do técnico Anatóli Tarasov, as ruas das cidades ficavam literalmente desertas. O país inteiro grudava os olhos nos televisores para ver as estrelas Boris Mikhailov, Aleksandr Iakuchev, Vladislav Tretiak e Váleri Kharlamov. O auge da febre do hóquei nacional aconteceu nos campeonatos mundiais de 1962 e 1974, quando as seleções da União Soviética e do Canadá se enfrentaram.

Os dramas de 40 anos atrás ligados a esse esporte são agora revividos nas telas dos cinemas com no filme “A lenda de nº 17”, que conta sobre a vida do lendário jogador de hóquei soviético, Váleri Kharlamov. A biografia conta com a participação dos atores famosos na Rússia, Danila Kozlovski e Oleg Menchikov. Em seu primeiro final de semana em cartaz, o filme já arrecadou US$ 8 milhões e críticas positivas.

Para entrar no clima do filme, a Gazeta Russa reuniu 5 fatos interessantes da vida do grande Váleri Kharlamov, que foi jogador do CSKA de Moscou e da seleção soviética.

1 Meio basco

Kharlamov parecia seguir os preceitos do líder do proletariado, Vladimir Lênin: nasceu em uma família internacional da classe trabalhadora.  Seus pais trabalhavam na fábrica Kommunar, em Moscou. Sua mãe, Carmen Orive Abad, tinha fugido da Guerra Civil da Espanha em 1937. Depois do conflito, os espanhóis soviéticos tiveram a possibilidade de retornar à sua terra natal. Em 1956, juntamente com sua mãe, Váleri, com oito anos de idade, foi passar alguns meses em Bilbao, onde até frequentou a escola.

2 Cardiopatia não foi obstáculo

Com sete anos, Váleri começou a andar de patins e já corria atrás do disco de hóquei com os meninos do prédio. No início, sua saúde fraca atrapalhou o seu ingresso no esporte profissional. Com estatura relativamente baixa e estrutura física delicada, o garoto não inspirava confiança nos treinadores. Após uma angina, foi descoberta também uma cardiopatia em Kharlamov e os médicos proibiram qualquer esforço físico.

Apesar do diagnóstico e sem o conhecimento da esposa, o pai de Váleri levou o garoto até o departamento de hóquei do CSKA. Os treinadores gostaram do garoto e o aceitaram. Mais tarde, graças aos exercícios regulares, Váleri conseguiu ganhar massa muscular e superou a doença.

3 Brilhou nos arredores Tchebarkul, 45 anos antes da queda do meteorito

O atacante da equipe juvenil do CSKA passou a temporada de 1967 e 1968 no clube “Estrela”, em Tchebarkul. Existia muita concorrência dentro da equipe, e o treinador Anatóli Tarasov decidiu não manter a jovem esperança do hóquei do exército na reserva e enviou Kharlamov para ganhar experiência em uma equipe classificada uma categoria abaixo

O clube “Estrela” era uma peculiar fazenda-clube do CSKA Moscou nos Urais, onde caiu um meteorito em fevereiro deste ano.

Kharlamov confirmou as expectativas: marcou 34 gols em uma temporada e ajudou a equipe do Ural a subir na classificação. Na temporada seguinte, Kharlamov passou a jogar pela equipe principal do CSKA.
 
4 O garoto que valia um milhão

O nome Váleri Kharlamov foi espalhado pelo mundo inteiro em setembro de 1972, quando aconteceu a disputa acirrada entre as seleções da União Soviética e do Canadá.

Poucos duvidavam que a seleção canadense não fosse ser a grande vencedora. O jornalista Dick Bedros, do jornal de Toronto “Globe and Mail”, prometeu comer seu artigo se os russos ganhassem pelo menos um jogo da série. Mas ele teve que cumprir a sua promessa logo após o primeiro jogo. Os jogadores soviéticos arrasaram os fundadores do hóquei com o placar de 7-3, e o melhor jogador eleito foi exatamente Kharlamov, que marcou duas vezes.

5 Homenagem póstuma

Em 27 de agosto de 1981, nas proximidades de Moscou, a esposa do jogador de hóquei, Irina, não conseguiu controlar o carro em uma estrada que tinha ficado escorregadia depois da chuva. O carro Volga, no  qual também estavam Váleri e um primo de Irina, Serguêi, voou para a outra pista e colidiu com um caminhão. Todos os três morreram.

Quatro dias depois, milhares de pessoas compareceram ao funeral do jogador de hóquei. Antes da tragédia, o treinador da seleção, Víktor Tikhonov, tinha decidido não levar Kharlamov para Copa do Canadá. Mas a seleção honrou a memória do grande mestre do hóquei com a vitória no torneio. No jogo decisivo, foram exatamente os canadenses com um placar de 8-1.

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