“Ultimamente, tenho notado mudanças positivas. Pode-se dizer que a vela está se tornando cada vez mais popular em nosso país", Gueórgi Shaiduko Foto: AP
Gueórgi Shaiduko, primeiro vice-presidente da Federação Russa do Esporte à Vela, medalha de prata olímpica nos Jogos de Atlanta (1996), falou, em uma entrevista exclusiva a Gazeta Russa, sobre a conjuntura do esporte na Rússia, as chances dos atletas olímpicos nos Jogos de 2016 e o desenvolvimento dessa modalidade esportiva nos países de Leste.
“Estou no esporte há cerca de 40 anos”, contou Shaiduko, que também é membro do Comitê Executivo da Organização Internacional de Vela.
“Ultimamente,
tenho notado mudanças positivas. Pode-se dizer que a vela está se tornando cada
vez mais popular em nosso país. Começa a surgir um grande número de projetos
que não estão vinculados apenas ao esporte olímpico: esporte infantil, turismo,
corridas de cruzeiro, regatas de negócios.”
Gazeta Russa: O iatismo russo tem tradição?
Gueórgi Shaiduko - São Petersburgo tem primeiro iate clube da Europa, que, no próximo ano, vai comemorar 150 anos. É algo que a Rússia tem de se orgulhar.
Durante a
era soviética, estávamos entre os líderes do movimento olímpico no esporte. A
seleção da URSS tem sete medalhas de ouro e 28 medalhas de prata, mas a desagregação
da União Soviética e os difíceis anos da década de 1990 prejudicaram duramente
o esporte. Praticamente toda a infraestrutura entrou em colapso, e muitos
atletas talentosos mudaram para o exterior.
E essa tendência continua?
Nos últimos cinco anos, foi iniciada a revitalização da modalidade na Rússia. No ano passado, conseguimos a aprovação de emendas na lei que abrem nossas águas territoriais para velejadores de todo o mundo –devemos lembrar que elas estavam fechadas desde 1939.
Agora, continua o trabalho para uma maior liberalização das nossas vias navegáveis, o que irá permitir a realização de grandes regatas esportivas, desenvolver o turismo aquático no litoral e nas águas do interior e render dividendos significativos à economia do nosso país.
Na Rússia,
existem muitas rotas de navegação promissoras: a de São Petersburgo, a de Moscou,
em torno da Escandinávia, no rio Volga, na bacia do mar Negro, no mar Cáspio, em
Vladivostok.
Como o sr. avalia o desempenho da equipe russa em Londres?
Confesso que nossas apresentações não foram satisfatórias. A equipe mostrou um nível médio. No entanto, não desistiremos.
O que podemos esperar para 2016?
A partir deste ano, mudamos completamente o processo de treinamento, convidando uma treinadora estrangeira, a campeã olímpica da Grécia Sofia Bekatore. Esperamos que isso traga frutos.
Na minha opinião, no Rio de Janeiro, temos chances nas seguintes modalidades: laser, laser radial, windsurfe RS:X , 470 e catamarã.
Uma ou
duas medalhas já vão ser consideradas um sucesso no Rio, mas, já nas próximas Olimpíadas, certamente vamos conquistar mais. Em 2020, veremos o iatismo russo
em seu melhor estilo.
A modalidade recebe apoio do governo?
Temos algum apoio, mas, evidentemente, não o suficiente. O esporte infantil foi transferido para as escolas de esportes infantis e para a responsabilidade dos pais. Muitas questões também são levantadas em função da situação dos iate clubes, das seções para as crianças, da construção de infraestrutura e dos baixos salários dos treinadores.
Infelizmente,
a vela é avaliada pelo número de medalhas olímpicas e não pelo retorno que pode
nos dar enquanto modalidade esportiva.
A vela é considerado elitista?
A vela é chamada de esporte dos reis. Um grande número de monarcas participa de regatas: as famílias reais de Grécia, Espanha, Dinamarca, dos Emirados Árabes.
No entanto, apesar de elitista, trata-se de uma modalidade que requer um condicionamento físico rigoroso. É necessário também conhecer muitas regras, ser capaz de calcular a força do vento.
Quanto aos países do Leste, a modalidade está se desenvolvendo muito rapidamente.
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