O jogador de futsal Paulo Ricardo Figueira Silva Foto: divulgação
Como se deu a transferência para a Rússia e quais suas impressões do país?
Eu vivia na Espanha e fui convidado a vir para a Rússia. A princípio fiquei com um pouco de medo, devido à falta de informação. Na época não tinha a facilidade da internet como hoje, mas mesmo assim aceitei a proposta, e joguei seis anos, seis temporadas no Spartak em Moscou. Resolvi aprender rápido o idioma, porque a Rússia é um país que tem uma história muito interessante, tanto a antiga quanto a recente. Queria aprender mais da cultura e sabia que isso só aconteceria se soubesse o idioma. E também para facilitar minha vida. Hoje vivo aqui tranquilamente. Claro que meu país é o Brasil, tenho saudade, penso em voltar, e vou para lá no mínimo duas vezes por ano, mas vivo aqui, gosto da Rússia, aprendi a viver como se vive aqui, mantendo meus princípios, mas respeitando sempre as tradições locais.
Você trabalha agora com a equipe Gazprom-Iugrá, em Iugorsk, mas a equipe está baseada em Moscou... Você já passou por um experiência semelhante no Brasil, isto é, de viver em uma cidade e seu clube estar em outra?
No Brasil isso já aconteceu, mas é muito raro. E geralmente é algo por um ano, seis meses, porque o clube fecha com uma empresa, mas pode-se dizer que no Brasil isso geralmente não acontece. Aqui é mais comum. Exemplo disso é o clube Anji Makhatchkalá.
No futebol de salão russo jogam muitos brasileiros. Você aceitaria o convite se fosse convidado para trabalhar com a seleção nacional?
Sem dúvida, para mim seria um orgulho trabalhar com a seleção nacional da Rússia. Mas é difícil falar sobre isso porque ela tem um treinador muito competente, meu amigo, uma excelente pessoa. Hoje faço parte do conselho técnico da seleção nacional. São cinco treinadores que fazem parte desse conselho, e claro que se houvesse um convite eu aceitaria sem dúvida alguma, porque é o país que me acolheu, é o país que faz grande parte da minha carreira profissional e eu respeito e admiro muito.
Na sua opinião, quem é o melhor jogador do futsal russo?
É difícil falar porque cada um tem suas qualidades, mas temos no nosso time bons jogadores. Prefiro dizer que na Rússia tem vários jogadores muito bons, com grandes qualidades, que jogam na seleção brasileira, na seleção espanhola e que a cada momento ganham a liderança de seus times.
Como você avalia o desempenho dos brasileiros no futebol de campo russo, como Vágner Love, Willian e Hulk? Você acredita que eles tenham vindo à Rússia apenas pelo fator financeiro?
Na minha opinião, um jogador bom procura primeiro a segurança financeira, e algumas decisões tomadas no início da carreira são baseadas no aspecto financeiro. Depois, quando já há alguma estabilidade, fama, ele começa a escolher não pelo dinheiro, mas perspectivas, clube e cidade. Mas o primeiro pensamento é o financeiro, pela independência. Mas, claro, as regras têm exceções. A decisão do Hulk de ir para o Zenit dificilmente não terá sido financeira, porque ele vem do Chelsea. Mas também, a gente não sabe o que pode ter acontecido nesse meio.
No mês passado, a seleção da Rússia e do Brasil jogaram em Londres. Qual é sua avaliação sobre a partida?
Primeiro, o jogo pode ter sido até uma surpresa para algumas pessoas, mas hoje a gente sabe que o trabalho com organização e disciplina pode se equiparar. Para mim não foi surpresa, porque é uma equipe que tem disciplina, que quis jogar como foi a da Rússia e por isso teve esse resultado e o Brasil só conseguiu um empate.
Quais são as chances da seleção russa na Copa do Mundo em 2014 no Brasil?
A Rússia vem crescendo, e está cada vez mais difícil de se apostar em um time ou outro. Nos últimos mundiais, equipes que chegaram entre as quatro primeiras não eram as favoritas. Acho que as chances são grandes se a Rússia continuar com a mesma disciplina, trabalho em equipe e dedicação.
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