Atualmente, os estaleiros do Báltico trabalham na criação da primeira usina nuclear flutuante do mundo.
Aleksêi Danitchev/Ria NóvostiA segunda metade do século 19 foi um período crucial na história da marinha russa. A Guerra da Crimeia (1853-1856), que opusera a Rússia às grandes potências europeias, mostrou que a marinha de guerra nacional precisava de uma estratégia de desenvolvimento radicalmente diferente.
Naquela época existiam na Rússia muito poucas empresas capazes de iniciar a curto prazo a produção de uma nova geração de embarcações. Afinal, essa modernização exigia a criação de ciclos industriais completos, desde a produção do aço e da parte mecânica até a fabricação de canhões completamente diferentes.
Confrontado com essa situação, o governo abriu o caminho à iniciativa privada. Em 1856, o mercador M.E. Karr e o engenheiro britânico M.L. McPherson iniciaram a construção de uma fábrica capaz de realizar todo o conjunto de trabalhos necessários à construção de um navio de guerra moderno. Ali se faziam as placas de aço fundido que compunham o casco do navio, o motor a vapor e outros equipamentos marítimos. Entre os anos de 1860 e 1870 os estaleiros do Báltico, que ocupavam parte da costa sul da ilha de Vasilievski, na região de São Petersburgo, se transformaram no berço da frota blindada russa.
Estaleiros do Báltico Foto: Assessoria de Imprensa
Em 1862 os estaleiros do Báltico construíram para a marinha russa o primeiro navio de metal, a canhoneira Opit. Seis anos mais tarde, a experiência chegou aos navios de maior envergadura. O couraçado para defesa costeira Admiral Lazarev, montado no local, era o que de mais moderno havia na construção naval do país. As suas três torres estavam equipadas com canhões de calibre de 229 milímetros, o que tornava o Admiral Lazarev um dos navios mais potentes da Marinha Imperial Russa.
O grande programa militar implementado pela Rússia nos anos 1880 e 1890 transformou o país na terceira potência naval do mundo, ficando atrás apenas da Grã-Bretanha e da França. A contribuição da fábrica do Báltico para esse sucesso foi imensa. Nela foram construídas as maiores embarcações de guerra e os navios mais potentes daquela época.
No entanto, o que realmente trouxe fama aos estaleiros do Báltico foi uma outra atividade. Foi ali que construtores navais russos, se antecipando 30 anos aos seus concorrentes ocidentais, montaram e testaram em 1866 um submarino criado segundo um projeto do engenheiro Ivan Aleksandrov. Desde então, os estaleiros do Báltico se tornaram o principal centro de construção de submarinos da Rússia.
Submarino Morj Foto: Assessoria de Imprensa
Durante o período soviético, a fábrica do Báltico rapidamente aprendeu a dominar a construção naval civil. Barcaças, graneleiros, navios-tanques e navios de passageiros faziam muita falta à União Soviética, e os operários da fábrica do Báltico conseguiram dar conta de toda essa demanda.
Entre os anos 1970 e 2000, os estaleiros da região foram escolhidos para a implementação do ambicioso programa de construção de uma série de quebra-gelos de propulsão nuclear de nova geração. O primeiro deles, o Arktika, foi a primeira embarcação do tipo a chegar ao Polo Norte, em 1974. O último quebra-gelo desta série saiu da fábrica em 2007. Com um deslocamento de 20 mil toneladas, o navio é o maior quebra-gelo do mundo.
Quebra-gelo Admiral Lazarev Foto: Mai Natchinkin / RIA Nóvosti
Com uma experiência tão rica, os estaleiros do Báltico continuam nos dias de hoje competindo com sucesso no mercado mundial de armamento. Em 2004, eles entregaram uma imensa encomenda de um esquadrão de fragatas para as forças navais da Índia e atualmente trabalham na criação da primeira usina nuclear flutuante do mundo.
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