“Esperamos que a recuperação econômica da Rússia continue até 2021, após a saída da recessão em 2017", diz o comunicado da S&P Global.
Maxim Shemetov/ReutersNa última sexta feira (24), a agência internacional de rating S&P (Standard & Poor's) elevou a nota da dívida soberana da Rússia para BBB-, o primeiro nível acima de “risco especulativo”, com perspetiva estável.
Desde 2015, o rating de Moscou era BB+, considerado especulativo, o que impediu investimentos estrangeiros no país.
O S&P decidiu elevar a nota russa devido à gestão macroeconômica conservadora da Rússia, a forte posição em ativos externos líquidos, a baixa dívida pública e a flexibilidade monetária relativamente alta, incluindo o regime de câmbio flutuante da moeda nacional.
“Esperamos que a recuperação econômica da Rússia continue até 2021, após a saída da recessão em 2017", diz o comunicado da S&P Global.
Entre as grandes três agências de classificação de risco (S&P, Moody's e Fitch), apenas a Moody's continua a manter a Rússia no nível especulativo. Segundo os economistas, porém, para a maioria dos investidores institucionais, as classificações de investimento da S&P e da Fitch são suficientes para reiniciar os investimentos na Rússia.
"É uma decisão lógica e esperada, a economia russa se adaptou rapidamente às novas condições e as taxas de crescimento são positivas", declarou o ministro das Finanças da Rússia, Anton Siluánov, citado pela agência Tass.
Segundo ele, o futuro dos principais indicadores macroeconômicos é bastante otimista, já que o país está registrando inflação muito baixa, a taxa de câmbio do rublo nas condições dos preços do petróleo voláteis é estável, a execução orçamentária é sustentável e a dependência do orçamento dos empréstimos externos é mínima.
"A nova nota da dívida soberana levará ao aumento do interesse dos investidores na Rússia, e não apenas dos investidores estatais, mas também privados, porque a revisão da classificação soberana vai melhorar as classificações dos bancos e dos outros participantes do mercado. Assim, o custo dos empréstimos será menor", disse o chefe da pasta.
"A decisão da S&P também vai atrair investidores institucionais conservadores, como fundos de pensão estrangeiros e companhias de seguros que prestam muita atenção às avaliações das agências de classificação", completou.
Reação atrasada
O ministro do Desenvolvimento Econômico da Rússia, Maksim Oréchkin, disse à agência Tass que o aumento da classificação soberana da Rússia para o nível de investimento é uma reação atrasada aos sucessos na política econômica do país.
"A taxa de câmbio flutuante, a inflação baixa e as novas regras orçamentárias contribuíram para uma redução significativa da dependência da economia russa dos preços do petróleo. O mercado estimava a qualidade dos ativos financeiros russos mais altamente do que as agências de rating ainda no ano passado", declarou Oréchkin.
Segundo ele, a nova nota de crédito da S&P contribuirá para o aumento do fluxo de capital que abre o caminho para o crescimento dos empréstimos e financiamento da dívida da infraestrutura do país.
"A atualização da classificação da Rússia aumentará a entrada de capital e garantirá que os rendimentos das obrigações federais de longo prazo fiquem abaixo de 7%", disse Oréchkin.
Problemas não desapareceram
No entanto, segundo os economistas entrevistados pelo jornal RBC, é cedo para comemorar, já que a classificação soberana russa apenas voltou ao nível comparável com a do Cazaquistão, Índia e Indonésia.
Além disso, a S&P é extremamente cautelosa sobre as perspectivas econômicas russas. A agência prevê baixas taxas de crescimento econômico (1,7%-1,8% até 2021, enquanto o governo russo espera um crescimento de mais de 2%), condições demográficas desfavoráveis e fraca produtividade.
"Os obstáculos estruturais ao crescimento produtivo também incluem o papel dominante do estado na economia, um clima de investimento difícil e um nível relativamente baixo da competição e inovação", afirma o comunicado da S&P.
A agência Fitch, por sua vez, observa "um forte equilíbrio soberano, fatores externos confiáveis e uma política econômica efetiva em relação aos indicadores macroeconômicos". Além disso, a Fitch, fala de "fraquezas estruturais (dependência das matérias-primas e commodities e riscos gerenciais), bem como contradições geopolíticas". A Fitch prevê um crescimento médio do PIB russo de 2% em 2018-2019 no contexto da mitigação da política monetária e preços estáveis do petróleo.
O crescimento econômico médio para a categoria de investimento BBB é de 3,1%.
Quer saber mais sobre economia russa? Leia "O que a Rússia exporta além de petróleo e gás".
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