Pendências da era soviética chegavam a US$ 104,5 bilhões, segundo BC russo
Iliiá Pitalev/RIA NôvostiNa segunda-feira passada (21), o Ministério das Finanças da Rússia anunciou o pagamento da última dívida externa herdada da União Soviética. A pasta transferiu, no último dia 8, o equivalente a US$ 125,2 milhões para a Bósnia e Herzegovina por bens anteriormente não pagos importados da Iugoslávia para a URSS.
Após a queda do regime, em dezembro de 1991, o pagamento das dívidas foi originalmente compartilhado pelas ex-repúblicas soviéticas. Mas a Rússia assumiu todas as dívidas estrangeiras da URSS em 1993, e, em troca, os países do antigo bloco renunciaram aos ativos estrangeiros soviéticos.
Naquela época, as dívidas da época soviética chegavam a US$ 104,5 bilhões, segundo o Banco Central da Rússia. À medida que os preços dos preços do petróleo cresciam na virada do século, Moscou começou gradualmente a sair do vermelho.
Como as dívidas se acumularam
“A URSS fazia muitos empréstimos do exterior para comprar equipamentos ocidentais, produtos farmacêuticos e cobrir os rombos no orçamento”, explica Aleksêi Mikheev, presidente do Centro de Desenvolvimento Empresarial e Negócios Inovadores. “Essas dívidas começaram a crescer na década de 1980, quando os preços do petróleo caíram, e o país teve que sustentar uma economia ineficaz – ao mesmo tempo em que ajudava outros regimes comunistas pelo mundo.”
Além dos empréstimos de fora, a dívida também incluía créditos em moeda nacional, títulos do Vnesheconombank e empréstimos de credores do Clube de Londres.
O orçamento soviético não arrecadava o suficiente para quitar essas dívidas, que acabaram sendo herdadas pela Rússia após o colapso do país.
As maiores dívidas externas por país
A maior fatia da dívida – US$ 47,6 bilhões, em 1994 – havia sido contraída com os credores do Clube de Paris (17 dos principais países industrializados, sobretudo europeus, e os EUA). À medida que os preços do petróleo cresceram, Moscou conseguiu pagar essa parcela da dívida em 2006, transferindo US$ 38,7 bilhões em pagamentos antecipados. Isso também resultou em uma economia de US$ 7,7 bilhões – valor que os credores concordaram em perdoar ou trocar por bens e serviços.
Em 2009, o governo russo também quitou a dívida remanescente de US$ 1 milhão com os credores do Clube de Londres – a maior parte para bancos comerciais da Europa Ocidental, dos EUA e do Japão por empréstimos feitos ao Vnesheconombank.
Quanto a outros países, a dívida foi redefinida com base em acordos bilaterais, que nem sempre envolveram dinheiro. Na última década, a Rússia pagou as dívidas da época soviética aos seguintes Estados:
Eslovênia US$ 129,2 milhões em 2007 (pago com fornecimento de produtos)
Emirados Árabes Unidos US$ 470 milhões em 2007 (parcialmente pago com produtos industriais)
Croácia US$ 185,7 milhões em 2011 (produtos de alta tecnologia e equipamentos de energia para a Usina Termelétrica de Sisak)
República Tcheca US $ 3,6 bilhões em 2013
Hungria US$ 18 milhões em 2013 (parcialmente pago com produtos industriais)
Finlândia US$ 30 milhões em 2013 (parcialmente pago com produtos industriais)
Eslováquia US $ 1,7 bilhão em 2013 (parcialmente pago com produtos industriais)
Sérvia US$ 288,8 milhões em 2013 (parcialmente pago com produtos industriais)
China US$ 451,1 milhões em 2015 (parcialmente pago com produtos industriais e pesquisa médica)
Kuait US$ 1,1 bilhão em 2016 (mais US$ 620 milhões pagos com produtos de alta tecnologia)
Macedônia US$ 60,6 milhões em 2017 (pago com produtos e serviços industriais)
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