Visitantes na "Feira dos milionários", em Moscou, na Rússia.
Getty ImagesA crise econômica e a incerteza geopolítica que se instalaram na Rússia desde 2014 alteraram os fluxos de dinheiro e investimentos no país. Muitas pessoas foram forçadas a priorizar a proteção dos seus fundos em vez de multiplicá-los.
"Apesar de há apenas alguns anos os ricos apostarem em produtos e estratégias de investimentos ativos, hoje eles precisam ter certeza, em primeiro lugar, de que seu perfil de investimento é equilibrado e bem protegido de uma variedade de possíveis riscos relacionados com as flutuações cambiais em determinado país", diz o diretor da corretora de investimentos BKS Ultima, Stanislav Nôvikov.
Evguêni Vôlkov, diretor da corretora do banco Rosevrobank, concorda. “Os investimentos em ativos de câmbio estrangeiros e a aquisição de títulos de alto perfil são muito populares no momento. Hoje, o principal objetivo para muitos investidores é manter o capital atual e se concentrar em estratégias conservadoras”, explica Vôlkov.
Mikhail Fridman / Foto: Ramil Sitdikov/RIA Nôvosti
O bilionário russo médio continua a investir a parte significativa de seu capital (cerca de 36%) em empresas privadas, de acordo com pesquisa do banco suíço Julius Baer. Mesmo em tempos de crise, negócios privados, especialmente na indústria de alimentos, farmacêutica e automotiva, podem garantir um fluxo estável de renda.
Esse pode ser o motivo pelo qual o sétimo homem mais rico da Rússia, Mikhail Fridman, proprietário do grupo financeiro Alfa-Group, decidiu comprar a maior rede de alimentos saudáveis da Europa, a British Holland & Barret, que possui mais de 1.150 lojas em 11 países. O valor da negociação ultrapassou os US$ 2,2 bilhões.
Vilas de luxo na Espanha estão entre os investimentos prediletos dos milionários russos / Foto: Getty Images
Enquanto alguns investem em negócios no exterior, outros optam por injetar seu dinheiro na economia doméstica. Aleksêi Mordachov bilionário que ocupa segundo lugar no ranking dos mais ricos do país da revista Forbes, está investindo quase US$ 100 milhões em um resort na Altai, região russa localizada entre a Sibéria central, Cazaquistão, China e Mongólia.
Já o sócio majoritário da empresa de aço e mineração Severstal planeja construir um complexo de esqui e um parque aquático no Belokurikha-2 com apoio de um programa estatal que promove o turismo local.
Propriedades de luxo em voga
Investimentos no setor imobiliário no exterior, especialmente na Europa, são uma escolha comum entre os milionários russos.
“A Espanha é um dos países mais atraentes, porque o investimento de 500 mil euros permite obter a autorização de residência", diz Vôlkov.
Ao longo das últimas décadas, os investidores russos inundaram o mercado imobiliário espanhol de luxo.
Segundo a agência de notícias alemã Deutsche Welle, o número de investidores russos na Espanha cresceu entre cinco e dez por cento por ano nos últimos tempos.
Anteriormente, os russos optavam pela Espanha apenas para passar férias, mas hoje montam negócios e compram propriedades de luxo no país.
Outros europeus também se mostram atraentes para os milionários russos, que não apenas compram mansões modernas ali, como também propriedades históricas. São ligares como a França, o Reino Unido e a Áustria.
Recentemente, um certo bilionário russo que não quis ser identificado pela reportagem restaurou uma vila histórica que pertencia a sua conterrânea Mathilde Kschessínskaia, bailarina afamada, na Côte d'Azur.
O bilionário, que já tinha uma propriedade na área, agora está vendendo a mansão por US$ 30,7 milhões.
Investimentos em hobbies
Os ricos gostam de gastar dinheiro em arte, carros, vinho e até instrumentos musicais. Tais investimentos em hobbies muitas vezes geram retornos significativos.
O iate "Sereno", que foi vendido por nada menos que 550 milhões de dólares a um príncipe saudita. / Foto: Global Look Press
Em 2016, o magnata de vodca Iúri Chefler obteve um lucro significativo após vender seu iate de luxo ao Príncipe Mohammad bin Salman, da Arábia Saudita.
Inicialmente, o bilionário russo esperava vender o "Sereno" por cerca de US$ 400 milhões, mas a transação foi fechada em US$ 550 milhões.
Infelizmente, grandes perdas e decepções também fazem parte do jogo. Em março deste ano, o bilionário Dmítri Ribolovlev, que tem uma fortuna estimada em US$ 9,5 bilhões, perdeu $ 150 milhões ao vender quatro obras de arte na casa de leilões Christie's.
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