"Para Alasca e Havaí, a Rússia é, historicamente, grande fonte de petróleo"

De maneira geral as exportações russas para os EUA cresceram de maneira notável nos últimos anos, segundo Stadnik

De maneira geral as exportações russas para os EUA cresceram de maneira notável nos últimos anos, segundo Stadnik

Alexei Danichev/RIA Novosti
Aleksandr Stadnik, representante de comércio da Rússia nos EUA, contou à Gazeta Russa como as empresas de petróleo russas conseguiram um nicho no mercado americano - e o que estão fazendo para mantê-lo. Ainda mais sob o impacto das sanções econômicas contra a Rússia.

Gazeta Russa: Produtos petrolíferos respondem por uma parcela importante das exportações russas para os EUA. A "revolução" do petróleo de xisto atingiu as exportações russas de alguma forma? A política russa de substituição de importações teve algum impacto no comércio entre os dois países?

Aleksandr Stadnik: Em 2014, quando os preços do petróleo despencaram de US$ 100 para US$ 30 por barril o número de poços em operação caiu de 2000 para 500, o menor número na história. A razão era simples: alto custo de produção de petróleo de xisto e petróleo "tradicional" nos EUA. Neste período a Rússia aumentou suas exportações para os EUA.

Contudo, nos últimos dois anos vimos um salto tecnológico qualitativo, assim como otimizações e reduções de custo. O número de poços começou a crescer de novo, mas a produção quase voltou aos níveis pré-crise, por causa da maior produção dos poços. Isso significa que os preços do petróleo não devem subir no futuro próximo; na prática eles devem cair para US$ 30 novamente.7

No ponto mais baixo dos preços, as companhias russas adotaram uma campanha de marketing agressiva e conseguiram aumentar as vendas de forma significativa, ocupando nichos de mercado. Agora que os preços subiram, nossas companhias estão tentando manter os consumidores e reter as posições conquistadas. A questão é se os produtores americanos vão conseguir reduzir seus custos até um ponto em que conseguirão superar os competidores estrangeiros. Além disso, para alguns estados como o Alasca e o Havaí, a Rússia é historicamente o maior fornecedor de petróleo, graças a uma longa história de comércio.

A Rússia também é um parceiro importante da Louisiana, Havaí, Alasca, Washington, Alabama e Texas. No último ano a Rússia exportou US$ 2,5 bilhões em commodities para Louisiana e o Texas.

GR:O que mudou na estrutura do comércio Rússia-EUA após as sanções?

A.S.: As sanções certamente afetaram as empresas russas no mercado americano. O maior impacto foi no setor financeiro e nos produtos de "dupla utilização" (civil e militar). Por outro lado categorias como de metais ferrosos e não-ferrosos, fertilizantes e produtos químicos não estão sendo impactados pelas sanções mas sim por medidas protecionistas. A Rússia não é o único país a ser atingido por isso, isso também vale para países que possuem nichos consideráveis no mercado americano. 

Aleksander Stadnik Foto: Anton Novoderezhkin/TASSAleksander Stadnik Foto: Anton Novoderezhkin/TASS

Por exemplo, a indústria metalúrgica sempre é alvo de investigações antidumping iniciadas por companhias americanas, que acreditam que seus interesses foram prejudicados. Estes inquéritos exigem muito esforço, tempo, dinheiro e afetam as taxas de produção. De maneira geral as exportações russas para os EUA cresceram de maneira notável nos últimos anos, uma tendência que deve ser mantida agora que o valor do rublo se estabilizou.

As sanções, por si só, não afetaram as exportações de maneira significativa, o crescimento continua no todo. As importações foram atingidas pelas sanções reversas (proibição de importações de alimentos e produtos agrícolas) e pela redução no consumo por conta do rublo fraco.

GR:É possível que novas sanções sejam aplicadas? E qual efeito elas teriam?

A.S: Acho que todos perceberam que as sanções não estão tendo o efeito desejado. Em termos de pressionar a Rússia, elas não são nada além de uma ação de complacência pelos que impuseram as sanções. Elas estão prejudicando aqueles que as implementaram. Por exemplo, o volume de serviços financeiros russos nos EUA está crescendo, enquanto o volume de serviços financeiros dos EUA na Rússia encolheu significativamente. Esse desnível é resultado das medidas restritivas introduzidas pelos EUA no setor financeiro, para tentar aumentar as exportações de serviços financeiros pelas empresas locais.

GR:A Rússia está entre os líderes mundiais de exportação de software. As empresas russas de tecnologia estão tendo sucesso no mercado americano?

A.S.: A parcela do setor de software no total das exportações russas vem crescendo nos últimos anos, especialmente por conta do crescimento acima da média do setor. As exportações de software, incluindo serviços de desenvolvimento de software, responderam por 1,1% de todas as exportações russas em 2014 (comparado a 1% em 2013, 0,88% em 2012 e 0,8% em 2011). Em 2015 esse percentual ficou em 1,7%.

De acordo com estimativas, as exportações russas do setor de tecnologia podem ficar entre US$ 2 bilhões e US$ 7 bilhões. Cerca de 40% a 50% de todas as exportações de software foram para os EUA.

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