Exportação de softwares russos delancha com queda do rublo

Hoje, é lucrativo criar softwares na Rússia, e, além da competitividade nos preços, os programadores russos são tradicionalmente mais fortes que os chineses e os indianos.

Hoje, é lucrativo criar softwares na Rússia, e, além da competitividade nos preços, os programadores russos são tradicionalmente mais fortes que os chineses e os indianos.

Getty Images
Tradição russa em programação soma-se a fator econômico, e exportações ultrapassam os US$ 7 bilhões, quase o triplo de 2009. Ásia e América Latina ocupam-se de porção importante das exportações, substituindo mercados tradicionais dos EUA e Europa.

Ainda como estudante da Universidade Estatal de Moscou, o fundador da companhia russa “Spirit DSP”, Andrêi Sviridenko, criou um produto de programação original no setor de inteligência artificial.

Enquanto fazia um intercâmbio estudantil em Heidelberg, na Alemanha, Andrêi começou a buscar clientes.

Em sua bicicleta, ele percorreu todas as pequenas empresasd de computadores locais. Uma dessas, a “GTS GmbH”, interessou-se por seu editor de redes neurais e comprou sua licença.

Foi assim que tudo começou para Andrêi no mundo dos negócios. Hoje, a “Spirit DSP” é uma das líderes mundiais em produtos para comunicações de voz e vídeo em redes IP.

Fabricantes de mais de 60% dos smartphones do mundo todo, entre eles Apple e Samsung, usam as soluções da Spirit para ligações de vídeo.

Da lista de clientes da empresa constam ainda os serviços on-line “Skype” e “Viber”, assim como as maiores operadoras de comunicações mundiais: “AT&T”, “China Mobile” e “Korea Telecom”.

A “Spirit” é uma das muitas companhias russas bem-sucedidas em exportações. De acordo com a sociedade sem fins comerciais “Russoft”, nos últimos sete anos o volume de vendas de softwares para clientes no exterior triplicou: de US$ 2,7 bilhões, em 2009, para US$ 7,6 bilhões, em 2016.

Para efeitos de comparação, as armas, que constituem o artigo mais rentável da carteira de exportações russas, estão avaliadas em um patamar de US$ 15 bilhões ao ano.

Queda do rublo

As resoluções para TI da companhia “Parallels” no ramo de virtualização já estão em mais de 60 países do mundo, de acordo com o vice-presidente da companhia, Nikolai Dobrovôlski.

Desses, 45% estão na América do Norte (sobretudo nos EUA); 40%, na União Europeia (encabeçada por Alemanha e Reino Unido); 10%, na Ásia (principalmente Japão).

Entre esses produtos, está o “Parallels Desktop” para Mac, usado por mais de 5 milhões de pessoas no mundo.

“A queda do rublo em 2014 deu às companhias de software russas uma vantagem importante no mercado mundial”, explica Dobrovôlski à Gazeta Russa.

“Hoje, é lucrativo criar um software na Rússia, e nós conseguimos concorrer com Índia e China em termos de preços, além de termos programadores tradicionalmente mais fortes. No mundo atual, não importa para o usuário qual é o país fabricante. É muiro mais importante um produto simples, compreensível e fácil de usar. ‘Parallels’, ‘ABBYY’, ‘Kaspersky’ e ‘Acronis’ ilustram perfeitamente isso.”

A companhia “Kibernika”, que exporta as soluções de TI no ramo de segurança “Cybrus”, também amplia ativamente sua carteira de clientes pelo mundo afora.

“Estamos na Malásia, Vietnã, Tailândia. Temos futuro no mercado asiático e planejamos desenvolver essa direção nos próximos anos”, explica o diretor-geral da “Kibernika”, Andrêi Oschepkov.

Entre hackers e políticos

Representantes de companhias de TI russas acreditam que o alto nível dos especialistas russos ajuda a atrair clientes internacionais. Mas as tensões geopolíticas ainda são obstáculos para o desenvolvimento dessas vendas.

“A imagem desfavorável do país atrapalha a exportação russa de TI”, diz o diretor de negócios do grupo CUSTIS, Maksim Mikhalev.

“Os ataques de hackers russos, declarações de políticos, sanções... Tudo isso nos obriga a analisar não apenas mercados importadores tradicionais para esses produtos, como os EUA e a União Europeia, mas também países asiáticos, latino-americanos e outros. Nesses mercados, a recepção das empresas russas é mais leal”, diz.

A “ABBYY”, que produz tecnologias no ramo de reconhecimento ótico de caracteres, dicionários e cursos de línguas, abriu escritório em Dubai e pretende aumentar as exportações para o Oriente Médio.

Já a “Info Watch”, especializada em sistemas de seguranla, começou a entrar os mercados da América Latina, sobretudo Colômbia e Peru.

O grupo de companhias “Terrasoft”, especializado em plataformas para gerenciamento de marketing, abriu escritórios de representação em Singapura e na Austrália.

Os exportadores de TI russos recebem estímulos em forma de reduções de impostos e deduções de seguros.

Recentemete, o Ministério das Comunicações da Rússia anunciou planos de criar novas formas de incentivo, como subsídios dos gastos na criação de novos programas, empréstimos bonificados e cofinanciamento dos gastos em produtos promocionais – entre esses, organizações de feiras, conferências e outros eventos.

Mercados

A maior parte dos softwares russos exportados vão para os EUA na atualidade. Outros clientes estão na União Europeia (Alemanha, Escandinávia, países da Europa Central e Oriental).

Hoje, porém, cresce a demanda por soluções russas de TI em países asiáticos, sobretudo na China e países do sudeste asiático, além da América do Sul, Austrália e Oriente Médio.

A principal demanda é por programas russos no setor de segurança da informação, aplicativos para smartphones, navegadores e sistemas de geolocalização, sistemas de gestão de documentos, além do desenvolvimento de programas aos moldes das necessidades dos clientes.

Centenas de companhias

De acordo com dados da “Russoft”, o número de exportadores russos de TI já ultrapassa a casa das centenas. Entre os mais bem-sucedidos, estão: “Laboratório KasperskY”, “Luxoft”, “Parallels”, “ABBYY”, “Acronis”, “CBOSS”, “Cognitive Technoligies”, “Prognos”, “SKB Kontur”, “Veeam” e “Spirit”.

Entre exportadores de porte médio estão: “DataArt”, “Diasoft”, “Dr. Web”, “EPAM Systems”, “Prognoz”, “Positive Technologies”, “RTSoft”.

Entre os menores estão companhias como “Arcadia”, “Ascon”, “Auriga”, “Galactica”, “Group-IB”, “Info Watch”, “Naumen”, “Paragon” e “Kibernika”.

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