Emigrantes são a maior fonte de rendimentos vindos do exterior na Ucrânia.
Alexandr Demyanchuk/RIA NovostiNa última quarta-feira (22), a Duma do Estado (câmara de deputados da Rússia) aprovou uma lei que proíbe transferências de dinheiro da Rússia por meio de sistemas estrangeiros de pagamento a países que tenham congelado operações de empresas russas de transferência.
A lei é uma resposta de Moscou a Kiev, que proibiu os sistemas de pagamento russos “Colibri”, “Golden Crown” e “Unistream”.
“A decisão Banco Nacional da Ucrânia de proibir as transferências de dinheiro por meio de sistemas russos criou vantagens competitivas para os sistemas americanos ‘Western Union’ e ‘MoneyGram’. Os deputados russos lutarão contra essas vantagens injustas", diz o analista do grupo de empresas Teletrade, Pitor Puchkarev.
Segundo o diretor técnico da rede internacional de pagamentos “Fondy Global”, Maksim Kozenko, a aprovação da lei é uma reação apropriada da parte russa.
“Os sistemas de pagamento russos perderam uma parcela considerável de seu tráfego, porque a Ucrânia é um dos líderes em transferências internacionais de dinheiro entre os países da CEI (Comunidade dos Estados Independentes)", diz Kozenko.
De acordo com ele, o sistema “Golden Crown” deteve 27% do mercado de transferências de dinheiro ucraniano, enquanto o “Western Union” e o “MoneyGram” detinham 36% e 16% do mercado, respectivamente.
Segundo o Banco Central da Rússia, o valor das transferências privadas de dinheiro da Rússia para a Ucrânia ultrapassou os US$ 10 bilhões em 2016, embora esse volume tenha sido quase a metade do de 2013 (US$ 20,78 bilhões).
Enquanto os sistemas de pagamento precisarão criar formas para operar seguindo a nova lei, os bancos podem sair ganhando com a situação.
"Os bancos russos cobrarão 2% ou mais de comissão para as transferências internacionais", diz Puchkarev.
Resposta simétrica
Segundo Puchkarev, outro objetivo da medida russa é mostrar aos imigrantes ucranianos que a decisão de Kiev afeta apenas ucranianos.
“A maior parte do dinheiro privado flui da Rússia para a Ucrânia e não na rota contrária", diz.
De acordo com o diretor do “Centro Analítico da Ucrânia”, Aleksandr Okhrimenko, hoje, cerca de 5 milhões de ucranianos trabalham no exterior. Desses, 50% se encontram em território russo.
Os emigrantes são a maior fonte de rendimentos vindos do exterior na Ucrânia. Em 2016, esses trabalhadores enviaram à Ucrânia US$ 7 bilhões em transferências de dinheiro via canais legais - enquanto os investimentos estrangeiros no país somaram menos da metade disso, US$ 3 bilhões (inclusive com empréstimos do FMI).
"A exportação da força de trabalho é o futuro da economia ucraniana. Essas transferências privadas de dinheiro do exterior ajudam a fortalecer a moeda nacional ucraniana”, completa Okhrimenko.
Autorizamos a reprodução de todos os nossos textos sob a condição de que se publique juntamente o link ativo para o original do Russia Beyond.
Assine
a nossa newsletter!
Receba em seu e-mail as principais notícias da Rússia na newsletter: