China anuncia interesse em ações da Rosneft, mas exige papel na gestão

CNPC pode comprar ações da Rosneft avaliadas em cerca de US$ 10 bilhões

CNPC pode comprar ações da Rosneft avaliadas em cerca de US$ 10 bilhões

Reuters
Participação no conselho da Rosneft, exigida por empresa chinesa, pode criar impasse junto ao Kremlin. Governo russo pretende privatizar 19,5% da maior petrolífera estatal.

A China National Petroleum Corporation (CNPC) está interessada em adquirir uma participação na petrolífera estatal russa Rosneft, desde tenha a oportunidade de participar da gestão da empresa, declarou o presidente do conselho da CNPC, Wang Yilin, ao canal de notícias Rossiya 24.

Segundo Yilin, o formato da participação e o intenção de poderes serão refletidas na proposta da Rosneft, a qual o lado chinês “irá estudar com muita atenção”.

Dificuldades anteriores de lidar com os chineses fizeram com que a Rosneft optasse, no passado, pelos parceiros indianos. Em março, por exemplo, a petrolífera russa vendeu uma participação em um grande campo de petróleo na Sibéria Oriental à indiana ONGC.

Disputa pelo controle

O governo russo pretende privatizar a 19,5% da Rosneft até o final de 2016. O valor deste bloco de ações é atualmente estimado em 664 bilhões de rublos (US$ 10 bilhões) na bolsa de valores de Moscou.

“Sem esse acordo, seria impossível implementar o orçamento federal deste ano com um deficit de 3%”, declarou o ministro do Desenvolvimento Econômico russo Aleksêi Uliukaiev, em maio.

A expectativa da pasta é vender toda a participação para um único comprador, e o CNPC poderia se tornar um parceiro estratégico. A empresa chinesa já adquiriu 0,62% das ações da Rosneft, por US$ 500 milhões, durante o IPO da petrolífera no verão de 2006.

“Quando a CNPC fala em participar na gestão da empresa, isso significa que quer representação no conselho administrativo da Rosneft”, diz Robert Novak, pesquisador sênior no MFX Broker, acrescentando que o lado chinês poderia obter dois assentos.

Entre os nove assentos do conselho, dois representam atualmente a British Petroleum (BP), que detém 19,75% das ações da companhia russa. A presença dos representantes da BP é, desde 2013, crucial para avançar as principais questões nas reuniões entre acionistas.

Os coproprietários britânicos ainda não aprovaram a venda de participação na Rosneft a um investidor estratégico nem a participação do investidor no conselho administrativo da petrolífera.

Se o acordo for concretizado e a previsão de Novak estiver correta, a Rússia irá reter a maioria no conselho da empresa. No entanto, acredita-se que o lado chinês esteja planejando obter mais de dois assentos, o que significaria para a Rússia a perda de controle sobre a empresa.

“Se os chineses quisessem uma representação maior, dada à capacidade de investimento, seria necessário assinar um acordo de acionistas separadamente”, explica Aleksêi Kalatchev, analista da empresa de investimentos Finam. “Legalmente é possível”, acrescentou, “mas não se deve esquecer que a Rosneft está na lista especial de empresas estatais estratégicas”.

Semelhanças com Yukos 

Especialistas se perguntam, porém, se o Estado faria com a Rosneft, a maior petrolífera estatal da Rússia, o que antes acusou Mikhail Khodorkóvski de tentar fazer com a agora extinta Yukos.

A situação em torno da Rosneft é, em alguns aspectos, semelhantes aos eventos de 2003, segundo o vice-presidente do IFC Financial Center, Stanislav Verner. “O interessante é que a maior parte dos ativos de produção de petróleo da Rosneft vêm da companhia petrolífera Yukos, cujos ex-proprietários acusam a Rússia de deliberadamente falir a empresa.”

Em 2003, a Yukos estava em negociações para a venda de uma participação a empresas norte-americanas Chevron e ExxonMobil. Porém, o plano de vender ativos de petróleo a um investidor estrangeiro encontrou resistência no Kremlin.

Mais tarde, os proprietários da Yukos foram acusados ​​de crimes fiscais, e a empresa foi liquidada. O principal proprietário da Yukos, Mikhail Khodorkóvski, ficou preso por quase 10 anos.

“Eu não gostaria de comparar o atual acordo com o projeto Yukos”, diz Kalatchev. “Este último teria resultado na criação da maior empresa de petróleo do mundo, enquanto que, com o acordo atual, é apenas uma tentativa de levantar fundos adicionais.”

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