Novo gasoduto rumo à Europa aumenta pressão sobre a Gazprom

Apesar de aprovação, implantação do GTA pode se prolongar

Apesar de aprovação, implantação do GTA pode se prolongar

Alamy/Legion-Media
Com futuro duto ligando ao Azerbaijão, continente europeu busca diversificar fornecedores. Petrolífera russa Gazprom terá que ser flexível para permanecer na concorrência, mas cenário não é negativo, afirmam especialistas.

A Comissão Europeia aprovou o projeto de construção do Gasoduto Trans-Adriático (GTA), que fornecerá gás natural do Azerbaijão ao sul da Itália através de Grécia, Albânia e mar Adriático. O principal objetivo do projeto é reduzir a dependência do sul da Europa dos atuais fornecedores, entre eles a Gazprom, a segunda maior petrolífera russa.

Segundo o diretor de estudos estratégicos do Centro Analítico do Governo da Rússia, Aleksandr Kúdrin, a notícia não pegou a indústria de gás russa de surpresa.

“A Itália é um dos maiores consumidores do produto no continente. A Gazprom terá que se tornar mais flexível e limitar os custos para permanecer competitiva”, avalia Kúdrin.

Entre os acionistas do projeto GTA estão a britânica BP, a azerbaijana GNKAR, a italiana Snam, a belga Fluxys, a espanhola Enagas e a suíça Axpo.

Insuficiência

De um modo geral, os especialistas acreditam que o gás do azerbaijano não será capaz de cobrir sozinho a demanda dos países do sul da Europa.

“O Azerbaijão poderá fornecer 10 bilhões de metros cúbicos de gás, dos quais 8 bilhões serão consumidos pela Itália”, diz o diretor do Instituto Nacional de Energia, Serguêi Pravosudov. Hoje, a Gazprom vende 25 bilhões de metro cúbicos de gás somente à Itália.

Para Pravosudov, uma vez que Líbia e Argélia estão cortando os fornecimentos ao país europeu, o “gás do Azerbaijão poderá substituir os fornecimentos da África, mas não da Rússia”.

Em 2015, a Itália recebeu 24,42 bilhões de metros cúbicos de gás da Gazprom, tornando-se o terceiro maior país consumidor da empresa russa, após Turquia (27,01 bilhões de metros cúbicos) e Alemanha (45,31 bilhões de metros cúbicos).

Atrasos

O diretor do departamento de análise do Fundo Nacional de Segurança Energética, Aleksandr Pásetchnik, alerta ainda para riscos de atraso na construção do GTA.

“Apesar do apoio político ao novo gasoduto, haverá diversos problemas, incluindo financeiros”, prevê Pásetchnik.

“O projeto será realizado com base de investimentos privados, mas os seus acionistas não vão considerá-lo como prioritário devido aos baixos preços de matérias-primas e à crise geral na indústria de petróleo e gás”, diz.

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