Países disputam direito de explorar energia nuclear iraniana

Rússia terminou a obra da usina de Bushehr, que entrou em funcionamento em 2013 e foi considerada "O projeto de 2014" pela "Power Engineering"

Rússia terminou a obra da usina de Bushehr, que entrou em funcionamento em 2013 e foi considerada "O projeto de 2014" pela "Power Engineering"

Reuters
Intensifica-se a competição pelo direito de construir usinas nucleares no país, que teve as sanções econômicas levantadas recentemente. Rússia, Coreia do Sul, China e Espanha participam da corrida para a cooperação com Teerã.

Em janeiro, ONU, EUA e União Europeia levantaram as sanções econômicas impostas contra o Irã. Assim, o Oriente Médio reabriu um de seus maiores mercados, e grandes empresas, inclusive no campo da energia nuclear, já anunciaram planos de regressar.

O porta-voz da Organização de Energia Atômica do Irã, Behrouz Kamalvandi, disse em janeiro que se os países ocidentais garantirem o investimento necessário, o Irã poderá construir em seu território de sete a oito usinas nucleares.

No mesmo mês, o Irã e a Espanha divulgaram estar elaborando um acordo para a construção de duas centrais nucleares.

Jogo múltiplo

Ainda no segundo semestre de 2015, o diretor da Organização de Energia Atômica do Irã anunciou que Pequim e Teerã chegaram a um acordo para a construção de duas usinas nucleares no litoral sul do Irã pelos chineses.

"Hoje, uma série de países assume posição ativa para entrar no mercado nuclear iraniano, sobretudo a Coreia do Sul, que está promovendo mundialmente seu reator Smart [System-integrated Modular Advanced Reactor]", diz Semion Dragúlski, diretor-geral da União Russa da Eficiência Energética.

Mas o próprio Irã parece apostar na cooperação com os cientistas nucleares russos, já que, em 22 de janeiro, o diretor da Organização de Energia Atômica do Irã, Ali Akbar Salehi, declarou à agência de notícias IRNA que a Rússia teria vantagem sobre outros países.

"O bloco energético de referência mais moderno para usinas nucleares, o 'Tri Plus' existe apenas na Rússia, e o Irã necessita de tecnologia avançada imediatamente. O país já perdeu muito tempo por causa das sanções, não pode esperar mais", explica Dragúlski.

Forte no Oriente Médio

Iraque, Egito, Líbia, Síria e Argélia já contam com reatores de pesquisa nuclear construídos ainda durante a União Soviética, entre as décadas de 1960 e 1970. Além disso, muitos dos especialistas nucleares desses países se formaram na URSS.

Em Teerã, a companhia estatal russa de energia nuclear Rosatom finalizou a construção da usina nuclear de Bushehr, iniciada pelos alemães e com capacidade de 1.000 MW, que começou a ser operada em 2013.

Assim, a primeira usina nuclear iraniana foi o projeto de engenharia nuclear mais desafiador da história no setor, já que a Rosatom integrou equipamento russo nas estruturas de fabricação alemã - o que levou à adição de 12 mil toneladas de equipamentos alemão ao projeto russo.

A central nuclear de Bushehr foi classificada como "O Projeto de 2014", pela revista especializada em energia mais antiga do mundo, a Power Engineering, publicada nos Estados Unidos.

"Apesar da enorme pressão que os russos sofriam com sanções, eles conseguiram construir no Irã a usina nuclear mais moderna, cumprindo com todas as obrigações e sem faltar com nenhuma das demandas da comunidade internacional. Após o início das operações usina nuclear de Bushehr, em Teerã, a confiança na Rússia é incondicional", diz o pesquisador nuclear Aleksandr Uvarov.

O crédito russo foi confirmado em 2014, quando o país assinou acordos para construção de oito blocos energéticos, entre eles, dois novos blocos na usina nuclear de Bushehr.

Atualmente, o país negocia os detalhes do projeto e cerca de 50 especialistas russos estão no Irã  preparando o início dos trabalhos desde o início de 2016.

Além disso, a Rosatom se disse pronta a cooperar no país no setor não energético, como radiação de produtos agrícolas e produtos modificados.

"Essas tecnologias têm sido utilizadas com sucesso na Ásia, Europa e Estados Unidos, e podem ser relevantes também para o Irã", diz Uvarov.

Confira outros destaques da Gazeta Russa na nossa página no Facebook

Todos os direitos reservados por Rossiyskaya Gazeta.

Este site utiliza cookies. Clique aqui para saber mais.

Aceitar cookies